segunda-feira, 6 de abril de 2015

Brasil e uma revolução inviável

Eurico Borba é escritor, foi presidente do IBGE entre 1992 e 1993, coordenador adjunto da campanha presidencial do candidato Mário Covas (1989) e, em 1994, participou da equipe de estudos e planejamento da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso.

Em seu artigo em O Globo de sábado - “Uma proposta para a crise” - ele sonha alto e propõe uma revolução inviável, mas que não deixa de ser uma boa ideia.
 
A situação do país é de caos político, com a paralisação da economia e o progressivo mal-estar coletivo pela vergonha do povo com a situação. Uma verdadeira guerra civil começa a se conformar no horizonte da pátria. Pela falta de orientação governamental, bem como pelo distanciamento da prática política dos ideais éticos, difusos, mas presentes na absoluta maioria da sociedade brasileira, o confronto entre as expectativas honestas do povo e a imoralidade majoritária dos políticos passa a ser uma possibilidade a ser considerada. Se a esta conjuntura somarmos a bandidagem nas ruas e o tráfico de drogas detentor da soberania sobre porções do território nacional, então não restam dúvidas de que o Brasil, em breve, poderá vivenciar o trágico embate físico entre uma população digna e um bando de assaltantes de sonhos, de bens públicos, da tranquilidade social.

Não há mais tempo para discussões. O óbvio salta aos olhos. O povo não quer dialogar com tais interlocutores: exige que eles saiam, desapareçam. Chega. É isto que as ruas estão dizendo.

É preciso que cidadãos e cidadãs responsáveis façam alguma coisa já. Os sinais de esgotamento da paciência do povo foram dados dia 15 de março. Aconteceu por natural e espontânea manifestação da cidadania, sem partidos a fazer convocações, sem líderes políticos a se manifestarem. Agora dia 12 de abril outros milhões vão cobrar que providências concretas foram tomadas (já se sabe que nada foi feito...).

Proponho, para debate e decisão da cidadania mobilizada:

- movidos pela dignidade que ainda lhes resta e pelo medo das multidões que os cercam, os políticos votem o que constitucionalmente se fizer necessário, imediatamente, para a extinção de todos os atuais partidos, determinando que, no prazo de seis meses, novas agremiações se apresentem ao Supremo Tribunal Federal (STF), com claros programas e definições ideológicas, além de um mínimo de cinco milhões de assinaturas de eleitores distribuídos em pelo menos três regiões fisiográficas e dez estados da federação;

- proclamem a revogação dos mandatos dos senadores e deputados (não há como preservar os poucos bons existentes - eles serão reeleitos) e a destituição do presidente e vice-presidente da República, convocando novas eleições para, em nove meses, com poderes constituintes, eleger um novo Congresso Nacional e novos nomes para a chefia do Poder Executivo;

- assegurem, nestas providências, que o financiamento das novas eleições seja feito, exclusivamente, com recursos públicos e as coligações partidárias proibidas, devendo ser eleitos os candidatos mais votados em cada unidade da federação, segundo o numero previsto para cada uma;

- garantam todos os recursos necessários para que o STF possa governar o país, excepcionalmente, legislando apenas em matérias urgentes e absolutamente necessárias à continuidade administrativa e à normalidade da vida nacional, até que o novo Congresso seja eleito e o novo presidente da República, empossado.

É uma revolução. A revolução que o Brasil necessita para sobreviver digno, democrático, justo e pacífico. Vamos refundar a República. As soluções para inflação, desemprego, desenvolvimento, segurança publica, saúde, educação, paz e tranquilidade social surgirão, com mais facilidade e competência, nesse novo ambiente solidário e honesto.

É muito difícil conseguir o que se propõe - mas não é impossível nem utópico. O atual sistema político perdeu a credibilidade e está esgotado - não poderá oferecer soluções para a crise que enfrentamos.

O povo mobilizado (esta situação de mobilização não irá perdurar por muito tempo) saberá verificar, comunicando-se intensamente, quais os candidatos que deverão ser eleitos e quais os partidos merecerão a confiança da sociedade. A oportunidade que será criada, para a eleição de bons cidadãos e cidadãs, será muito grande.

É o momento histórico de reerguemos o nosso querido Brasil.

2 comentários:

  1. Quem foi que soltou esse cara da camisa de força?

    1) Extinguir os partidos e fundar novamente, com cinco milhões de assinaturas cada partido, num prazo de seis meses... será moleza se ele próprio conferir as assinaturas, digamos que em uma semana ele consgue fazer trabalhando apenas meio expediente.

    2) Proclamar a revogação dos mandatos dos Senadores e Deputados é o mais elevado grau possível da poesia. No mundo real escreve-se FECHAR O CONGRESSO. Destituir presidente e vice é muito bacana, mas ele esqueceu de dizer quem tem o direito legal para destituí-los, se é o Congresso, então tem que avisar os Senadores e Deputados para fazer antes de revogarem seus mandatos. Convocar novas eleições é o sonho dos brasileiros, mas “o cara” esqueceu de dizer se quem deve convocar as eleições é o presidente destituído ou o Congresso Fechado.

    3) Assegurar o financiamento das novas eleições é muito importante, principalmente porque tem dinheiro público sobrando e ninguém sabe o que fazer com ele. Mais importante é que os candidatos sejam eleitos segundo o número previsto em cada unidade da federação, isso evitará que elejam em Sergipe o número previsto para São Paulo. Mas não devem esquecer de avisar o presidente de assegurar os recursos no orçamento antes de ser destituído e avisar o Congresso para aprovar o orçamento antes de fechar.

    4) Garantir todos os recursos necessários para que o STF possa governar o país é sem dúvida a maior prioridade, faltou apenas dizer quem vai garantir, se o presidente destituído ou o congresso fechado. Mas o importante é que “o cara” encontrou a solução para o Brasil: substituir Dilma e Temer por Lewandowski e Tóffoli. O Brasil iniciará uma nova era na história da humanidade, será governado por um tribunal.


    A crise é gravíssima e não é apenas política, é institucional, os três poderes estão corrompidos. Se “o cara” tentasse se informar, descobriria que o que ele deseja é uma Intervenção Militar Constitucional, essa é a única maneira de destituir o presidente, fechar o congresso e o STF.

    Eu sou a favor da Intervenção Militar Constitucional e duvido que os militares sejam tão burros como “o cara”, saberão reconstruir a república muito melhor do que foi proposto neste artigo idiota onde a única coisa que fez sentido foi a proibição das coligações.

    ResponderExcluir
  2. (argento) ... Vamos refundar a República! - vamos quem, cara pálida? e, povo nunca se (auto) mobiliza, é mobilizado; mais, quando mobilizado, Sempre o é por "causas" que, diferente do discurso sempre de cunho político, nunca são Suas causas, ao contrário, a maioria dessas "causas", prova-se pela prática, Lhe são antagônicas.

    ... perguntei, como foi paga a dívida com o FMI; o fato é que recebeu, caso contrário estaria "atrapalhando o guverno", impondo "isto ou aquilo" ... Fôdam-se, braZileiros, com o COMO!!! ...

    ResponderExcluir