terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Eike Batista vai destruir Lula, Dilma, Cabral, Luciano Coutinho & Companhia Ltda.

Carlos Newton

Muito reveladora a entrevista que Eike Batista concedeu em Nova York, pouco antes de embarcar de volta ao Brasil, falando com exclusividade ao repórter Henrique Gomes Batista, de O Globo, que estava acompanhado pelo repórter cinematográfico Sherman Costa, do Fantástico. Foram frases curtas e pausadas, mas de grande profundidade e clareza, que indicam com precisão o caminho que Eike decidiu percorrer e que vai destruir o que ainda resta dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, incriminando também outros importantes agentes de corrupção, como o ex-governador Sérgio Cabral e o economista Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES.

Eike estava aparentemente calmo, parecia meio sedado, certamente estava sob efeito de algum tranquilizante, porque na longa viagem até o Rio de Janeiro ele conseguiu dormir quase o tempo inteiro, apesar dos gravíssimos problemas que enfrenta.

O repórter Henrique Gomes Batista se preparou bastante para a entrevista, fez questionamentos importantes e necessários, mas sempre respeitando o entrevistado, o cinegrafista do Fantástico participou de forma ativa, também fazendo perguntas. E o resultado foi retumbante, porque não deixou margem a dúvidas.

Ficou absolutamente claro que o empresário pretende reivindicar o direito à delação premiada. E vai conseguir, porque sua situação se enquadra perfeitamente nos pré-requisitos que o juiz Moro exige: “Faz-se um acordo com um criminoso pequeno para obter prova contra o grande criminoso ou com um grande criminoso para lograr prova contra vários outros grandes criminosos”, diz o magistrado.

Como Eike só vai entregar peixes graúdos, é claro que seu pedido de acordo com a força-tarefa será facilmente aceito, e ele começou se posicionando de uma forma muito hábil. “A Lava Jato está passando o Brasil a limpo de uma maneira fantástica. Eu digo que o Brasil que está nascendo agora vai ser diferente, tá certo? Porque você vai pedir suas licenças (para obras), vai passar pelos procedimentos normais, transparentes, e se você for melhor, você ganhou e acabou a história, né?”

Sua estratégia de defesa, orientada pelos advogados Sérgio Bermudes e Alexandre Sigmaringa Seixas, é inteiramente adequada à situação, ao defender a tese de que os empresários são vítimas do sistema de corrupção montado no país:

“As regras têm que ser claras e transparentes, e o que está acontecendo vai permitir que o Brasil seja um país em que todo mundo vai querer investir. Por isso está passando essa fase difícil, mas na frente todo mundo vai dar uma nota diferente para o Brasil em termos de transparência”, disse Eike, que acha a Operação Lava-Jato “espetacular” e quer colaborar: “Eu estou à disposição da Justiça, como um brasileiro cumprindo o meu dever. Estou voltando, essa é a minha obrigação.”

A tese é interessante. Na verdade, todos os envolvidos se beneficiam com os esquemas, porém é óbvio que as negociatas só existem porque os políticos são corruptos. Se não fossem, não haveria maracutaias, como Lula gosta (ou gostava) de dizer.

Em seus depoimentos, Eike vai desmontar dois esquemas de corrupção – o estadual, comandado por Sérgio Cabral, e o federal, institucionalizado por José Dirceu e Lula da Silva, com prosseguimento nas gestões de Dilma Rousseff. E desta vez não vai adiantar Dilma dizer que não sabia de nada, porque se trata de ação governamental que envolvia diversos protagonistas nos dois governos do PT – Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica,  Petrobras e outros órgãos públicos.

Detalhe importante: a prisão de Eike foi festejada no Planalto. O ministro Eliseu Padilha e sua entourage comemoraram para valer. Como se sabe, a assessoria foi toda nomeada por Padilha. Na realidade, Temer só conta com Moreira Franco, que não tem status de ministro, e com o falso porta-voz Alexandre Parola, que não sabe se impor e foi facilmente subjugado por Padilha.

De toda forma, apesar da terrível disputa interna que está ocorrendo entre os grupos de Temer e Padilha, não há dúvida de que, com a manutenção do sigilo na delação da Odebrecht, garantido equivocadamente pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo, o Planalto ganhou tempo para tocar o barco enquanto for possível, porque la nave va, cada vez mais fellinianamente.


3 comentários:

  1. ...garantido equivocadamente pela ministra...
    Uma presidente de poder tem direito de se equivocar? Duas vezes?
    Mantendo o cangaceiro alagoano e agora mantendo o sigilo?
    Não é manutenç˜ão demais para um brasil só?
    Será que só no jogo do bicho vale o que está escrito?

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  2. Se vai destruir eu não sei, mas que vai tentar jogar a bomba no colo dos outros, isso eu tenho certeza.

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  3. (argento - eleitor em Greve) ... Eike Batista, as 77 delações da Odebrecht, o Caranguejo e outros menos cotados, forneceram informações pra derrubar e por na cadeia a República de Ladrõe - ainda não estão e, creio, os Ladrões já tiveram tempo mais que suficiente para "assimilar os golpes" e reagirem; é viver pra ver ...

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