Em suma, Eugênio Aragão é mais um porralouca a serviço da
bandidagem. Deu uma entrevista trágica à Folha onde, entre outras barbaridades,
diz que “cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será
trocada”, o que motivou reações do presidente da Associação Nacional dos
Delegados de Polícia Federal e do presidente da Associação Nacional dos
Procuradores da República.
“Isso demonstra duas coisas: revela a
vulnerabilidade da Polícia Federal, que não tem sua autonomia garantida na
Constituição e na lei, e exibe também a pressa em acabar com a maior
investigação de combate ao crime organizado da história do Brasil”. Presidente
da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Miguel Sobral
“O ministro escorregou ou está fazendo um
discurso político ao falar em extorsão. Não há extorsão alguma. Não há delação
premiada sem voluntariedade no Brasil e nem na Lava Jato. O ministro disse que
há uma politização dos agentes de Estado. Com todo respeito, ao falar em
extorsão, quem está tentando politizar a Lava Jato é o ministro da Lava Jato.
Todas as delações foram tomadas com voluntariedade e analisadas por um
Judiciário técnico e livre”. Presidente da Associação Nacional dos
Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti
Eis a entrevista (a maior parte dela):
Fala-se muito de sua ligação
com petistas e que foi escolhido para influenciar na Lava Jato. O sr. vai atuar
para barrar a investigação?
Não, de jeito nenhum. Não tenho essa prerrogativa, essa
competência.
A presidente Dilma fez algum
pedido especial ao senhor?
Não. Ela me conhece e sabe quais são minhas posições. Só
pediu apoio dentro do ministério. Um dos problemas estratégicos é a questão do
vazamento de informações, que alguns dizem que são seletivos. Não podemos
tolerar seletividade. Há uma politização do procedimento judicial, seja por
parte do juiz, seja por parte dos agentes públicos em torno.
O sr. identificou abusos na
Lava Jato em relação à PF?
É difícil divisar no Paraná [onde ocorre a investigação] quem
é quem. O próprio uso da delação premiada tem pressupostos. No Direito alemão,
a colaboração tem de ser voluntária. Se houver dúvida sobre essa
voluntariedade, não vale. Na medida em que decretamos prisão preventiva ou
temporária em relação a suspeitos para que venham a delatar, essa
voluntariedade pode ser colocada em dúvida. Porque estamos em situação muito próxima de extorsão. Não quero nem
falar em tortura. Mas no mínimo é extorsão de declaração. Se a gente tolera que
o grandalhão vai para cadeia enquanto não resolve abrir a boca, então o pequeno
pode ir para o pau de arara.
E o vazamento de delação,
preocupa?
Aí nós temos uma
atitude criminosa, porque quem vaza a delação está querendo criar algum tipo de
ambiente.
Mas esse vazamento pode vir
da própria polícia...
Estou falando de polícia, Ministério Público, do juiz, e
eventualmente do advogado. Mas o advogado tem uma vantagem: não é agente
público. Mas os agentes públicos têm código disciplinar. O Estado não pode agir
como malandro. A minha grande preocupação é com a qualidade ética desses
agentes. Se vaza, é coisa clandestina.
Se vaza, esse agente está querendo atribuir um efeito a esses atos públicos,
que são essas delações.
Mas poderia o ministério
punir algum agente que vazou?
A primeira atitude que tomo é: cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será
trocada, toda. Cheirou. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa
supervisão. Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora,
quero também que, se a equipe disser “não fomos nós”, que me traga claros
elementos de quem vazou porque aí vou ter de conversar com quem de direito. Não
é razoável, com o país num momento de quase conflagração, que os agentes
aproveitem esse momento delicado para colocar gasolina na fogueira.
A sociedade não tem direito
de saber o que ocorreu? Não há interesse público?
Há um conflito entre o interesse público pela informação e a
presunção de inocência. Quando se trata de colocar lado a lado esses dois
valores, prefiro a presunção de inocência.
O presidente Lula disse numa
gravação que o sr. deveria ter “pulso firme”, ser “homem”. Não parece que o sr.
está vindo como pau mandado do Lula?
Não, isso é uma conversa privada dele. As pessoas entre
quatro paredes falam o que querem. Fico até me perguntando qual o interesse
público numa fofoca dessa. Isso para mim se chama fofoca. Não me afeta.
Qual sua ligação com o PT?
Advoguei com o Sigmaringa Seixas [ex-deputado] nos idos de
1983, 84. É uma ligação de família e amizade, de muito tempo. Tenho amizade,com o José Genoino [ex-presidente
do PT, condenado no mensalão, hoje com pena extinta]. É uma pessoa de bem e correta, que por várias razões da vida entrou
nesse processo do mensalão, mas segue de absoluta retidão. Tenho amizade
com gente de outros partidos. Considero-me amigo do deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), promotor de Justiça.
Noticiou-se recentemente que
o sr. é adepto do Santo Daime...
Eu fui. Uma vez que você é, você é. Mas eu não uso mais. Fui praticante, sócio da União do Vegetal,
que é uma instituição séria, que há dois anos recebeu homenagem, pelos seus
50 anos, da Câmara dos Deputados. Fiz parte da diretoria deste centro, que na
sua liturgia faz uso da ayahuasca (chá), mas seu uso passou pelo ministério,
foi autorizado. Nós na União do Vegetal não usamos outro tipo de bebida, as
pessoas não usam álcool. Não estou frequentando há mais de dez anos, por falta
de tempo, e porque me casei, minha mulher é católica, não quer saber disso.
Hoje pratico o catolicismo.
Eu realmente gostaria de saber o que é "praticar o catolicismo". Se não estou enganado, esse praticante do catolicismo é ministro de um governo que é favorável à liberação do aborto.
ResponderExcluirMas para não dizerem que é implicância com o ministro, vou mencionar a prática católica do Papa João Paulo II e da CNBB, que em visita do referido papa ao Brasil, foram convidados para homenageá-lo dois grandes nomes da música brasileira, Roberto Carlos e Fafá de Belém, um divorciado cinco vezes e a outra três vezes (ou o contrário, não lembro).
Resumindo, dois divorciados homenageando o líder maior de uma instituição que proíbe o divórcio, mais um ministro de um governo que apoia a liberação do aborto se apresentando como praticante do catolicismo.
Desculpem a minha falta de capacidade para entender, volto a perguntar: o que é praticar o catolicismo?
Com certeza, Milton, é ser hipócrita o suficiente para tal.
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