Paulo Cruz
Dificilmente induziremos o negro a acreditar que, se seus
estômagos estiverem cheios, pouca importância terão os seus cérebros.
(W. E. B. Du Bois)
Em 1964, num discurso contundente, Malcolm X, um dos mais
influentes líderes do Movimento Negro americano, disse:
“Os Democratas [ou seja, a esquerda americana] só estão em
Washington, D.C., por causa do voto negro. […] Vocês os colocaram em primeiro
lugar e eles os colocaram por último, porque vocês são estúpidos. Politicamente
estúpidos. Sempre que vocês jogam seu peso político por detrás de um partido
que controla 2/3 do governo, e este partido não mantém as promessas que lhes
fez durante a época de eleição, e vocês são idiotas o suficiente para
continuarem a se identificar com esse partido, vocês não são apenas estúpidos,
são traidores de sua raça”.
Antes disso, em 1916, W. E. B. Du Bois, fundador da NAACP
(National Association for the Advancement of Colored People/Associação Nacional
para o Avanço da População Negra) - a maior instituição de luta pelos
direitos civis dos negros americanos - e o primeiro negro a graduar-se doutor
em Harvard (1895), já demonstrava o seu desapontamento com o presidente Woodrow
Wilson, o proto-fascista do Partido Democrata que, tendo garantido o apoio da
população negra em sua primeira eleição, sob vagas promessas em favor dos
direitos civis, a abandonou aos horrores das leis Jim Crow e promoveu uma
verdadeira sangria segregacionista nos serviços públicos federais - que eram
integrados desde o fim da Guerra Civil.
Mas a decepção com o American Dream, que (aparentemente)
nunca chegava para os negros, e, sobretudo, o recrudescimento das Leis Jim Crow
e dos linchamentos, fizeram com que personalidades como Du Bois - inicialmente
um conservador que lutou arduamente pelo progresso intelectual dos negros
dentro da tradição ocidental - bandeassem pateticamente para o lado de seu
pior inimigo: o Partido Democrata - criador da Ku Klux Klan e das próprias
Leis Jim Crow. Outros fatores decisivos para a migração do eleitorado negro
para o Partido Democrata foram: a reeleição de Harry Truman, em 1948, com seu
discurso a favor dos Direitos Civis; e, no final dos anos 1960, a influência do
pastor Jesse Jackson, que se tornou o líder mais importante dos negros
americanos após a morte de Martin Luther King Jr.. Outros foram ainda mais
longe: apoiaram e militaram em favor do Comunismo. Du Bois, por exemplo,
visitou a China, de Mao Tsé-Tung, e a União Soviética - esta última por 4
vezes! E, desde então, o negro americano mantém uma estranha fidelidade ao
Partido Democrata e ao Socialismo.
Como podemos ver, a triste história do negro americano com a
esquerda - que sempre foi falsamente preocupada com a desigualdade
racial/social - é antiga, e produziu muitos frutos podres. Dentre estes, o
famigerado movimento Black Lives Matter é a bola da vez.
Criado em resposta à absolvição, em 2013, do segurança de
ascendência latina George Zimmerman, que matou o jovem negro Trayvon Martin, o
movimento é, segundo encontramos em seu website, “enraizado na experiência das
pessoas que os EUA insistem ativamente em desumanizar”. Sim, é isto mesmo: o
país que elegeu e reelegeu um presidente negro é acusado de desumanizar os
negros. Isso não poderia ser levado a sério. Mas é. Esse caso gerou uma
narrativa de racismo ridiculamente fabricada por racialistas negros americanos
da estirpe do Rev. Al Sharpton (um dos mais ferrenhos propagadores do ódio
racial na atualidade).
Numa mistura de movimento revolucionário, vitimismo e
segregação racial (com requintes de violência), o Black Lives Matter (BLM) foi
criado por três mulheres - Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi - com
a divulgação da hashtag #BlackLivesMatter, no Twitter, em 2013, a fim de
protestar contra a absolvição de Zimmerman. Em 2014, a morte de Michael Brown
foi o estopim para o movimento ganhar alcance mundial - e a cidade de Brown,
Ferguson, ser destruída por protestos violentos.
Os fatos comprovam a pantomima: Brown - um jovem de 18
anos, quase 2 metros de altura e 138 kg - assaltou uma loja de conveniência.
Na saída da loja, ao ser abordado pelo policial Darren Wilson, impediu que este
saísse do carro, projetou-se para dentro do veículo pela janela e espancou o
policial, tentando tomar-lhe a arma. A arma disparou, feriu a mão de Brown, que
tentou fugir. Wilson saiu do carro, Brown se virou e voltou em sua direção; foi
só então que Wilson atirou contra Brown e o matou. Obviamente, um caso de legítima
defesa. Mas quem liga para os fatos? A narrativa criada pelos vitimistas da
esquerda e pela imprensa insiste que Brown fora morto simplesmente por estar
andando no meio da rua; ou, nas palavras de Barack Hussein Obama, o
ex-presidente: por estar “andando como negro”. Para toda a imprensa, Brown fora
apelidado de “Gigante Gentil”, um santo que nunca se tinha metido em uma briga.
Tudo invenção. Posteriormente, os controversos casos de Eric Garner, Freddie
Gray e, mais recentemente, Alton Sterling e Philando Castile tornaram a
narrativa do BLM ainda mais sedutora. Mas há um grande problema aí.
A Realidade, sempre
ela!
Diante da crescente onda de protestos violentos contra o que
chama de “violência estatal”, o BLM se recusa a admitir - apesar de, no site,
parecer preocupado com todas as nuances do problema - que, nos EUA, mais de
90% dos assassinatos de negros são cometidos por outros negros. E que os negros
representam 13% da população americana, mas cometem 50% dos crimes.
De acordo com o FBI, em 2014 os negros foram responsáveis
por 2.205 dos 2.451 negros assassinados. Brigas entre gangues estão entre as
principais causas. Quem, por exemplo, aqui no Brasil (principalmente quem gosta
de RAP), já não ouviu falar em Bloods e Crips, duas gigantescas gangues da
Califórnia, famosas por suas relações com os rappers da Costa Oeste - dentre
estes: 2 Pac, Dr. Dre, Snoopy Dogg e o produtor (e gangster) Suge Knight? E a
rivalidade entre Costa Leste e Costa Oeste, pivô da morte de 2 Pac e Notorious
BIG? Chicago, cidade reduto do Partido Democrata e de Obama, mesmo possuindo
leis severas para controle de armas, amarga índices alarmantes de crimes e
assassinatos. Em julho deste ano [em 2016], já bateu a marca de 2.005 vítimas
de violência (319 assassinatos); mais de 60% relacionados a gangues. Chicago
tem aproximadamente 60 facções, com mais de 100.000 membros no total. Em
Chicago, os negros somam 35% da população, mas cometem 76% dos homicídios.
E foi na mesma Chicago que, em novembro de 2015, o garotinho
Tyshawn Lee, de 9 anos, foi assassinado por membros de uma gangue em retaliação
contra seu pai, membro de uma gangue rival. A esse respeito não ouvimos ou
lemos uma palavra do BLM. Até o diretor Spike Lee, famoso por seus filmes com
temática negra, obamista convicto que, na última eleição, apoiou o comunista
Bernie Sanders, disse, em entrevista: “Não foi um policial que matou Tyshawn
Lee […]. Não podemos ignorar que estamos matando uns aos outros também”. Lee
filmou recentemente uma sátira, Chi-Raq (baseada na comédia Lisístrata, de
Aristófanes), criticando o alto índice do chamado “Black-on-Black Violence”
(violência de negros contra negros) em Chicago. O início do filme é
avassalador:
2001 até hoje: 2349 americanos foram mortos na guerra do
Afeganistão; 2003 a 2011: 4424 americanos foram mortos na guerra do Iraque;
2001 a 2015: 7356 assassinatos em Chicago. Os homicídios em Chicago, Illinois,
superam o número de mortos das forças especiais americanas no Iraque. Mais de
400 crianças em idade escolar foram mortas esse ano. Na semana do 4 de Julho de
2015, dia da independência americana, 55 pessoas foram alvejadas e feridas; 10
morreram, incluindo um garoto de 7 anos. Onde estava a liberdade deles? Onde
estava seu direito à vida, à liberdade, e à busca da felicidade?
Apesar de um libelo desarmamentista, o filme de Lee bota o
dedo na ferida dos negros americanos.
Ghetto Boys
O fato é que os negros foram incentivados, pela mesma
esquerda multiculturalistas que lhe jura amor incondicional, a uma cultura de
marginalidade. Curiosamente, de acordo com o economista Thomas Sowell, aquilo
que hoje é enaltecido como “cultura negra” - incluindo o chamado “Black
English”, espécie de dialeto falado entre os negros americanos - tem sua
origem nos Rednecks [caipira, em tradução livre], os primeiros imigrantes
britânicos que chegaram ao sul dos EUA. Sowell diz:
“[…] música animada e dança, um estilo de oratória religiosa
marcada pela retórica estridente, emoções desenfreadas e estética extravagante.
Tudo isso se tornaria parte do legado cultural dos negros, que viveram durante
séculos no meio da cultura caipira do Sul. […] Muitos entre os intelectuais
retratam a cultura negra redneck de hoje como a única cultura negra
“autêntica”, e até mesmo a glorificam. Eles denunciam qualquer crítica ao
estilo de vida do gueto ou qualquer tentativa de mudá-lo. Os professores pensam
não ser apropriado corrigir jovens negros que falam o “Black English”, e
ninguém acha certo criticar o estilo de vida de negros rednecks. Nesta cultura,
a beligerância é considerada virilidade, e a crueldade, legal (cool), enquanto
ser civilizado é considerado “agir como branco”.
A glorificação da marginalidade impede muitos negros de
buscarem alternativas. Ser “malandro” é sinônimo de ser respeitado, esperto,
sedutor etc. Quando vemos, por exemplo, o senador negro que se tornaria, tempos
depois, o presidente dos EUA comportando-se como um redneck no programa da
Ellen Degeneres - sendo ovacionado por isso –, temos a real dimensão de quão
nociva é essa cultura. Quando vemos, no Brasil, programas como Esquenta!, da
Globo [extinto, graças a Deus], cuja maior contribuição é reforçar, ao melhor
estilo “pagode na laje”, o estereótipo festeiro e esteticamente grosseiro da
população periférica; ou, ainda, seriados como Mister Brau - estrelado pelos
mais novos representantes da negritude vitimista, o casal de atores Thaís
Araújo e Lázaro Ramos –, que, mesmo tentando dar um certo protagonismo ao
negro, ainda o mantém mergulhado em estereótipos patéticos, notamos que o
enaltecimento da “cultura de gueto” não é um problema só dos americanos.
Outro importante fator para o altíssimo índice de violência
entre os negros - e também completamente desprezado pelo BLM - é a grande
quantidade de crianças que nascem e vivem sem o pai nos EUA.
Atualmente, 75% das crianças negras dos EUA nascem e vivem
sem o pai em casa. Estas têm 5 vezes mais chances de viverem na pobreza e
cometerem crimes; 9 vezes mais chances de abandonarem a escola; e 20 vezes mais
chances de serem presos. Um número assustador se compararmos com a década de
1960, quando esse era de 25%. Para Larry Elder, advogado e apresentador do
pograma The Larry Elder Show, no rádio, esse é o principal problema da
população negra americana. E não culpemos a pobreza, pois como diz Thomas
Sowell:
Somos informados de que esses distúrbios são um resultado da
pobreza negra e do racismo branco. Mas, na verdade - para aqueles que ainda
têm algum respeito pelos fatos - a pobreza negra era muito maior e o racismo
branco era muito pior antes de 1960. Mas o crime violento nos guetos negros era
muito menor.
As taxas de homicídio entre homens negros estavam
diminuindo - repito, diminuindo - na década muito lamentada de 1950; porém,
subiram muito após os célebres anos de 1960, atingindo mais do que o dobro do
que tinham sido anteriormente. A maioria das crianças negras eram criadas em
famílias com ambos os pais antes da década de 1960. Mas hoje a grande maioria
das crianças negras são criadas em famílias monoparentais.
E em outro importante artigo, de 2013, escreve Sowell:
A taxa de pobreza entre os negros é 36%. A maior taxa é
encontrada em famílias chefiadas por mulheres. A taxa de pobreza entre casais
negros tem se mantido em um dígito desde 1994, e hoje é de cerca de 8%. A taxa
de nascimentos na ilegitimidade, entre os negros, é de 75%, e, em algumas
cidades, de 90%. Mas se esse é um legado da escravidão, deve ter pulado várias
gerações, porque na década de 1940 os nascimentos entre as solteiras giravam em
torno de 14%.
Pois é, caro leitor, é difícil lutar contra os fatos.
Até o rapper Tupac Shakur disse, certa vez, que se tivesse
tido um pai por perto, teria adquirido mais disciplina e confiança. Que seu
envolvimento com gangues se deu, principalmente, pela falta de um pai que o
orientasse.
No Brasil
Cá em nossas plagas foi publicada, recentemente, uma
pesquisa que nos aproxima da realidade americana - um verdadeiro milagre, uma
vez que, em geral, as pesquisas por aqui só servem para reforçar narrativas
ideológicas: 2 em cada 3 menores que cometem crimes não têm o pai em casa.
Apenas 34% convivem com o pai na mesma residência; e 37% dos entrevistados têm
parentes com antecedentes criminais. Ou seja, prevalece a máxima contida na
música do Racionais MC’s: “ele se espelha em quem tá mais perto”.
No Brasil, onde abundam estatísticas raciais a respeito das
vítimas, mas NUNCA dos criminosos, é curioso encontrar tais dados - mesmo que
a intenção tenha sido vitimizar os menores criminosos.
E para não dizer que não há dado algum sobre
agressores/criminosos adultos, uma dissertação de mestrado sobre violência
contra mulheres negras, de 2013, encontrada na internet, informa que 10 das 14
entrevistadas foram agredidas por negros, ou seja, mais de 70%. Revelar a cor
dos criminosos - e não só das vítimas, como maliciosamente se faz no Brasil
- mudaria completamente a interpretação dos fatos.
E é exatamente esse ponto que nos liga ao início deste
artigo, à citação de Malcolm X e à ideologização do racismo para fins
político-ideológicos. Malcolm e muitos outros líderes negros - não só dos
EUA, mas, por exemplo, na Martinica (Aimé Césaire), em Cuba (Carlos Moore) ou
mesmo no Brasil (Abdias do Nascimento) –, perceberam que a causa do negro não
tem nada que ver com a esquerda, e que esta só se interessa pelo voto negro,
pelo apoio da massa manipulável dos excluídos. Mas isso não é algo fortuito, há
uma gênese e uma intenção.
O novo
lumpemproletariado
Após a derrocada da idéia estapafúrdia de Marx sobre a
Revolução do Proletariado, é de interesse da esquerda contemporânea - influenciada,
sobretudo, por Antônio Gramsci e Herbert Marcuse - que os “marginalizados”
(criminosos, proscritos, discriminados, excluídos) sejam a nova classe
revolucionária. São manipulados e incentivados à revolta constante, a fim de
desestabilizar a sociedade, instaurar o caos e garantir o sucesso de sua
intenção primeva (contida, inclusive, nos primeiros escritos de Marx): a
destruição da família e da cultura ocidental. Como nos alertava o filósofo
Olavo de Carvalho, no início dos anos 1990:
Outro fenômeno que ocorreu no Brasil foi “lumpenização” da
esquerda. Hoje em dia, graças a esse tipo de bandeira, que se sobrepõe muito a
qualquer bandeira de ordem econômica ou até à idéia de socialismo, o conceito
de povo que a esquerda tem é o lumpemproletariado, ou seja, os bandidos, as
prostitutas, os viciados, traficantes, etc. É essa faixa social que a esquerda
hoje defende e em nome da qual ela fala. Inclusive do ponto de vista estético.
A tendência é cada vez mais a classe média imitar os hábitos do lumpem, se
vestir como lumpem, falar como lumpem, etc. Marx estava muito certo quando
dizia que o lumpem não é uma força revolucionária, mas certamente é uma força
de decomposição. E o que se observa no Brasil é o fenômeno da decomposição:
financeira, administrativa, moral, cultural etc. O Brasil é um país que está se
desfazendo diante de nós. A corrupção galopante que ninguém consegue deter, a
magnífica compra de consciências com a qual se transforma o Supremo Tribunal Federal
num escritório do Partido, são apenas sintomas da decomposição moral.
Olavo fala do Brasil, mas essa é uma regra geral. Nas
palavras do próprio Herbert Marcuse:
No entanto, sob a base popular conservadora se encontra o
substrato dos proscritos e “outsiders”, os explorados e perseguidos de outras
raças e outras cores, os desempregados e aqueles que não podem ser empregados.
Eles existem fora do processo democrático; sua vida é a necessidade mais
imediata e mais real para acabar com às instituições e condições intoleráveis.
Assim, a sua oposição é revolucionária mesmo que a sua consciência não seja.
Sua oposição atinge o sistema a partir do exterior e, portanto, não é derrotada
pelo sistema; É uma força elementar que viola as regras do jogo e, ao fazê-lo,
revela-o como um jogo falsificado.
Ou seja, a esquerda contemporânea se apossou de causas que,
inicialmente, eram até genuínas - movimento pelos direitos civis, sufrágio
feminino, discriminação racial/social etc. - misturou às suas teses revolucionárias
e formou o seu lumpemproletariado, a sociedade de revoltados cujas demandas não
precisam e nem devem ser solucionadas, pois a revolta constante é o que
importa. Defendendo tais “causas”, tem o seu eleitorado garantido por anos a
fio.
Um exemplo de como a manipulação de causas legítimas,
aliadas a teorias revolucionárias, trazem prejuízos quase irremediáveis a seus
possíveis beneficiários, é a Revolução Sexual da década de 1960. O livro Eros e
Civilização (1955), de Herbert Marcuse, foi o grande catalisador do período.
Para Marcuse, o prazer era inibido pela opressão imposta pelo trabalho
(capitalismo) e pela vida moral burguesa:
Enquanto, fora do privatismo da família, a existência do
homem foi principalmente determinada pelo valor de troca dos seus produtos e
desempenhos, sua vida no lar e na cama foi impregnada do espírito da lei divina
e moral. Supôs-se que a humanidade era um fim em si e nunca um simples meio;
mas essa ideologia era efetiva mais nas funções privadas do que nas sociais dos
indivíduos; mais na esfera da satisfação libidinal do que na do trabalho. A
força plena da moralidade civilizada foi mobilizada contra o uso do corpo como
mero objeto, meio, instrumento de prazer; tal coisificação era tabu e
manteve-se como infeliz privilégio de prostitutas, degenerados e pervertidos. .
Mas sua proposta é a destruição dessa repressão, na busca
por uma sociedade não-patriarcal e não-opressora - ou seja, mais “livre”:
Com o aparecimento de um princípio de realidade
não-repressivo, com a abolição da mais-repressão requerida pelo princípio de
desempenho, esse processo seria invertido. Nas relações sociais, a coisificação
reduzir-se-ia à medida que a divisão do trabalho se reorientasse para a
gratificação de necessidades individuais desenvolvendo-se livremente; ao passo
que, na esfera das relações libidinais, o tabu sobre a coisificação do corpo
seria atenuado. Tendo deixado de ser usado como instrumento de trabalho em
tempo integral, o corpo seria ressexualizado. A regressão envolvida nessa
propagação da libido manifestar-se-ia, primeiro, numa reativação de todas as
zonas erotogênicas e, conseqüentemente, numa ressurgência da sexualidade
polimórfica pré-genital e num declínio da supremacia genital. Todo o corpo se
converteria em objeto de catexe, uma coisa a ser desfrutada um instrumento de
prazer. Essa mudança no valor e extensão das relações libidinais levaria a uma
desintegração das instituições em que foram organizadas as relações privadas
interpessoais, particularmente a família monogâmica e patriarcal .
Porém, o tiro saiu pela culatra. A liberação sexual piorou
(e muito) a vida das mulheres. De acordo com o psiquiatra Theodore Dalrymple:
Os profetas dessa revolução desejavam esvaziar do
relacionamento entre os sexos todo o significado moral e destruir os costumes e
as instituições que o regiam. […] O programa dos revolucionários sexuais foi
mais ou menos executado, especialmente nas classes mais baixas da sociedade, no
entanto, os resultados foram imensamente diferentes do que fora previsto de maneira
tão estúpida. A revolução foi a pique na rocha da realidade inconfessa: de que
as mulheres são mais vulneráveis à violência que os homens exclusivamente em
virtude da biologia, e que o desejo da posse sexual exclusiva do parceiro
continuou tão forte quanto antes. Esse desejo é incompatível, é claro, com o
desejo igualmente poderoso - eterno nos sentimentos humanos, mas até agora
controlado por inibições sociais e legais - de total liberdade sexual. Por
conta dessas realidades biológicas e psicológicas, os frutos da revolução
sexual não foram o admirável mundo novo de felicidade humana, mas, ao
contrário, um enorme aumento da violência entre os sexos por razões prontamente
compreensíveis .
O fruto da farsa
Nos EUA, Barack Hussein Obama prometeu um governo para todos
os americanos, mas, além de quebrar muitas de suas promessas, só fez dividi-los;
recentemente disse que o racismo está no DNA americano. De novo: o país que
elegeu e reelegeu um presidente negro tem o DNA racista (?). E o Black Lives
Matter, um movimento que se julga tão autônomo, foi disputado, descaradamente,
na corrida presidencial de 2016, pelos socialistas Hillary Clinton e Bernie
Sanders. Por que? Porque a pseudo-causa do BLM pertence aos socialistas. E
mesmo que o BLM rejeite suas investidas, a pseudo-causa ainda lhes pertence, e
eles não desistirão. Ainda assim, mais de 80% dos negros americanos são
eleitores do Partido Democrata.
No Brasil, o “governo para os pobres” do PT fez a miséria
aumentar em 10%. E mesmo mudando os cálculos para transformar em classe média
quem ganha R$ 300/mês, a promessa de eliminar a miséria em 2016 falhou
completamente. Por outro lado, durante os governos Lula e Dilma, os bancos
lucraram 850%. Ainda assim, mais de 50% dos eleitores do PT são pobres.
E dessa forma a esquerda faz dos negros, dos pobres, das
mulheres, dos homossexuais e de toda a sorte de excluídos e marginalizados, o
seu lumpemproletariado, garantindo sua hegemonia. Por isso, para o bem da sociedade,
movimentos como Black Lives Matter - ou, aqui no Brasil, o Sistema de Cotas
Raciais - precisam ser desmascarados.
BLM tá mais pra BLS. Black Lives Sucks.
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