Estatuto do Favelado

• Todos os civis que morrem alvejados quando há tiroteio em favelas são honestos e trabalhadores.
• Todas as balas que matam todos os civis que morrem alvejados quando há tiroteio em favelas são disparadas por policiais.
• Todos os traficantes e assassinos cujos quarteis-generais localizam-se nas favelas, quando são presos, transformam-se, por milagre, nos mais fieis e castos cristãos, com direito a Bíblias nos sovacos.
• Todas as favelas UPPzadas estão livres do tráfico sem que, para isso, tenha sido necessária a prisão de um traficante sequer.
• Todos os favelados UPPzados foram desarmados.
• Todo favelado tem o direito inalienável de destruir os patrimônios público e privado, caso um favelado honesto e trabalhador seja alvejado por quaisquer balas, já que elas são sempre disparadas por policiais.
• Todo favelado tem o direito de dizer que mora em uma comunidade, muito embora saiba-se que nem todos os habitantes das favelas têm interesses comuns.
• Todo postulante a favelado tem o direito de assentar seu barraco onde bem entender, sem pagar nada, mesmo que a área escolhida seja de preservação ambiental.
• Todo favelado tem o direito de encarapitar quantos andares quiser em cima do seu barraco, mesmo desobedecendo todas as normas de segurança conhecidas.
• Todo favelado tem direito a TV a cabo com sinal roubado.
• Todo favelado tem direito a fazer gato na eletricidade.
• Todo favelado tem direito à água, sem pagar por ela.
• Todo favelado tem direito a emporcalhar com seu lixo e esgoto as encostas dos morros, as ruas, os rios, as praias e o que mais estiver pela frente.
• Todo político tem o direito de fazer campanha em favelas para prometer coisas incumpríveis durante as campanhas eleitorais, desde que autorizado pelo respectivo traficante-em-chefe, para, depois de eleito, nunca mais aparecer por lá.
• Todo pastor evangélico tem o direito de erigir suas “igrejas” nas favelas.
• Todo pastor evangélico tem o dever de recomendar aos traficantes, seus fieis aliados, que destruam todos os vestígios de todas as outras religiões presentes nas favelas.