Nunca houve um fim de verão como este. Na chegada das águas
de março, assiste-se à perplexidade da elite política brasileira com o inédito
e incômodo desafio de provar sua inocência.
Neste 2 de março estão sob investigação em tribunais e
delegacias de polícia: a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer; três
ex-presidentes da República (Lula, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor
de Mello); os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo
Cunha, e mais 25% dos senadores e deputados federais.
As acusações têm natureza diversa. Assim, não é recomendável
comparar os casos de Dilma e Collor, nem o de Lula e Fernando Henrique. Em
telas de Botticelli ou Dalí, por exemplo, eles habitariam diferentes círculos,
vales e esferas do inferno – da luxúria à fraude, no caos ordenado e
bem-humorado de Dante Alighieri em “Divina comédia”.
Em Brasília, hoje, o Supremo Tribunal Federal começa a
decidir se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, será processado por corrupção
e lavagem de dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras, a maior entre
companhias estatais e de capital aberto no país.
A tendência é Cunha virar réu e, nesse caso, o Supremo
precisará decidir sobre o seu afastamento da presidência da Câmara. Ele é o
primeiro na linha de sucessão presidencial, depois do vice-presidente Michel
Temer. Se o STF afastar Cunha, haverá eleição imediata do substituto na Câmara,
porque “a República não pode ficar banguela na linha sucessória”, lembra o
deputado Miro Teixeira (Rede-RJ).
Também hoje abre-se uma etapa decisiva em Curitiba, 1.400
quilômetros ao sul do Planalto. O juiz federal Sérgio Moro começa a escrever a
sentença sobre o caso de Marcelo Odebrecht, acionista e ex-presidente, e de
diretores do Grupo Odebrecht, líder entre as empreiteiras de obras públicas.
São acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de
campanhas eleitorais para obter R$ 7 bilhões em contratos com a Petrobras.
No próximo dia 17, completam-se dois anos de investigação
sobre as estranhas transações desse condomínio de poder, que partilhava o
Orçamento da União, planos de investimentos das empresas estatais e acesso
privilegiado às reservas financeiras líquidas dos fundos de pensão e bancos
públicos, como o BNDES.
O inquérito levou, até agora, 179 pessoas ao banco dos réus.
Dissolveu uma era de delírios político-empresariais. E lançou no limbo uma
presidente recém-reeleita. Hoje ela anuncia o centésimo ministro em cinco anos.
Na melhor hipótese, seu governo deve atravessar o próximo triênio arrastando
correntes entre o Palácio da Alvorada e a Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Ironia da história: as 84 sentenças já proferidas, cujas
penas somam 825 anos de prisão, foram escritas numa corte da outrora Nossa
Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, vilarejo formado à volta de um
pelourinho plantado três séculos e meio atrás pelo sertanista Gabriel de Lara.
Era o símbolo de sua autoridade na defesa dos interesses do Erário português
sobre a lavra de ouro.
No que se refere (comi diria a Dilma)ao FHC, eu estou em dúvida se ele está sendo acusado de ter UMA amante, ou de ter APENAS UMA. E o Sarney, não tem nada para investigar?
ResponderExcluirTerminou a tinta da minha impressora HP, fiz a recarga do cartucho e... BINGO!!! Descobri que as novas impressora HP tem controle da quantidade de uso do cartucho.
ResponderExcluirA HP, gentilmente, informa o seu cliente que não se responsabiliza pela qualidade da impressão quando a tinta não é original da HP. Novamente BINGO! Descobri que a impressora simplesmente imprime algumas linhas pela metade, no sentido da altura.
Então agora eu estou convencido que a culpa é da tinta e não da desonestidade da HP.