Sandra Starling: Não sei como dar um título a coisas como estas…
Pensei em intitular como um circo o que anda acontecendo no
Congresso. Mas os circos merecem meu respeito e minha saudade. Um mau teatro?
Deles podemos escapar: é só não ir. Se a novela é ruim, a gente desliga a
televisão. Mas o que fazer com essas excelências?! Vejam só.
Ex-senador pelo PTB, Gim Argello – é aquele mesmo,
apadrinhado por Dilma e Renan que seria sabatinado por seus pares para ocupar
uma vaga de ministro do TCU e renunciou antes – mudou de nome parlamentar no
fim de seu mandato. Se alguém tentar saber algo sobre ele, no Senado Federal,
nada mais encontrará nas páginas oficiais. Teria morrido? Não! Está vivinho da
silva, mas não adota mais esse apelido de guerra. Voltou a ser o cidadão Jorge
Afonso Argello, seu nome de batismo. Até aí, tudo bem.
Todo mundo que usa um apelido – registrado na Justiça
Eleitoral –, como Chico Vigilante ou Tiririca, ou que só usa um sobrenome, tem
todo o direito de voltar a ser um cidadão comum e, como tal, readotar seu nome
completo. Eu mesma só assino Sandra Starling, quando, na verdade, sou Sandra
Meira Starling e, até hoje, tomo um susto ou não me reconheço quando, na fila
do médico ou de algum exame laboratorial, sou chamada por Sandra Meira. Mas
nunca vi ninguém mandar sumir de seu prontuário na Câmara dos Deputados ou no
Senado o nome que usou como parlamentar. Pois foi isso o que o Gim fez.
No dia 26 de dezembro do ano passado, requereu em ofício ao
presidente da Casa que fosse expungido de atas, projetos, relatórios,
requerimentos e discursos o nome que usava ao tempo em que circulava como
pajem-mor. Você, talvez, não se recorde: era aquele que, na campanha
presidencial de 2010, costumava acompanhar a candidata Dilma em suas caminhadas
matinais e andanças por missas nas cidades-satélite de Brasília. Deferido o ofício
em janeiro por Renan Calheiros, de Gim não resta rastro algum nos registros
oficiais do Senado. Talvez – quem sabe? – para não deixar evidências que lhe
criem embaraços em investigações judiciais a que já está submetido. Ou evitar
que possa ser mencionado na operação Lava-Jato, o que, aliás, já ocorreu.
Detalhe: o agora cidadão comum Jorge Afonso foi vice-presidente da CPI da
Petrobras do ano passado, aquela que nada concluiu sobre o que investigava.
Tudo isso posto, cabe perguntar: que nome dar a isso aí?!
Canalhice, minha cara...
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