quinta-feira, 10 de março de 2016

Preparem o Plasil na veia: Verissimo em mais uma defesa do indefensável

Luis Fernando Verissimo: A intenção do carnaval

“Ninguém está acima da lei” foi o refrão que acompanhou a ida do Lula, à força, para depor na semana passada. Perfeito. Numa república democrática, ninguém deve se considerar acima da lei, nem ex-presidentes. Mas faltou um adendo: “Nem juízes”.

A condução coercitiva determinada pelo Moro foi, mais do que um circo desnecessário, uma ilegalidade. Pela lei, a condução coercitiva é usada quando uma intimação não é atendida. Não foi o caso do Lula, que já tinha deposto três vezes sem necessidade da força. Se uma ação policial é descabida e fora da lei e, mesmo assim, é realizada, e com estardalhaço, resta especular sobre o que motivou a ação e o estardalhaço. Foi só para humilhar o Lula? Foi uma deliberada demonstração de força, tão compulsiva que se fez mesmo em desafio à sua evidente ilegalidade e sua previsível repercussão?

É difícil acreditar que a Polícia Federal não tivesse outro canto de São Paulo para ouvir o Lula a não ser o Aeroporto de Congonhas, com sua implícita pequena distância, de avião, de Curitiba e da prisão, se a polícia assim quisesse. E, no fim, ainda tivemos a espantosa declaração do Moro de que o método e o local do depoimento do Lula tinham sido escolhidos para proteger o ex-presidente.

Ninguém está imune a ela, de acordo, mas a biografia de alguém deveria valer alguma coisa ao se avaliar sua posição, acima ou abaixo da lei. Para ficar só nos ex-presidentes: o Fernando Henrique Cardoso, pelo seu histórico de intelectual engajado e homem público - não importa o que você pensa do governo dele -, não merece ver sua vida privada transformada numa novela das nove e ter que dar explicações sobre um assunto que é só da conta dele e da família dele. Da mesma forma, o Lula, pela sua história, pelo que ele representa, deveria ter outras considerações além da pequena regalia de não precisar usar algemas. Ou talvez a intenção do carnaval fosse essa mesma, a de mostrar para quem o idolatra que, só porque foi presidente, tem adega com vinhos caros e pedalinhos pras crianças, ele continua um torneiro mecânico iletrado sem direito a rapapés.

Quer saber de uma coisa, Verissimo? Enchi o saco! Cansei de argumentar sobre opiniões de gente sem caráter!

Lula “continua um torneiro mecânico iletrado sem direito a rapapés”, sim! Uma jararaca peçonhenta para quem todo castigo - incluindo submetê-lo a vexames - será pouco!

E vá esfregar esse rabo gordo nas ostras!


2 comentários:

  1. (argento) ... pergunta ao Veríssimo: "A Lei (e a polícia) não visa a proteção de Todos?"

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  2. Eu poderia citar um três juízes e uns três procuradores que deveriam mesmo é estar na cadeia, posso até apresentar as provas que os incriminam, mas como o Brasil vive em regime de autoritarismo, eles continuaram “autoridades”. Mas consigo encontrar nenhum abuso ou qualquer outro motivo para dizer que o Juiz Sérgio Moro esteva se colocando acima da Lei, muito pelo contrário.

    Sobre a condução coercitiva do Lula, é um procedimento que já foi realizado mais de uma centena de vezes na Operação Lava Jato, só apareceram imbecis para reclamar quando aconteceu com o Lula. Não sou jurista, mas vou tentar explicar aos imbecis (que são juristas e estão reclamando, não ao Veríssimo):

    O Lula foi testemunha de uma ação da polícia federal, não poderia ser intimado para ser testemunha de algo que iria acontecer, é como testemunhar um acidente, a testemunha pode ser lavada à delegacia naquele momento, mesmo contra sua vontade. O Lula tem ligação direta com os objetos da busca e apreensão, mas não a Marisa, por isso um foi depor e outro não. Se o Lula não estivesse em casa a condução coercitiva perderia o efeito, ele teria que ser intimado.

    Mas eu gostei da parte que reclama do lugar onde o Lula foi levado para depor, próximo ao avião que o levaria à Curitiba. Até aonde eu sei ele foi levado para o salão presidencial do aeroporto. Neste ponto eu concordo com o Veríssimo, ele deveria ter sido levado para uma delegacia comum, como qualquer outro cidadão seria. Mas tenho a leve impressão que não foi isso que Veríssimo quis dizer.

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