sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Terra viva: Vulcões submarinos são fatores de mudanças climáticas

O Globo

As vastas cadeias de vulcões escondidas no fundo dos oceanos são vistas por muitos cientistas como “gigantes gentis”, expelindo lava a um ritmo lento e constante ao longo das fissuras no leito marinho. Mas um novo estudo mostra que elas se agitam em ciclos regulares, que variam de duas semanas a cem mil anos, entrando em erupção quase exclusivamente nos primeiros seis meses de cada ano. E tais pulsos, aparentemente ligados a variações de curto e longo prazo na órbita da Terra e no nível do mar, podem ajudar a dar a partida em mudanças climáticas naturais.

Os cientistas há tempos especulam que os ciclos de atividade dos vulcões em terra, ao emitir grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, poderiam influenciar no clima, mas até agora não existiam evidências de que os vulcões submarinos também poderiam contribuir com tais fenômenos. Assim, o estudo sugere que os modelos da dinâmica natural do clima do planeta e, por consequência, as mudanças climáticas que estariam sendo causadas pela ação humana devem ser ajustados para incluir esses ciclos.

— As pessoas têm ignorado os vulcões nos leitos oceânicos baseadas na ideia de que sua influência é pequena, mas isso acontece apenas porque elas presumem que eles têm uma atividade constante, o que não é verdade — conta Maya Tolstoy, pesquisadora do Observatório da Terra da Universidade de Columbia (EUA) e autora do estudo, publicado ontem no periódico científico “Geophysical Research Letters”. — Eles respondem a forças muito grandes e muito pequenas, e isso nos diz que devemos observá-los mais de perto.

As fissuras com atividade vulcânica submarina cortam o leito oceânico como as costuras de uma bola de futebol, totalizando cerca de 60 mil quilômetros de extensão. Essas fissuras são os locais de crescimento das placas tectônicas: à medida que a lava é expelida, ela forma novas extensões do fundo do mar, que responde por cerca de 80% da crosta terrestre. Por muito tempo, o consenso era de que elas entravam em erupção a um ritmo constante, mas Maya descobriu que as fissuras na verdade estão apenas passando por um fase de calmaria atualmente.

Mesmo assim, Maya calcula que essas fissuras produzem oito vezes mais lava anualmente do que os vulcões em terra. Graças à química peculiar de seu magma, no entanto, a quantidade de dióxido de carbono emitida pelas erupções submarinas é aproximadamente a mesma, ou até um pouco menor, do que a lançada pelos vulcões terrestres: cerca de 88 milhões de toneladas por ano. Mas, quando elas entram nos períodos de grande atividade, suas emissões de CO2 disparariam, num processo que faria parte dos longos ciclos naturais de aquecimento e esfriamento do planeta.

— Isso pode claramente ter implicações na quantificação e na caracterização das variações climáticas em períodos que vão de décadas a centenas de milhares de anos — diz Daniel Fornari, pesquisador do Instituto Oceanográfico Woods Hole e que não participou do estudo de Maya.

3 comentários:

  1. Tenho conhecimento desses estudos há mais de 15 anos. A atividade vulcânica submarina é a hipótese mais provável para os fenômenos El Niño e La Niña. Mas tentar ligar a atividade vulcânica com grandes períodos como eras glaciais e inter glaciais é fantasiar.

    A atividade vulcânica funciona como uma panela de pressão, libera parte da pressão acumulada e volta a acumular até liberar novamente. A atividade vulcânica pode interferir apenas em curtos períodos, mesmo os super vulcões interferem apenas por algumas décadas, talvez um século, mas não em períodos de milhares de anos.

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  2. Mas quem falou em milhares de anos? O papo começou quando eu falei em miniglaciações e miniaquecimentos.

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    1. No último parágrafo da postagem:
      "... variações climáticas em períodos que vão de décadas a centenas de milhares de anos".

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