Jacques Derrida |
Bill Crouse
I. Introdução
A. O desconstrucionismo é um movimento pós-moderno poderoso,
actualmente em voga nas universidades de maior expressão académica e junto da
elite intelectual, e a sua influência permeia todas as áreas da nossa cultura.
Este movimento deu origem ao tribalismo, ao politicamente correcto, à
reconstrução da imagem, ao multiculturalismo e à guerra cultural, e tornou-se
num martelo com o qual destruir os valores tradicionais.
B. O Pano de Fundo do Desconstrucionismo. De forma a que se
possa entender o contexto do Desconstrucionismo, é importante seguir o
desenvolvimento do pensamento intelectual da cultura Ocidental. É importante
entender dois termos: o modernismo e o pós-modernismo. Ambos são termos com um
entendimento bem amplo.
1. Definição do Modernismo: O Modernismo é outra palavra
para o humanismo iluminista. O pensador evangélico Thomas Oden afirma que este
período teve início com a queda da Bastilha em 1789 (Revolução Francesa), e
terminou com o colapso do comunismo e a queda do muro de Berlim em 1989.
Este foi um período que afirmou a existência e a
possibilidade de conhecer a verdade com base apenas na razão humana. E devido a
isto, e num acto simbólico, a deusa Razão foi instalada na Catedral de Notre
Dame, na França; a Razão tomou o lugar de Deus; o naturalismo substituiu o
sobrenatural. O Modernismo afirmou a descoberta científica, a autonomia humana,
o progresso linear, a verdade absoluta (ou a possibilidade de a conhecer), o
planeamento racional da ordem social (isto é, socialismo). Este movimento
começou com grande optimismo.
2. Definição do Pós-Modernismo: O Pós-modernismo é, de certa
forma, uma reacção contra o Modernismo que tem estado em preparação desde o final
do século 19.
Dentro do pós-modernismo o intelecto é substituído pela
vontade, a razão pelas emoções, e a moralidade pelo relativismo. A realidade
nada mais é que uma construção social; a verdade é igual ao poder. A tua
identidade vem dum grupo.
O Pós-modernismo caracteriza-se pela fragmentação,
indeterminação, e aversão às estruturas de poder universalizantes. É uma visão
do mundo que rejeita todas as visões do mundo (“histórias”). De modo resumido,
o Pós-modernismo defende que não existe verdades universais válidas para todas
as pessoas. Em vez disso, os indivíduos encontram-se presos à perspectiva
limitada da sua raça, sexo, ou grupo étnico. Isto é algo proveniente de
Nietzsche em toda a sua força.
II. Definindo o Desconstrucionismo
(Nota: Os desconstrucionistas resistem a todas as tentativas
de definição classificando-as de “tirânicas”, mas eles são inconsistentes visto
que os seus livros nada mais são que definições extensas dos seus métodos. De
facto, pode-se acusar os desconstrucionistas de só definirem as coisas!)
A. O Desconstrucionismo é uma forma de ler um texto,
originalmente um método de crítica literária e só aplicada a textos literários.
No entanto, hoje os desconstrucionistas dizem que toda a existência é um livro
a ser interpretado, quer em forma de poema, história, valores familiares,
governos, religião, ciência, escada corporativa ou arquitectura. O ênfase desta
foram de leitura nunca é para aprender o significado intencionado pelo autor,
mas sim a interpretação subjectiva do leitor.
B. “Os desconstrucionistas alegam que toda a escrita é
reduzível a uma sequência arbitrária de sinais linguísticos ou palavras cujos
significados não têm qualquer relação com a intenção do autor ou com o mundo
fora do texto.” NEWSWEEK, 6/22/81
C. “A abordagem desconstrutiva a um “texto” - que tanto pode
ser uma série de televisão ou um sinal rodoviário tão facilmente como pode ser
um poema épico - é a de o desmantelar, tomando especial atenção às suas
pressuposições elitistas, anti-feministas e pouco chiques. O projecto é informado
pela filosofia segundo a qual o mundo se encontra indefinido até que alguém -
temporariamente e só segundo um estilo - o torna definido ao usar palavras para
o descrever. Uma vez que (alegadamente) as palavras estão sempre a alterar de
significado, nenhuma interpretação dessas palavras é mais correcta que qualquer
outra. A função do criticismo é, portanto, expor a sua contradição inerente na
própria ideia do “significado” ou veracidade dum texto.” THE ECONOMIST,
5/18/91, p. 95.
III. As Origens do Desconstrucionismo - As Suas Raízes
Filosóficas
As origens do Desconstrucionismo remontam a alguns
intelectuais franceses depois da 2ª Grande Guerra. O mais notável proponente e
pai do movimento foi Jacques Derrida. O Desconstrucionismo era originalmente uma
forma de crítica literária (como já mencionado previamente) mas rapidamente
começou a ter outras aplicações.
Ela emergiu do meio filosófico que incluía, antes de tudo, o
existencialismo, (...), o Romantismo, a filosofia de Kant, a psicanálise de
Freud, o fascismo (eles gostariam de negar isto), a fenomenologia e o
pragmatismo.
IV. Os Principais Pilares do Desconstrucionismo
A. A natureza da realidade: A realidade objectiva não pode
ser conhecida. O transcendental não existe. O universo é um sistema fechado. A
realidade é inteiramente subjectiva. Os grupos e a sua linguagem criam a sua
própria realidade até que ela é substituída por um grupo mas poderoso. (Vemos
aqui a influência de Kant, isto é, o fenómeno da vida nunca pode ser conhecido
tal como ele é, mas é sempre interpretado segundo as categorias inatas do
conhecedor.)
B. A possibilidade de conhecimento: Os desconstrucionistas
são cépticos. Todo o conhecimento que temos não é directo mas indirecto. O
mundo chega até nós através da linguagem e só através da linguagem, que por sua
vez é uma construção social. Uma declaração é verdadeira se ela dá poder a um
indivíduo ou a um grupo. Aqui nota-se a influência do pragmatismo.
C. A natureza do homem: A identidade individual é um mito. O
homem só adquire a sua identidade através do seu grupo ou da sua cultura.
Quando o indivíduo está descontente, ele tem o direito de criar o seu próprio
significado. Neste ponto, os desconstrucionistas diferem dos existencialistas
anteriores onde o individual é supremo. Os desconstrucionistas são semelhantes
aos fascistas, neste ponto.
D. Tomada de Decisões Morais: Os desconstrucionistas ficam
profundamente ofendidos com aquilo que eles chamam de “totalização”. Com este
termo, eles referem-se aos valores universais que são verdadeiros para todas as
culturas e para todas as eras. Para os desconstrucionistas, o “verdadeiro” é o
que um grupo decide ser a verdade para um dado momento. O verdadeiro emerge do
poder adquirido.
Segundo os desconstrucionistas, só os mais fortes sobrevivem.
Aqueles que podem lidar com a ausência dum propósito e podem criar a sua
própria realidade contra todo o peso de toda a tradição Ocidental, provam o seu
direito de existir. As leis e as tradições sociais provam o seu direito de
existir. As leis e as convenções sociais nada mais são que máscaras para o
poder. Julgamentos de valor [moral] são exercícios de poder.
E. A natureza da linguagem: A linguagem é um sistema
construído sobre os fundamentos de símbolos arbitrários. Isto é, os textos são
uma colecção de palavras e imagens (“significantes”) que não têm qualquer
significado inerente ou conexão com o mundo objectivo (“significado”). Uma vez
que a linguagem é um meio de comunicação, e visto que os construtores da
linguagem são instáveis, a interpretação é também incerta. Logo, o ênfase está
sempre naquele que recebe a mensagem - isto é, o leitor ou o interpretador.
Mais ainda, uma vez que o significado (“significados”) deriva do contexto
social de cada um, o significado fundamental nasce do contexto social de cada
um. A língua só pode transmitir preconceitos culturais.
V. O Método do Desconstrucionismo
A. Desconstruir um texto é semelhante a desmantelar uma casa
para ver quais foram os erros de construção que foram feitos. Quando um leitor
desconstrói um texto, ele está a examiná-lo em busca do preconceito e da
parcialidade que o autor pode ter usado com o propósito de controlar os outros.
Por exemplo, uma leitura desconstrucionista da Declaração de Independência
ressalvaria que a frase “todos os homens foram criados iguais” exclui as
mulheres, e ao mesmo tempo que fala de liberdade, o mesmo foi escrito por um
homem branco dono de escravos. O sexismo e a escravatura contradizem a retórica
da liberdade.
Os desconstrucionistas buscam por decepções ou más intenções
que, de modo consciente ou inconsciente (o elemento Freudiano), motivam um
autor, artista ou político particular. Note-se que o que está ausente do texto
(sexo ou grupo étnico) pode ser levado em elevado consideração na interpretação
desconstrucionista dum texto. Eles chamam a isso “a presença da ausência”.
B. O crítico pós-modernista Thomas Oden ressalva:
O desconstrucionimsmo . . está sempre a fazer as perguntas
cépticas em relação ao texto, perguntando que auto-decepções ou más intenções
podem de modo inconsciente motivar uma conceptualidade particular.(Thomas Oden.
TWO WORLD: NOTES ON THE DEATH
OF MODERNITY IN AMERICA AND RUSSIA, p.79.).
C. O objectivo do Desconstrucionismo, portanto, é o de
descobrir as contradições, mostrar as intenções ocultas e os significados
suprimidos que pertencem a um texto, quer seja uma obra literária ou uma instituição
social. Visto que o significado oficial é determinado por aqueles que estão no “poder”,
os críticos pós-modernistas “desconstroem” esses significados como forma de
descobrirem o que é que está oculto ou o que é que foi suprimido no texto, e,
desde logo, desacreditando o establishment que se encontra por trás do texto e
obtendo o “direito” de derrubar a sua autoridade.
D. O propósito final de uma interpretação é construir um
significado que justifica a experiência pessoal ou a experiência desse grupo.
Por exemplo, um historiador revisionista poderá escrever a história da
descoberta do Novo Mundo por parte de Colombo de uma forma que beneficiará
aqueles que foram oprimidos pelos Europeus Brancos. Da mesma forma que temos “spin
doctors” na política e nos média, também temos “spin scholarship.”.
VI. A Influência do Desconstrucionismo
A influência do Desconstrucionismo nos EUA tem sido
omnipresente. Ela pode ser encontrada nos filmes, nos vídeos de música rock,
nos livros escolares de história, nas campanhas políticas, na teologia e nos
assuntos religiosos, nas artes de representação, nos anúncios publicitários,
nos estudos étnicos ou estudos sexuais, e especialmente na crítica literária
onde ela surgiu. Eis aqui alguns exemplos:
A. Um desenho animado recente “desconstrói” a história de
Pocahontas. O desenho animado artístico exibe ela a apaixonar-se pelo colono
John Smith, a quem ela converte para a adoração de Gaia (Terra). Na verdade,
ela nunca esteve romanticamente envolvida com John Smith; ela converteu-se ao
Cristianismo, casou-se com John Wolfe e viveu o resto dos seus dias na
Inglaterra.
B. Teologia Feminista. É a tentativa de reconstruir a
história da salvação tal como revelada no Cristianismo em termos feministas.
Outras tentativas de reconstrução são os Muçulmanos Negros com a sua “desconstrução”
peculiar do islão.
C. Traduções inclusivas das Escrituras e a rescrição de
hinos Cristãos antigos. O texto original é “desconstruído” de modo a que esteja
de acordo com as sensibilidades étnicas e sensibilidades de grupo modernas.
D. Os livros escolares de História das escolas primárias.
Num recente livro escolar sobre a história dos EUA George Washington mal recebe
algum tipo de menção. Quando o autor foi questionado sobre a sua omissão num
também recente programa televisivo, ele respondeu: “Ele era um dono de
escravos, aristocrata e branco.”
E. Ciência. A influência do pensamento desconstrucionista
junto do establishment científico está a causar um alarme de proporções
consideráveis. Os deconstrucionistas alegam que os cientistas mais não são que
a elite sacerdotal do establishment que produz melhor tecnologia para a
opressão. Para um excelente estudo da influência que o Desconstrucionismo tem
na ciência, ver: “HIGHER SUPERSTITION: THE ACADEMIC LEFT AND ITS QUARRELS WITH
SCIENCE” (por Paul R. Gross and Norman Levitt).
VII. Uma Crítica ao Desconstrucionismo
(Nota: O Desconstrucionismo pode parecer fácil de ser
refutado para nós Cristãos visto que o mesmo está claramente contra o
pensamento lógico. Isto é verdade, mas temos que nos lembrar que para os
Desconstrucionistas, a controvérsia é primordialmente emocional. Os Cristãos
são o pior pesadelo dos Desconstrucionistas visto que eles [os Cristãos]
insistem na existem da Palavra Transcendental e na posição de que a realidade é
inteligível.)
Os desconstrucionistas são relativistas mas os relativistas
confessos não podem ser relativistas consistentes. Se a verdade não existe, o
que é que nos impede de desconstruir o Desconstrucionismo? Se “nada é verdade”,
como eles defendem, porque é que deveríamos acreditar nessa proposição? Porque
é que deveríamos associar alguma tipo de valor aos seus escritos? Por exemplo,
os desconstrucionistas frequentemente lançam ofensivas contra o cânone
ocidental (os grandes clássicos), mas depois viram o argumento e colocam no seu
lugar os seus próprios “clássicos” e os seus “cânones”. Uma professora rejeita
os escritos de Shakespeare porque ele era “demasiado heterossexual”, mas depois
ela recomenda aos alunos a sua selecção de livros de estudo!
A moralidade é o calcanhar de Aquiles do Desconstrucionismo
e o melhor que eles fariam era permanecer em silêncio; mas eles não permanecem
em silêncio. Elas falam de um modo bem vocal sobre a opressão como se isso
fosse um mal enorme. Segundo os seus próprios escritos, afirmar que algo está
certo para outra pessoa ou para outro grupo seria “logocêntrico”.
Os desconstrucionistas têm razão quando afirmam que a
interpretação é de certa forma subjectiva e, quando se tenta apurar a mente do
autor, limitada. No entanto, embora nós não saibamos de forma exaustiva, nós
podemos saber de forma verdadeira. Se assim não fosse, a civilização seria
impossível.
Na história da filosofia muito provavelmente não há um
exemplo mais claro de solipsismo. Se nós formos ler os seus livros de forma
séria (será que eles querem que os leiamos?), então a comunicação é impossível.
(Solipsismo: “a inabilidade total se obter conhecimento para além da sua
própria mente”) O leitor passa a ser o artista, e o autor/actor já não tem o
direito sobre o significado intencionado do seu trabalho. Toda a criatividade
chega-nos através da interpretação dum texto.
Dentro do pensamento modernista, os desconstrucionistas
correctamente rejeitam a razão como algo absoluto. No entanto, a razão é parte
integrante da IMAGO DEI [Imagem de Deus]. A única forma consistente de
dispensar a lei da não-contradição de todo o discurso é abolindo todo o
discurso e todas as tentativas de comunicação que os deconstrucionistas não
levam a cabo. A realidade dos factos é que eles escrevem dezenas de livros e
são faladores incansáveis (circumloquacious). Isto até parece que o discurso
(para aqueles que denigrem a linguagem) para os desconstrucionistas é uma forma
de auto-afirmação, isto é, “Eu falo (escrevo), logo, eu existo.”
Os desconstrucionistas vivem consumidos com uma animosidade
dirigida a todos aqueles que são logocêntricos, modernistas e especialmente os
Cristãos, e acreditam que estes últimos [os Cristãos] são a causa de todo o
preconceito e toda a opressão que existe no mundo.
VIII. Conclusão
O Cristianismo acredita que o Logos é Transcendente em relação
ao mundo, mas não imanente; o Logos não é subordinado, mas igual a Deus;
pessoal, e não impessoal, reflectido em toda a criação, especialmente na
humanidade. Os Absolutos existem devido à Palavra revelada. (Ver João 1:1-12)
“O autor tem que morrer para que o leitor possa viver”
(citação desconstrucionista com origem desconhecida)
SÓ JUDEUS PAUTEANDO A VIDA DO OCIDENTE CRISTÃO.
ResponderExcluirPARA A DESTRUIÇÃO DOS CRISTÃOS. SEM DÚVIDA.