Segundo a Folha, detalhes dos depoimentos do doleiro Alberto
Youssef que vieram a público esta semana revelaram que, além da Petrobras, os
políticos investigados também receberam propina para facilitar negócios com
outras estatais. Há menções a pagamentos milionários a políticos provenientes
de contratos de órgãos como o Denatran, ligado ao Ministério das Cidades, as
estatais CBTU e Furnas, além de fundos de pensão dos Correios, da Petrobras e de
alguns Estados e municípios. No caso do Denatran, dois ex-deputados do PP - João
Pizzolatti (SC) e Pedro Correia (PE) - serão investigados pela suspeita de
terem recebido propina de R$ 20 milhões.
Segundo Youssef, o Denatran fez um convênio com a Federação
Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização para a instituição
passar a fazer um registro específico dos veículos nacionais. Sem concorrência,
a Fenaseg contratou a empresa GRF, de Carlos Augusto Montenegro, presidente do
Ibope, que seria responsável pelo pagamento da propina para realizar o serviço.
“O negócio teria rendido cerca de R$ 20 milhões em comissões
para o PP, montante que seria pago em vinte parcelas, que eram pagas por um
empresário de nome Montenegro, dono do Ibope”, declarou Youssef.
O doleiro também acusou o ex-presidente da CBTU, estatal
federal de trens urbanos, Francisco Colombo, de ter repassado R$ 106 mil
apreendidos em 2012 pela Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas (SP) com o
funcionário da Câmara Jaymerson de Amorim. O dinheiro foi pego por Colombo com
Youssef dias antes e era destinado ao senador Benedito de Lira (PP-AL) e ao
deputado Artur Lira (PP-AL).
Youssef relatou ainda ter informações de que havia um
esquema de pagamento de suborno em Furnas, estatal do setor elétrico, que teria
funcionado entre 1994 e 2001, durante o governo do tucano Fernando Henrique
Cardoso. O doleiro contou que nessa época atuava como operador financeiro do
ex-deputado do PP José Janene, morto em 2010, que recebia propina de duas
empresas contratadas por Furnas e que presenciou Janene receber suborno de uma
destas empresas e que, de 1996 a 2001, a empresa repassou US$ 100 mil por mês
ao PP.
O doleiro afirmou que Janene lhe disse que “dividia uma
diretoria de Furnas” com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que na época era
deputado federal. Youssef disse ter “ouvido dizer” que Aécio também recebia
propina.
O Ministério Público não abriu inquérito contra Aécio,
claro, porque “ouvir dizer” é vago demais, mas eu boto minhas barbas de molho,
ibericamente, já que a expressão vem do ditado espanhol “quando você vir as
barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho”, do tempo em que barba
significava honra e poder.
Ouvi dizer que capturaram um extraterrestre em Varginha (MG). Ele será julgado como cidadão brasileiro ou como estrangeiro?
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