Rodrigo Constantino: Professores gaúchos assumem que querem
doutrinar ideologicamente mesmo
É um espanto! O advogado Miguel Nagib, criador da ONG Escola
Sem Partido, vai fazer uma palestra em Porto Alegre sobre o abuso da liberdade
de ensinar por parte dos professores, que muitas vezes mais parecem militantes
partidários. O que fazem os professores para reagir? Repudiam a liberdade do
palestrante de expor seu ponto de vista e, indiretamente, assumem que querem
doutrinar ideologicamente mesmo!
Sim, parece absurdo, e é. Mas foi o que fizeram nessa moção
de repúdio aos organizadores do evento. Vejam a nota dos “professores” na
íntegra. Volto depois:
Os professores do ensino privado do Rio Grande do Sul,
reunidos na assembleia geral do Sinpro/RS, repudiam a iniciativa do Sinepe/RS
de promover a palestra “Ideologização nas escolas: o abuso da liberdade de
ensinar”, de Miguel Nagib, fundador da ONG Escola sem partido, no Seminário de
Diretores a realizar-se no dia 26 de maio, em Porto Alegre.
O repúdio dos professores estende-se ao Projeto de Lei
867/2015 que pretende incluir entre as diretrizes e bases da educação nacional
o Programa Escola sem Partido, de autoria do deputado federal Izalci Ferreira
(PSDB/DF).
A iniciativa reabre o debate sobre a possibilidade da
“neutralidade” da ação educativa desprovida de concepção política. Retirar da
educação esse caráter é privá-la de sua essência. O que é a escola senão um
espaço essencialmente político com vista à escolarização da população,
capacitando-a a ler e escrever, produzir conhecimentos sobre o seu tempo e
espaço e estimular sua autonomia de pensamento?
O cinismo da “escola sem partido” explicita que o “sem
partido” é partidário, sim, de uma concepção ideológica evidente: a ideologia
liberal conservadora, alheia à agenda dos direitos humanos, avessa aos
movimentos sociais, suas reivindicações e a repercussão dessas no mundo da
escola.
Os professores reiteram que a escola deve ter o compromisso
de construir uma sociedade efetivamente democrática.
O silêncio que se pretende impor é uma forma brutal de
escamotear as desigualdades, injustiças e opressões que estão à vista de toda a
sociedade.
Nesse sentido os professores conclamam a comunidade escolar,
a sociedade gaúcha e as instituições nacionais comprometidas com a democracia,
com a liberdade e o respeito às diferenças a rechaçarem essa iniciativa legislativa
e a proliferação desse ideário nas escolas.
Notem a facilidade com a qual esses “professores” abusam de
certos conceitos como democracia e liberdade. Para eles, a escola é local de
politizar sim, ou seja, de introduzir a agenda partidária e ideológica que
abraçam como cidadãos. Isso, segundo eles, é garantir a “autonomia” dos alunos,
ou seja, eles devem ser expostos a todo tipo de bandeira “progressista” em nome
da democracia.
E para provar como são plurais, o que fazem? Tentam calar o
contraditório! Querem impedir a manifestação de quem discorda deles. Escrevem
uma moção de repúdio para pressionar a entidade a cancelar a palestra e nunca
mais convidar palestrantes que discordam de sua agenda “social”. É o apreço que
demonstram pela liberdade na prática: nulo!
Esses “professores” admitem publicamente que não existe
neutralidade possível, nem mesmo como objetivo nobre. Para eles, querer ser
neutro e deixar o partido ou a ideologia de fora das salas de aula já é algo de
conservador ou liberal. Logo, como todos possuem algum viés, então vamos logo
escancarar e enfiar ideologia goela abaixo dos alunos indefesos!
Claro, nem toda ideologia, pois quando um liberal ou
conservador aparece para defender a neutralidade como meta, é logo rechaçado
com uma moção de repúdio. Deve se calar, e deixar o ambiente livre para os
“democratas” que defendem o MST ou a ditadura cubana. Entenderam?
É tudo muito bizarro. E são “professores” assim que estão
destruindo nossas crianças, incutindo nelas slogans marxistas, vendendo
bandeiras ideológicas e partidárias como soluções mágicas e subvertendo valores
e conceitos, como democracia e liberdade. Precisamos combater esses militantes
disfarçados de professores o quanto antes. Essa é a luta para salvar nosso país
das garras desses socialistas.
Tanto que será o tema do meu próximo livro, que vai contar
justamente com a parceria de Miguel Nagib. Não vamos aceitar calados essa
tentativa de se transformar as escolas e universidades em braços partidários de
gente sem escrúpulos, que enxerga os alunos como massa de manobra para seus
anseios utópicos e arrogantes de “reconstruir a sociedade”.
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