segunda-feira, 29 de junho de 2015

Picasso no Rio

Filas para assistir à exposição de Pablo Picasso no Rio dão volta no quarteirão.

Mas eu jamais entraria numa fila para ver isto:

“Desde que a arte deixou de ser o alimento dos bons, o artista pode usar seu talento para todas inspirações e pirações de sua fantasia. O povo não encontra mais nesta arte nenhum tipo de consolo ou sublimação. Contudo, os mais vivos, os ricaços, os improdutivos e os charlatões, procuram nesta arte novidade, extravagância e usurpação.

Desde o cubismo, até antes mesmo, satisfaço estes críticos com infinitas piruetas que me ocorreram. E quanto mais malucas foram as minha idéias e quanto menos conseguiram interpretá-las, mais as admiravam.

Através destas brincadeiras e arabescos, tornei-me famoso em pouco tempo. E fama, representa para o artista muita venda, capital e riqueza.

Hoje, eu não sou apenas bastante famoso, como também muito rico. Contudo, quando estou sozinho, refletindo..., chego a conclusão de que não sou um artista (no verdadeiro sentido da palavra). Grandes artistas foram Giotto, Rembrandt.

Eu sou apenas um palhaço que compreendeu a burrice, a avareza e a arrogância dos meus conterrâneos, sabendo explorá-los de todas as maneiras”.


Madri - maio de 1952 - Pablo Picasso

Um comentário:

  1. Picasso era obcecado por dinheiro e nunca escondeu isso, algumas vezes deixava aparecer certo desprezo pela própria obra e pelo público que a exaltava. Dizem que certa vez ele estava em uma exposição, cumprimentava e conversava com as pessoas, quando se aproximou de um pequeno grupo de figurões e um deles disse: "Eu entendo sua obra", e voltou para casa com a seguinte resposta: 'Ainda bem, porque eu não consigo entender nada".

    Mas o problema não é com Picasso, é com uma mentalidade que surgiu na era pós-moderna, já no século XIX, quando as pessoas começaram a sentir necessidade de "entender tudo", então quando se deparavam com algo sem sentido ficavam com medo de dizer que não entenderam e procuravam mostrar que "conseguiam entender".

    Vou citar duas coisas que surgiram no século XIX e as pessoas "conseguem entender": marxismo e kardecismo. Mas não citei o kardecismo por acaso, citei porque tem influência direta do marxismo e de certa forma Kardec percebeu o que era o marxismo muito antes que o restante da população, que continua aceitando que uma mistificação patética (marxismo) seja "estudada" nas escolas.

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