sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

“Adevogados” dizem que queimar ônibus é uma das expressões da luta pelo direito humano ao transporte público

Nero, esperando o ônibus
Eu já vi coisas absurdas, mas essa bate recordes. Três “adevogados”, todos pós-graduados em Direitos Humanos (aliás, existe algum direito alienígena?) resolveram produzir uma pérola digna de constar nos mais abalizados manuais de imbecilidade explícita. Lógico que eu não vou publicar a coisa inteira – quem quiser vá ao Justificando, associado ao infame Carta Capital –, mas vai um resumo.

Um ônibus foi queimado na cidade de Teresina, em 09 de janeiro de 2017, durante as movimentações contra o aumento da tarifa para R$ 3,30. Desocupados, bandidos, vândalos foram os adjetivos usados pelo representante do SETUT (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina) para se referir aos manifestantes em entrevista à mídia local.

A população reagiu e nas redes sociais chamou atenção para a questão central das manifestações: a violação do direito humano ao transporte público na cidade e com a hashtag #vandalismoemthe, denunciaram que #vandalismoemthe é “ir espremido na porta de um ônibus porque precisa chegar a tempo no trabalho ou na escola”; “é ter que pagar R$ 3,30 em um coletivo sem ar condicionado, sem segurança e sem porta”; “é os empresários enriquecerem e os passageiros andarem se espremendo nos ônibus com o dobro da lotação”; “é você ter que esperar 1h40min toda noite um ônibus para ir da universidade para casa”; “é você não ter mobilidade urbana”; “é as paradas de ônibus e os percursos mudarem sem uma discussão com os trabalhadores”.
(...)
Queimar ônibus em Teresina, portanto, é uma das expressões da luta pelo direito humano ao transporte público, que é, em suma, um imperativo para garantia do direito à cidade. O ônibus queimado é um símbolo da indignação dos corpos incendiados diariamente dentro e nas paradas dos ônibus precários e lotados na cidade, e sua fumaça não pode servir de cortina para esconder as arbitrariedades do Poder Público. A avenida Frei Serafim ocupada por estudantes e trabalhadores que reivindicam um transporte público significa a permanência de uma indignação contra a violação de direitos e é uma expressão legítima da construção do direito à cidade que nasce na rua.

A coisa, além de tudo, foge à lógica. Um “símbolo da indignação” é, para os rábulas, um troféu, uma vitória e não menos um ônibus na rua, portanto, menos transporte, e mais custos, que obviamente serão repassados aos usuários.

Esse artigo também é um símbolo. Vocês sabem de quê...


7 comentários:

  1. Então, queimar “Adevogados” deve ser uma das expressões da luta pelo direito humano à ampla defesa. Estou certo?

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    1. (argento - eleitor em Greve à procura de político probo) ... assim diz a "lógica" por eles empregada. Mais eficiemnte que queimar ônibus é nem sair de casa para votar ...

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    2. Seguindo essa linha: Queimar redações de DCM, BRASIL247, CAFEZINHO, TIJOLAÇO, CONVERSA AFIADA, é um direito humano de defesa da imprensa livre.

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    3. (argento - eleitor em greve à procura de político probo) ... exato!, Sergio Cristovao, a linha de raciocínio é essa mesmo.

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    4. (argento -eleitor em Greve à procura de político probo) ... Bão!, como dizem os "especialistas pós-graduados em Direitos Humanos", está implícito e, plenamente justificado que: "queimar" juízes, advogados ou políticos é a Suma da luta pelo direito humano pela justiça e equidade ...

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    5. (argento - eleitor em Greve à procura de político probo) ... como se diz na favela, haja "microondas" ...

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