Vai um pastelzinho de merda?

Os primeiros resultados dos laudos sobre salgados recolhidos em pastelarias do Rio, denunciadas por irregularidades numa série de reportagens do GLOBO, inclusive trabalho escravo e uso de carne de cães como recheio, revelam que os estabelecimentos vistoriados têm péssimas práticas de higiene. Mais de 50% das amostras recolhidas — ao todo foram 103 produtos usados nas análises — estavam contaminadas. Entre as bactérias detectadas, os exames chamaram a atenção para a presença de grande quantidade de Escherichia coli, indicativa de contaminação por fezes humanas.

Quando eu “era arquiteto”, trabalhei por três anos em manutenção e reformas de uma rede de restaurantes e casas noturnas e posso dizer de cadeira que quem visitasse as cozinhas de 90% dos restaurantes do Rio nunca mais voltaria neles. E olha que eram casas “chiques”, consideradas padrões em culinária. Só para se ter uma ideia, em duas delas as cozinhas eram no subsolo e as respectivas caixas de passagem de esgoto dos prédios em que se localizavam ficavam exatamente lá! Quando havia algum problema, um entupimento, por exemplo, a coisa era resolvida sem que se tomasse o menor cuidado em proteger os alimentos ou interromper as atividades do restaurante.

Isso, sem contar que a temperatura na cozinha de um deles, que chegou a ser considerado como o melhor restaurante da cidade, beirava os 45º centígrados no verão, com os cozinheiros esguichando seus suores nos pratos a serem servidos. Uma calamidade.

Mas isso foi há uns 35 anos. Hoje, sem dúvida, a coisa deve ter piorado bastante...