Antes do artigo um pouco óbvio, mas bem alinhavado, eu gostaria de dar um pitaco. Bolsonaro e Lula não podem ser enquadrados como direita e esquerda. Suas parcas educações e sumárias culturas estão longe de ser suficientes para que se lhes atribua alguma ideologia, a não ser que se considere o poder pelo poder como tal.
Fernando Schüler, na Folha
Há uma sensação de insegurança em nossas cidades e de
incerteza em nossa democracia. As pessoas desejam ordem. O ponto de Bolsonaro
não é discutir se a idade mínima da aposentadoria deve ser aos 60 ou 65 anos,
mas insistir em uma pergunta muito simples: quando seus filhos saem à noite,
você tem certeza de que eles irão voltar?
Ok, tudo isto faz parte de uma estratégia. Bolsonaro está
longe de ter um programa estruturado para a segurança pública. Ele sabe que
isso conta muito pouco em uma eleição. Seu ponto é encarnar a imagem do homem
providencial que bate no peito e dá conta do problema.
Vai daí o repertório de frases de efeito e a agenda genérica
envolvendo a crítica aos direitos humanos, amplo direito ao porte de arma,
redução da maioridade penal e aprovação do chamado excludente de ilicitude,
que, no limite, dá carta branca para a polícia “fazer o seu serviço”.
O foco de Bolsonaro parece bastante claro: ele confia que
esta é uma eleição pulverizada e que é possível a um candidato chegar ao
segundo turno com menos de 20% dos votos. Isto posto, suas posições extremadas
e favoráveis ao regime militar (sob muitos aspectos inaceitáveis) estão longe
de ser um problema.
Pesquisa do Pew Research Center mostrou que 38% dos
brasileiros simpatizam com a ideia de um governo militar, percentual acima da
média latino-americana. Entre os que não têm ensino médio completo, o apoio
aumenta e vai a 45% da população.
Mesmo contando relativamente pouco para o sucesso ou
insucesso eleitoral, vale perguntar qual é, afinal de contas, a visão econômica
de Bolsonaro. Sua retórica é incerta, mas não é difícil ter uma ideia
aproximada do que pensa o deputado observando suas votações no Congresso.
Se tomarmos sete votações estratégicas, de um ponto de vista
econômico, teremos o seguinte quadro: Bolsonaro se absteve na votação da Lei da
Terceirização; apoiou a PEC do teto, o fim da participação obrigatória da
Petrobras no pré-sal, a reforma trabalhista e a criação da TLP; foi contra a
reforma da Previdência e a recente Lei do Cadastro Positivo. Na votação sobre
os aplicativos de transporte urbanos, não compareceu.
Este histórico não autoriza, ao menos não de forma nítida, a
definição de Rodrigo Maia, segundo a qual Bolsonaro seria um tipo de direita,
nos valores, e de esquerda, na economia. A ideia é sedutora.
Ao contrário do que ocorreu no mundo anglosaxônico, com sua
mescla de conservadorismo cultural e liberalismo econômico, teríamos criado a
síntese brasileira: o direitismo de esquerda.
Mas o fato é que isto é apenas uma meia verdade. Bolsonaro é
um personagem dúbio. Ele diz que até pode ser a favor da privatização da
Petrobras, mas com uma golden share e dependendo de quem serão os compradores.
Sobre a autonomia do Banco Central, foi bastante objetivo,
defendendo “mandatos e metas de inflação claras, aprovadas pelo Congresso”.
Sua aproximação a Paulo Guedes e economistas liberais, que
parece bastante sólida, sugere um personagem em transição entre o nacionalismo
folclórico, do início da carreira, a posições pró-mercado pontuadas por
eventuais recaídas, marcadas pela fraseologia contra o sistema financeiro e
coisas do tipo.
Bolsonaro é um caso típico de populista em um dos sentidos
sugeridos por Joel Pinheiro da Fonseca: na aposta na lógica da divisão social,
do nós contra eles, na ideia vaga, ainda que sedutora, dos “cidadãos de bem
contra a elite progressista que quer corrompê-los”.
Neste ponto, ele não se distingue muito da esquerda, na mão
inversa. É uma retórica eficiente, nestes tempos em que a democracia foi
assaltada pela guerra cultural.
Quanto à agenda econômica, não é clara a associação de
Bolsonaro ao populismo. Suas posições recentes, no Congresso, não autorizam
objetivamente este enquadramento.
O ponto é que tudo isso parece andar distante da demanda dos
eleitores e do debate que se estabeleceu, pelo menos até agora, na corrida
eleitoral. O futuro dirá para onde exatamente caminhamos.
Por favor, voce nao compara alguem que e um Capitao do Exercito, com formacao Universitaria, nunca recebeu propinas em toda sua vida politica, nao foi citado nunca na Lava-Jato, com um semi-analfabeto que nao concluiu nem a QUARTA SERIE, que ja tem 12 anos e um mes para cumprir na cadeia por Lavagem de Dinheiro e corrupcao e que esconde atraves de seus "laranjas" UM TRILHAO de reais roubados do povo e que roubou e teve que devolver ONZE CAMINHOES de preciosidades do Palacio do governo. Vai? E obvio que um indiviuo como esse ultimo nunca poderia ser considerado um patriota, nem idealista mas sim um traidor da Patria, enquanto que Bolsonaro e um verdadeiro patriota, cumpridor das leis, tem vida ilibada e tem um ideal a cumprir que e trazer de volta a democracia que perdemos com os comunistas de nossa Historia recente como FHC, Lula, Dilma, Temer. Por favor, nao compare com quem nem candidato pode ser e ja foi ate presidente e so fez ROUBAR, ROUBAR, ROUBAR. Entao como comparar??? IMPOSSIVEL.
ResponderExcluirPra começar, Bolsonaro não tem formação universitária. O que ele fez foi a Academia Militar das Agulhas Negras. Mas isso não importa na comparação até porque inteligência não se mede por aí. O fato é que a sua avaliação na Academia não era das melhores já que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente", além de ter "permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos", segundo seus superiores. De mais a mais, sua carreira de 27 anos na Câmara foi um zero à esquerda. Aliás bem à esquerda.
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