PELA DESORDEM - JOSÉ ROBERTO GUZZO
Está sendo executado já há algum tempo no Brasil, de forma
cada vez mais agressiva, um conjunto de ações que têm tido um efeito prático
muito claro: tumultuar, desmoralizar e, no fim das contas, sabotar as eleições
para escolher o novo presidente da República. O cidadão é alarmado, de cinco em
cinco minutos, por bulas de advertência que afirmam que a eleição, a democracia
e a Constituição estão sendo ameaçadas. Mas, por trás das notas oficiais e das
outras mentiras prontas que são normalmente utilizadas para enganar o
brasileiro comum, quem está realmente querendo destruir as eleições de outubro?
Uma coisa é certa, segundo se pode verificar pelos fatos à vista do público:
não são os generais do Exército, sejam eles da reserva ou da ativa, ou os
oficiais de quaisquer das três Armas. A turma que quer virar a mesa, hoje, está
exatamente do outro lado. Eles gritam “cuidado com o golpe”, com a “pregação do
ódio”, com o “discurso totalitário” etc. etc. Mas parecem cada vez mais com o
batedor de carteira que, para disfarçar o que fez, sai gritando “pega ladrão”.
É impossível cometer uma violência tão espetacular numa
campanha eleitoral quanto a tentativa de assassinato praticada contra o
candidato Jair Bolsonaro - mais que isso, só matando. O homem perdeu quase
metade do sangue do próprio corpo. A faca do criminoso rasgou seus intestinos,
o cólon, artérias vitais. Bolsonaro sofreu cirurgia extensa, demorada e
altamente arriscada, e passará por outras. Só está vivo por um capricho da
fortuna. Foi posto para fora da campanha eleitoral justo no momento mais
decisivo. Poderia haver alguma agressão maior ou pior do que essa contra um
candidato? É claro que não. O fato é que a tentativa de homicídio, cometida por
um cidadão que foi militante durante sete anos da extrema esquerda, como membro
do PSOL, desarrumou todo o programa contra a boa ordem da eleição presidencial.
O roteiro, desde sempre, prevê que a esquerda fique no papel de vítima e Lula
no de mártir, “proibido” de se candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o
contrário: a vítima acabou sendo justamente quem estava escalado para o papel
de carrasco.
A opção da esquerda para enfrentar a nova realidade parece
estar sendo “dobrar a meta”. Nada representa com tanta clareza essa
radicalização quanto o esforço para fazer com que as pessoas acreditem que a
tentativa de matar Bolsonaro foi apenas um incidente de campanha, “um atentado
a mais”, coisa de um doidão que podia fazer o mesmo com “qualquer um” - na
verdade uma coisa até natural, diante da “pregação da violência” na campanha.
Ninguém foi tão longe nessa trilha quanto a responsável por uma “Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão”, repartição pública que você sustenta na
Procuradoria-Geral da República. Depois de demorar quatro dias inteiros para
abrir a boca sobre o crime, a procuradora Deborah Duprat soltou uma nota
encampando a história de que houve “mais um ataque”. E quais foram os outros?
Segundo a procuradora, o “tiro” que teria sido disparado meses atrás na lataria
inferior de um ônibus no qual Lula circulava tentando fazer campanha no Paraná,
escorraçado de um lado para outro pelos paranaenses.
Que tiro foi esse? Tudo o que se tem até agora a respeito,
em termos de provas materiais, é um buraco na carroceria do ônibus - não há
arma, não há autor, não há testemunha, não há nada. Mas a procuradora acha que
isso é a mesma coisa que a agressão que quase matou Jair Bolsonaro. Acha também
que a história se “conecta” com o assassinato da vereadora carioca Marielle
Franco - vítima, possivelmente, de um acerto de contas entre criminosos. Enfim,
joga a culpa da facada no próprio Bolsonaro, por elogiar “o passado ditatorial”
do Brasil e ser contra as “políticas de direitos humanos”. Não chega nem a ser
uma boa mentira - é apenas má fé, como a “ordem da ONU” para o Brasil deixar
Lula ser candidato, ressuscitada mais uma vez. Se há um país que está em dia
com as suas obrigações junto à ONU, esse país é o Brasil. Acaba de cumprir,
entre 2004 e 2017, treze anos de missão de paz no Haiti, em que participaram 38
000 militares brasileiros - dos quais 25 morreram. Seu desempenho foi aplaudido
como exemplar; não houve um único caso de violência ou desrespeito aos direitos
humanos de ninguém, do começo ao fim da operação. Mas o Complexo
Lula-PT-esquerda prega que o Brasil é um país “fora da lei” internacional, por
não obedecer a dois consultores de um comitê da ONU que decidiram anular a Lei
da Ficha Limpa. Estão, realmente, apostando tudo na desordem.
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