quarta-feira, 27 de maio de 2015

Chicô Buarq des Pays-Bas diz que temos medo que Lula volte e confessa que já foi ladrão de carros

Chicô, le fruit de la passion de tiroir,
vulgo maracujá de gaveta
Pasmem, senhores, o preâmbulo da entrevista de Chico Buarque ao El País é o seguinte:

“Há apenas uma coisa mais difícil de encontrar do que alguém que fale mal de Chico Buarque no Brasil: uma mulher que não seja apaixonada por ele. Olhos fascinantes de uma cor estranha entre verde, azul e cinza são uma lenda nacional. Suas canções, por si só, já fazem parte da história, da herança e da identidade diária de um povo. Por isso, é um pouco intimidante se aproximar do edifício de um bairro nobre do Rio de Janeiro (...)”

Tenho a impressão que Antonio Jiménez Barca, o autor da matéria, não tem a menor noção do que seja “falar mal”, já que, por escritos seus sobre a política daqui, parece que ele está no Brasil como correspondente do El País - em 2012 era correspondente em Lisboa - e deve(ria) saber muito bem que Chico é uma das figuras públicas mais criticadas atualmente.

Alguns trechos do que disse Chico:

P. No livro [o novo dele, O Irmão Alemão], o protagonista, parecido com o senhor, rouba carros para se divertir. O senhor fazia a mesma coisa?
R. Sim. Ia com um grupo de adolescentes do bairro, eram os tempos de James Dean, rock and roll, de uma juventude um pouco rebelde. Por isso que nosso esporte era roubar carros, circular com eles pela cidade e depois deixá-los no fim do mundo. Fui para a cadeia por isso uma vez. A polícia me deu uma surra. Bom, mas isso já havia contado. Eu mesmo disse antes que descobrissem. Tive sorte porque no dia que me prenderam meus pais não estavam em casa, estavam viajando, e foi minha irmã que me buscou. Eu então era bastante..., enfim, dei muito trabalho para minha família.

(...)

P. O senhor sempre teve uma posição política clara e explícita. Se opôs à ditadura e apoiou Lula e Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.
R. Sempre me perguntam quando há eleições. Eu tomo partido e não tenho qualquer problema em declarar isso. Sempre apoiei o PT, agora a Dilma Rousseff e antes o Lula. Apesar de não ser membro do partido, de ter minhas desavenças e de votar em outros candidatos e outros partidos em eleições locais. Mas sempre soube que o problema deste país é a miséria, a desigualdade. O PT não resolveu tudo, mas conseguiu atenuar. Isso é inegável. O PT tem melhorado as condições de vida da população mais pobre.

P. E como o senhor vê a situação atual?
R. Muito confusa, não há nenhuma maneira de saber o que vai acontecer nos próximos anos. A crise econômica é forte. É preciso tomar certas medidas impopulares. Ao mesmo tempo, a oposição é muito dura. E depois há uma onda de manifestações nas ruas que, na minha opinião, não têm um objetivo concreto ou claro. Entre aqueles que saem às ruas há de tudo, incluindo loucos pedindo um golpe militar. Outros querem acabar com o Partido dos Trabalhadores, querem enfraquecer o Governo para que, em 2018, o PT chegue desgastado nas eleições. O alvo não é a Dilma, mas o Lula; têm medo que Lula volte a se candidatar.

Pois é, a “oposição é muito dura” e nós estamos morrendo de “medo que Lula volte a se candidatar”...

Chico, vai tomar no centro para não gastar as beiradas!

Um comentário:

  1. Sinceramente, se eu morasse no mesmo prédio que o Chico, não o cumprimentaria caso encontrasse com ele no elevador, da mesma forma como os vizinhos do Nixon faziam. O motivo é simples, o Chico fala sobre política como se mensalão e petrolão não existissem, se ele ignora solenemente esses fatos, então também merece ser ignorado solenemente.

    PS. o entrevistador merece um prêmio por não perguntar (ou não publicar) nada sobre a roubalheira envolvendo Lula/Dilma/PT, é como falar sobre Nixon sem mencionar Watergate.

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