quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Já há 1.130km de muros entre México e EUA desde 1994, erguidos por Bill Clinton

O muro de Clinton em Tijuana
A fronteira que separa o México dos Estados Unidos é conhecida pela grande presença de grupos migratórios ilegais – a maioria formada por mexicanos –, que se deslocam em direção ao norte em busca de melhores condições de vida. Por esse motivo, os EUA resolveram construir, a partir de 1994, um muro entre os dois países e dificultar o processo de entrada de imigrantes oriundos do sul no país. Essa construção é popularmente conhecida como Muro do México ou Muro México/EUA.

A construção do muro do México por parte dos Estados Unidos representa, em termos, uma contradição. Isso porque o início de sua construção ocorreu no mesmo ano da consolidação do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), um bloco econômico que, apesar de ser meramente comercial, teria a função de propiciar uma maior integração entre os países-membros que, além dos dois países citados, também engloba o Canadá ao norte (sem muros, nesse último caso).

Atualmente a extensão do muro entre México e Estados Unidos é de aproximadamente 1.130 quilômetros, cerca de um terço da fronteira entre os países. Em alguns pontos, ele é uma “parede” simples, de altura não muito elevada e com algumas proteções em seu topo. Em outros lugares, no entanto, ele é composto por dois muros e um espaço entre eles por onde passam veículos militares e de fiscalização, além de contarem também com algumas torres de observação e militares preparados para, quem sabe, abater os eventuais invasores.

Estima-se que, desde a sua construção, milhares de imigrantes ilegais foram barrados tentando, de uma forma ou de outra, ultrapassar os limites impostos pela barreira construída. Estima-se também que outros milhares conseguiram burlar os limites e as restrições, conseguindo chegar ao seu destino: as terras estadunidenses. Um outro dado diz que 5,6 mil imigrantes ilegais morreram tentando ultrapassar a fronteira, não necessariamente no muro construído, sendo muitas dessas mortes nas áreas desérticas que se encontram entre os dois países.

Muitas críticas são realizadas ao Muro do México, que é inevitavelmente comparado com outros muros que dividem ou dividiram o mundo, como o Muro de Israel e o antigo Muro de Berlim. Muitas análises afirmam que ele divide muito mais do que dois países, mas dois “mundos” diferentes: um moderno e desenvolvido (mas com problemas na geração de empregos) e outro atrasado e subdesenvolvido, apesar das melhorias econômicas e sociais das últimas décadas.

Outra crítica apontada sobre a construção desse muro é o caráter dual por parte do governo dos Estados Unidos, que sempre barrou a entrada da população mexicana, mas que não se deteve em enviar para o país, sobretudo nas regiões de fronteira, várias empresas e indústrias multinacionais, que empregam a população local sob baixos salários e condições precárias de trabalho. Nesse contexto, várias cidades surgiram nessas regiões, marcadas pela urbanização acelerada, a marginalização social, o intenso tráfico de drogas e todas as contradições sociais de lugares marcados pela concentração de renda e o desvio de interesses. Entre essas cidades, os exemplos mais evidentes são Tijuana e Juarez.

Em alguns pontos, o muro separa cidades e aglomerações urbanas historicamente construídas naquela região. Há vários relatos de famílias e parentes que se viram divididos pelo muro, sem poderem obter contatos constantes após a sua construção. Para aumentar o número de críticas e reclamações, somam-se os grupos ambientalistas que acusam a fronteira de separar animais de suas fontes de alimento ou de suas áreas de reprodução, causando a diminuição ou até a extinção de determinadas espécies.

Embora tais críticas aconteçam desde o início da construção do Muro do México, o governo norte-americano jamais cedeu a qualquer tipo de pressão. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, inclusive, o então presidente George W. Bush intensificou a fiscalização do muro e da fronteira, fato continuado por seu sucessor, Barack Obama, que dobrou o número de funcionários para a vigilância e expandiu algumas partes do muro, reformando outras.

Podemos dizer que, em termos gerais, a construção do Muro entre México e EUA é um dos grandes marcos das relações políticas, econômicas e diplomáticas entre os países do chamado “Norte desenvolvido” com o “Sul subdesenvolvido”, demarcando mais do que simplesmente fronteiras políticas.


3 comentários:

  1. Sem PALABRAS!!!!!
    Podemos dizer que, em termos gerais, a construção do Muro entre México e EUA é um dos grandes marcos das relações políticas, econômicas e diplomáticas entre os países do chamado “Norte desenvolvido” com o “Sul subdesenvolvido”, demarcando mais do que simplesmente fronteiras políticas.
    Custa acreditar,apenas isso.Que tristeza.
    Pedro M Gorrochotegui.

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    1. Pedro, você deturpa as palavras de uma tal maneira que não dá nem para argumentar. Desde quando eu elogiei o muro se eu apenas apresentei fatos?

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  2. Realmente este muro já existe como expressado no post. E a questão ambientalista é real. O Coiote animal canino selvagem desta região, vive e caça nos dois países sem restrição de fronteira. Esta atitude deste animal foi que deu o nome aos profissionais de contrabandear pessoas de Coiotes. Existem inúmeros outros animais que fazem o mesmo. De El Paso até Bronsville, existe um rio, o Rio Bravo/Grande, que tem inúmeras represas de irrigação com aproximadamente 1.350 km.
    É uma fronteira natural, e onde vão construir muro? No lado do Texas?
    Aí o México não tem nada a haver com isto.

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