Já imaginaram se fosse o Bolsonaro a dizer o que o Jararaca
disse nas conversas telefônicas interceptadas?
“Onde estão as mulheres de grelo duro do nosso partido?”, perguntou
o Jararaca ao ex-ministro Paulo Vannuchi.
A escritora e ativista feminista Daniela Lima frisou o
aspecto regional da fala. “Essa expressão é muito utilizada no Nordeste e é
sinônimo de mulher forte. Se Lula dissesse que um homem é ‘pica grossa’, por
exemplo, não causaria nenhum espanto. Isso reflete o lugar destinado ao corpo
feminino em nossa sociedade e quais são as qualidades impostas a esse corpo, tais
como fragilidade e docilidade.”
O raciocínio de Daniela se estende também para a fala de Lula
com Jaques Wagner sobre Rosa Weber, ministra do STF: “Se homem não tem saco,
quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram?”
Para Daniela, “a coragem, assim como a força, não é uma
característica masculina”. “Dizer que Rosa Weber é corajosa não é, em hipótese
alguma, masculinizá-la. A tentativa de naturalizar características supostamente
femininas faz parte de um perverso esquema de dominação de gênero.”
Ou seja, “pica grossa”, “grelo duro” e “homem sem saco” são expressões corriqueiras e próprias para um diálogo político entre um ex-presidente
e um ex-ministro, mesmo que reduzam as pessoas nominadas como tais a um pênis, um saco escrotal, uma vagina e um clitóris.
E ainda teve a conversa com Dilma sobre como Clara Ant,
diretora do Instituto Lula, que teria recebido a Polícia Federal, que cumpriu
mandado de busca e apreensão em sua residência, em São Paulo, também no dia 4: “Foram
na casa da Clara Ant. A Clara estava dormindo sozinha quando entraram cinco
homens lá dentro. Ela pensou que era um presente de Deus, e era a Polícia
Federal.”
Maíra Liguori, diretora da ONG Think Olga, pergunta: “Por
que uma mulher não pode achar ‘um presente de Deus’ cinco caras entrando no
quarto dela? Se isso representa uma ameaça à vida dela, uma situação de estupro
ou violência,é machista, mas uma mulher ter fantasia, pensar em sexo, falar em
sexo, isso deveria ser normal. Machista é quem vê machismo nessa fala.”
Sei não, mas achar que cinco homens perderiam seu tempo com Clara Ant é licença poética demais... |
A própria Clara Ant se manifestou publicamente, em sua
página no Facebook, após a repercussão da fala de Lula a seu respeito, agradecendo
às “pessoas que de boa-fé se perfilaram” em sua defesa, mas observa que “isso
não é necessário”, pois, em décadas de convívio, Lula nunca lhe “faltou ao
respeito.” E ainda emendou: “O compromisso de Lula com as reivindicações das
mulheres, cujo símbolo maior é a sanção da Lei Maria da Penha e demais
instrumentos criados em decorrência dela, como o disque 180, central de
atendimento à mulher. Será que não estão apenas aproveitando a oportunidade
para criticar Lula?”.
Clara está certa. Lula sempre teve compromissos com as
mulheres. Desde que era líder sindical, quando não apenas uma ou duas vezes foi
a “palestras” com “movimentos sociais” e, frequentemente bêbado, não fazia nada
além de ficar de olho nas mulheres da plateia para depois sair para um “compromisso”
com elas. Pergunte ao Ziraldo, que o acompanhou várias vezes. Aliás, foi assim
mesmo que ele “ganhou” Marisa Leticia (“vou pegar essa galega...”), revelado
por ele mesmo.
Sei não, mas acho que essas todas, as “feministas do Lula”,
precisam mesmo é de uma rola, um pingo de caráter e muita vergonha nas fuças.
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