terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Meu caro amigo

Ricardo Rangel

Meu caro amigo,

Todos sabemos que não existem provas, mas é bom recapitular e analisar os fatos para calar a boca dos golpistas.

Os depoimentos de Marcelo e Emílio Odebrecht, Léo Pinheiro, Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, João e Mônica Santana, Delcídio do Amaral, Antonio Palocci, Pedro Corrêa e outros acusando Lula de nada valem: são criminosos que têm ou querem acordos de delação (perdem os acordos, se mentirem, mas isso não tem a menor importância).

Marisa queria comprar um apartamento-padrão, mas, por engano, assinou uma proposta de que constava o número da cobertura. Isso é apenas um erro, não quer dizer nada, tanto que depois a proposta foi rasurada e emendada com o número certo. E o termo de adesão, de que consta o número da cobertura, então, nem sequer tem assinatura, é totalmente irrelevante.

A OAS é uma das maiores empreiteiras do Brasil, nunca fez um projeto residencial, mas nada a impedia de assumir um empreendimento quebrado, em que, coincidentemente, o ex-presidente tinha um apartamento. Há uma primeira vez para tudo e coincidências acontecem.

Logo que a OAS assumiu, Lula ficou alguns anos sem pagar as prestações, é verdade. Mas falta de organização não é crime. E OAS não tomou o apartamento de volta nem cobrou judicialmente porque todo mundo sabe que Lula é um sujeito honesto, não ia dar calote.

Foi mesmo uma absurda falta de organização e desrespeito da OAS vender o apartamento-padrão de Lula sem nada lhe perguntar: a empresa deve a ele um pedido de desculpas e uma indenização. E o Lula não reclamou porque nem ficou sabendo, ora.

O presidente da República se abalou a ir ao Guarujá para conhecer uma cobertura em que não estava interessado porque seu amigo, Léo Pinheiro, pediu. Nada demais. E qual o problema de alguém que ganha milhões de reais por ano fazer um bico de corretor de imóveis? É um país livre, cada um faz o que quiser.

A OAS transformou a cobertura, que era duplex, em triplex, e fez uma obra de R$ 700 mil por quis, ora. O apartamento era dela, podia fazer o que quisesse, e bem terá feito se tiver aproveitado os palpites de pessoas sensatas como Lula e Marisa. Agora, por que a OAS nunca botou o triplex à venda e divulgou que já estava tudo vendido, isso não dá pra saber. Mas o Lula não tem nada com isso.

Depois da obra, Marisa e o filho voltaram ao triplex para ver se a obra ficou boa: não custava nada ajudar um amigo, e o Guarujá não é tão longe de São Bernardo assim. E Lula nem foi, o que mostra que não estava interessado.

A gerente da OAS e o dono da empresa que fez a reforma na cobertura são ambos idôneos e afirmam que o apartamento era de Lula, mas o que eles sabem? É pura fofoca. E o zelador, que diz que foi intimidado pela OAS para negar que o apartamento fosse de Lula, pode perfeitamente ter sido intimidado para afirmar que é. Aliás, Léo Pinheiro, interessado no acordo de delação, deve ter mandado intimidar todos.

É fácil constatar que Lula é vítima de uma conspiração judicial. Sergio Moro, já sabemos, é agente do FBI. Em breve descobriremos as conexões inconfessáveis de Gebran, Paulsen e Laus — aliás, com esses nomes, pode haver gente mais elite branca de olhos azuis?

Não passarão!

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Meu caro amigo lulista, não sei por quê, mas me lembrei da história do sujeito que desconfiava de que a mulher o traía e contratou um detetive para segui-la.

Passados uns dias, o detetive apresentou seu relatório. “Um homem não identificado veio buscar sua mulher em casa. Ela entrou no carro, cumprimentaram-se com um ardente beijo nos lábios e seguiram para um restaurante. Passaram o jantar inteiro de mãos dadas e olhos nos olhos, depois foram a um motel; uma vez dentro do quarto, beijaram-se sôfrega e apaixonadamente, um tirou a roupa do outro e deitaram-se, nus, na cama.”

“E aí?”, perguntou o homem, aflito.

“Aí não vi mais nada, porque ela apagou a luz.”

“Ai!”, exclamou, exasperado. “Essa dúvida! Essa dúvida é que me mata!”.

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Amigo lulista, não vamos perder tempo discutindo se os fatos e testemunhos acima constituem provas ou não. Apenas me diga: se tudo isso tivesse acontecido com qualquer pessoa no universo além de Lula, você lhe daria o benefício da dúvida?

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Caro amigo, a única coisa a favor de Lula é a nostalgia de um tempo em que o PT representava um sonho de esperança.

Esse tempo passou.

O sonho acabou.

Nas imortais palavras de Antonio Palocci: “Nós, que nascemos diferentes, que fizemos diferente, que sonhamos diferente, acabamos por legar ao país algo tão igual ao pior dos costumes políticos”.

É impossível defender Lula, e, a cada novo episódio, torna-se mais constrangedor tentar fazê-lo.

Amigo, você foi enganado, traído e roubado por Lula. É hora de parar de defendê-lo. Antes que surjam mais provas “inexistentes”. Porque elas vão surgir.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Uma lei só para Lula? Editorial do Estadão

Só pode ser piada de mau gosto a suposta disposição de convocação do plenário do STF para revisão da possibilidade de execução de pena após condenação em segunda instância

Certamente só pode ser uma piada de mau gosto a história, ventilada nos últimos dias, a respeito da suposta disposição da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, de convocar o mais rápido possível o plenário da Suprema Corte para uma revisão da possibilidade de execução de pena após condenação em segunda instância. Se isso ocorresse, o STF estaria abandonando sua função de corte constitucional – responsável por aplicar a Constituição e assegurar o equilíbrio de todo o sistema de Justiça – para se transformar em casa de benemerência para o sr. Lula da Silva.

Em 2016, o STF firmou jurisprudência no sentido de que, após a condenação penal em segunda instância, é possível dar início ao cumprimento da pena. Restabelecia-se, assim, o entendimento de que não é necessário esgotar todos os recursos para que o réu possa ser preso. Na ocasião, a maioria dos ministros entendeu que a prisão após a condenação em segunda instância não fere o princípio da presunção da inocência, já que, nesses casos, a presunção foi esgotada, juntamente com o exame dos fatos que configuram a culpa. Recursos posteriores referem-se exclusivamente a questões de direito.

A decisão do STF de permitir a prisão após condenação em segunda instância foi um passo importante para combater a lentidão da Justiça, que tanto alimenta a sensação de impunidade no País. Com frequência, os vários recursos previstos no Código de Processo Penal eram utilizados simplesmente para protelar o início do cumprimento da pena. O réu que podia contar com bons advogados conseguia alguns anos a mais em liberdade, mesmo que um órgão colegiado já o tivesse condenado.

Naturalmente, a nova posição do STF sobre o início do cumprimento da pena enfrentou resistências. Muita gente que estava conseguindo retardar sua ida à cadeia por meio de habilidosos recursos teve de acertar, mais cedo do que esperava, as suas contas com a Justiça. No entanto, mesmo com todos esses protestos, a Suprema Corte manteve-se firme em sua jurisprudência.

De lá para cá, o assunto de uma eventual revisão da prisão após a condenação em segunda instância veio à baila algumas vezes, quase sempre estimulado por gente interessada numa Justiça mais lenta e menos efetiva. De toda forma, a Suprema Corte não voltou ao tema.

Só faltaria que agora, sem qualquer motivo razoável para rever o tema, o STF achasse que lhe cabe proteger o sr. Lula da Silva das consequências da lei e se dispusesse a criar uma jurisprudência específica para o cacique petista. É preciso ter claro que qualquer facilidade para o sr. Lula da Silva seria um tremendo desrespeito ao princípio, essencial na República, de que todos são iguais perante a lei.

Seria um absurdo achar que a condenação em segunda instância do sr. Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro possa ser motivo para a Suprema Corte reavaliar o seu posicionamento sobre o início da pena. A lei deve valer para todos e, por consequência, não devem ser feitas leis ad hoc, para casos específicos. Esse tipo de manobra é incompatível com o Estado Democrático de Direito.

A história nacional coleciona alguns desses casos esdrúxulos, nos quais o Direito foi mudado especificamente para atender ao interesse de algum poderoso da ocasião. Ficou famosa, por exemplo, a Lei Teresoca (Decreto-Lei 4.737, de 1942), criada sob medida por Getúlio Vargas para que Assis Chateaubriand obtivesse a guarda da filha Teresa.

O Brasil dispensa uma lei ou uma jurisprudência Lulinha. Que as Leis Teresocas fiquem no passado e na história, para que a lição do que não fazer esteja sempre presente.

É, portanto, ultrajante ao bom nome do Supremo dar a entender que ele poderia se prestar a esse tipo de serviço, como se a presidente da Suprema Corte estivesse agora a se preocupar com os dias futuros de um cidadão condenado em segunda instância por usar seu cargo público para obter favores pessoais. A função do STF é exatamente assegurar que essas manobras não ocorram e que a Constituição valha para todos, sem exceções.


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A canalhice maquiada dos petralhas

Petista maquiado aguardando o momento de correr pra imprensa e gritar que a polícia o agrediu!

Quem sai aos seus não degenera

Magaly Cabral reclamou das algemas do filhinho.

Como dizia meu pai, quem sai aos seus não degenera. Magaly foi indicada pelo governo Lula para diretora do Museu da República em 2009, quando Lula e Cabral eram amiguinhos inseparáveis, e ficou até o ano passado. Segundo consta, era figura bissexta no Museu.

Já Sergio Cabral pai foi nomeado por influência do filho - presidente da Alerj - em 1994, como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, cujo salário é vitalício e equivale ao de um desembargador (mais de 24 mil). Durante seu mandato, uma das proezas que conseguiu foi ter o seu motorista oficial assaltado - levaram o carro oficial também - enquanto esperava o chefe, que bebia tranquilamente num boteco na rua Bolívar em plena hora de expediente...


O comboio da muamba petralha

José Guimarães, aquele marginal dos dólares na cueca, ainda solto, publicou uma foto ontem no Twitter, dizendo que era a caravana em solidariedade a Lula, só que a foto original, de 04/10/2002, tem o título “Comboio da muamba em Foz do Iguaçu”.

Esses calhordas não se emendam.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Anistia ampla aos corruptos é uma trama diabólica que o país não pode aceitar - Jorge Béja

O golpe está previsto para depois das eleições, mas antes do final da atual legislatura.

Existem três institutos constitucionais que neste Brasil corrupto podem servir de instrumentos desmoralizadores da Justiça, causadores de revolta na população, expositores do país à censura e ao ridículo internacionais e contempladores de prêmios e benesses a perigosos malfeitores que jamais poderiam voltar ao convívio social. São eles: Anistia, Graça e Indulto. Estes últimos (Graça e Indulto) são prerrogativa do Presidente da República. E nesta última edição (Indulto Natalino de 2017) quase, quase, não se transformou em Anistia, que só pode ser concedida pelo Congresso Nacional, através de lei ordinária.

Por muito pouco - e graça à intervenção da procuradora-Geral da República, que foi ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu suspender os efeitos e eficácia da malandragem que o presidente Temer usou ao editá-lo - o Indulto Natalino de 2017 não se transformou numa espécie de Anistia, travestida de Indulto.

UM PERDÃO - A Anistia é um benefício que somente o Congresso Nacional pode conceder e implica no “perdão” à prática de um fato criminoso. Geralmente destina-se a crimes políticos, mas nada impede que possa também abranger todas as outras figuras de delitos. Sua concessão pode se dar antes do trânsito em julgado da condenação (Anistia Própria) e depois do trânsito em julgado (Anistia Imprópria).

A Anistia pode ser restrita (quando exige primariedade do agente, por exemplo); irrestrita (quando a todos os autores de crimes atinge, indistintamente, também chamada de Anistia comum ). E se o anistiado cometer novo crime não será considerado reincidente.

NO FIM DO ANO - O leitor já imaginou que, no apagar das luzes da legislatura de 2018(*), Câmara e Senado venham aprovar uma lei para anistiar todos os que estão sendo indiciados, processados e já foram condenados pelos crimes oriundos do Mensalão, da Lava Jato e de todas as demais operações congêneres e daquelas derivadas? Se não imaginou, então passe a imaginar.

Será no final da legislatura de 2018(*), porque deputados e senadores, que não forem eleitos no próximo pleito de Outubro, nada têm a perder ao votar a favor da Anistia. E os que se elegeram (ou reelegeram) nem se importam com o mau conceito que os eleitores deles farão. Afinal de contas, todos ainda terão mandatos por mais 4 (deputados) e 8 anos (senadores) e eles sabem que o povo até se esquece em quem votou.

AMEAÇA CONCRETA - Não. Não é exercício de raciocínio. Não é futurologia. Não é “Fake News”. É verdade, tão verdadeira que Eduardo Cunha e Sérgio Cabral, para citar apenas dois condenados, não estão nem um pouquinho preocupados com os já anunciados 386 e 87 anos de condenação que, até aqui e por ora, a Justiça pode impor à dupla. Eles sabem que um rascunho de lei de Anistia já está sendo redigido,revisado, e tudo às escondidas, até que o projeto de lei ordinária seja apresentado e votado em caráter de urgência urgentíssima.

Mas ainda existem dúvidas e embaraços tanto na Exposição de Motivos quanto nos artigos desta lei, tão indigna quanto seus autores e tantos quantos a aprovarem. Mas uma vez aprovada, muito pouco ou quase nada poderá ser feito para invalidá-la, visto que o Congresso é competente e soberano para criar esta monstruosidade.

É CONSTITUCIONAL - E como arguir sua eventual inconstitucionalidade, se a própria Constituição, para tanto, autoriza e outorga uma espécie de soberania intocável ao Parlamento? Chega a ser quase um ato discricionário do Congresso. E todo ato discricionário só depende de conveniência e oportunidade de quem deseja baixá-lo ou editá-lo. E nada mais.

Vai aqui uma rápida antecipação do que já está sendo concretamente cogitado, exposto e motivado. Que nenhum dos crimes foi praticado mediante violência e que nenhum tiro foi disparado… Que o prejuízo foi apenas de ordem financeira, patrimonial, plenamente ressarcível… Que investigados, indiciados, processados, delatores, delatados e condenados não são criminosos comuns, mas figuras de relevância no cenário político e institucional e que, por razões que a própria razão desconhece, cometeram deslizes veniais… Que todos são seres humanos, também susceptíveis de cometerem erros… Que todos têm famílias constituídas, muitos com idades avançadas e que estão mergulhados em grande sofrimento…

OUTROS “ARGUMENTOS” - Que o Estado Democrático de Direito não pode compactuar com “apedrejamentos” políticos contra os que dedicaram suas vidas à causa pública, ainda que tenham, neste ou naquele momento, nesta ou naquela ocasião, fraquejado, por um instante ou mesmo por repetitivos instantes… Que suas virtudes, tentos, realizações e conquistas em benefício do povo brasileiro não podem ser esquecidos, esmagados e superados por humanas faltas cometidas… Que proveito terá a Nação ao ver seus súditos e filhos encarcerados por poucos ou muitos anos, se contra eles não se aponta a menor periculosidade contra o próximo e o convívio social?

Isso e muito mais está em andamento, senhores leitores. Aqui não vai um “furo” jornalístico, porque quem escreve não é jornalista. Mas como advogado, aos 71 de idade, vida social, pessoal e profissional honesta, ilibada e jamais disposto a silenciar diante de um escandaloso ultraje que se desenha contra o povo, a Justiça, a ordem e o progresso de meu país, minha consciência ordena que é urgente que meus patrícios saibam da trama que está para acontecer. Mas não será legal? Sim, a Anistia, tal como aqui exposto, é instituto do Direito Constitucional. Mas nem tudo que é legal é moral. Exemplo: devedor de dívida prescrita não está legalmente obrigado a fazer o pagamento ao credor. E moralmente?

(*) Béja fez confusão com a atual 55ª legislatura. Ela não é de 2018 e sim de 2015 (até 2019).


domingo, 21 de janeiro de 2018

Eleitores têm que ajudar a Justiça

Vamos dar uma mãozinha à Justiça não reelegendo esses 23 senadores investigados na Lava Jato - para cargo nenhum - para que percam o Foro Privilegiado e tenham um julgamento justo.

Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes (PSDB-SP)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Braga (PMDB-AM)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-RJ)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
Jorge Viana (PT-AC)
José Agripino Maia (DEM-RN)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)


quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Barangorium Petensis

Legítimas exemplares de Barangorium Petensis dando uma demonstração de democracia (???) enquanto um autêntico Asinus Petensis abolça - vulgo vomita - coliformes fecais provenientes do que se convencionou chamar de cérebro.
Isto foi a prévia do que deve ter sido o encontro de Luivináfio com “intelequituais” e rouanetes no teatro Casa Grande anteontem.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Lula vai para a Etiópia dia 26. Será que volta?

Interessante:

Lula foi autorizado a ir para a Etiópia - que não tem tratado de extradição conosco - no dia 26.

As coincidências não param por aí. O pretexto é um congresso da FAO, entidade da ONU presidida pelo amigão de Lula, José Graziano, que obviamente estará presente.

Pergunto: a troco de que convidar um vira-latas que não representa mais nada em detrimento de autoridades do atual governo?

Aí tem!

P.S. às 13:32: O evento de Lula na Etiópia, marcado para o dia 26, não consta da agenda oficial da FAO.

Agora não há mais dúvida: é mutreta!

O que pensa Bolsonaro (ele pensa?...)

Em entrevista à Folha nesta quinta (11), o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) voltou a criticar o jornal e a defender o recebimento de auxílio-moradia da Câmara, mesmo tendo imóvel próprio em Brasília.

Ele disse que pretende vendê-lo e pedir apartamento funcional. Questionado se usou o dinheiro do benefício para comprar seu apartamento, ele respondeu: “Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio moradia eu usava pra comer gente”.

Ele nega ainda irregularidades na construção de seu patrimônio.

A Folha publicou no domingo (7) que o presidenciável e seus três filhos parlamentares multiplicaram o patrimônio na política, reunindo atualmente 13 imóveis em áreas valorizadas do Rio e de Brasília, com preço de mercado de cerca de R$ 15 milhões.

A entrevista não foi agendada. A Folha encontrou-se com o presidenciável na porta de sua casa em Angra dos Reis, durante apuração sobre servidora lotada em seu gabinete.


Folha - O sr. tem escritório em Angra?
Jair Bolsonaro - Não tenho escritório, ou você quer que eu tenha escritório? Como posso ter escritório aqui? Posso ter funcionário lotado no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, como parlamentar. Não posso ter no Ceará, por exemplo. Se eu for abrir escritório em Resende, abrir em Angra, [já] tenho em Niterói, vou abrir quatro escritórios, vou pagar como?

A gente conversou aqui com algumas pessoas e todas identificam a Walderice (servidora da Câmara) e o Denilson como funcionários, caseiros.
Não são funcionários, a Wal raramente entra aqui, é esposa dele, não queira forçar uma barra...

O sr. afirmou que a Wal é comissionada (na Câmara). O que ela faz?
Ela faz o que qualquer comissionado faz. Qualquer problema da região ela entra em contato com o chefe de gabinete, tenho 15 funcionários no Estado do Rio de Janeiro.

Que tipo de problema?
Uma carência da prefeitura, para que um parlamentar possa apresentar uma emenda pra cá. O prefeito, atualmente, me dou muito bem com ele.

Mas o sr. tem quantos funcionários além dela?
Tem aqui, tem em Resende, tem no Rio de Janeiro, tem no DF.

Tem um período em que ela até virou “chefe de gabinete”?
Negativo.

Teve sim, em 2011 e 2012.
Chefe de gabinete? É comissionado, lá em Brasília, como é chefe de gabinete? O que acontece? De vez em quando o que acontece? Há um funcionário demitido, então aquela verba a gente destina por um funcionário por pouquíssimo tempo, é isso o que acontece. São pessoas paupérrimas aqui na região. Vocês querem criar um fato, não vão conseguir criar um fato.

O sr. fala que ela fica aqui atendendo demandas da região...
Sim, mas não tem uma vida constante nisso. É o tempo todo na rua? Não, não, ela lê jornais, acompanha o que acontece, faz contato comigo, não tem nada a ver com a casa.

Por que o senhor não responde as 32 perguntas que a Folha mandou (sobre patrimônio)?
Eu tenho obrigação? É CPI agora? Pergunta ao vivo que eu te respondo. Eu tô gravando agora, para vocês pinçar [sic] o que interessa... eu sei a serviço de quem vocês estão, vocês estão a serviço de me desestabilizar. Esse é o trabalho, que não é teu. Porque você, com todo respeito, você merece respeito, mas os interesses da Folha estão acima do seu conhecimento. Para vocês interessa qualquer um presidente da República, menos Jair Bolsonaro. Afinal de contas, aquela mamata de vocês, de milhões ao longo do governo do PT, aquela mamata da Folha vai deixar de existir. Dinheiro não é para dar pra vocês da imprensa desinformar, publicar mentiras ou meias verdades, o dinheiro público é para anteder à população, não pra atender vocês.

[Vídeo divulgado por Bolsonaro no dia 10 afirma que a Folha publica “mentiras”. “Imprensa que se presta a desinformar, publicar mentiras ou meia-verdades de acordo com seu interesse político não pode continuar recebendo recurso público. Folha de S.Paulo, isso um dia vai acabar.”
O vídeo reproduzia texto afirmando que “Grupo UOL (Folha de SP) recebeu aporte de mais de R$ 225 milhões durante o governo petista”. O texto diz ainda que, “coincidência ou não, o banco BTG Pactual (de André Esteves) tem 5,9% de ações do UOL”.
O UOL recebeu um financiamento da Finep, agência pública que incentiva empresas que investem em inovação, não um aporte. O BTG tem participação acionária minoritária no UOL, mas nenhuma relação com a Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha.]

O senhor falou em um vídeo no Facebook na noite de quarta que está pensando em abrir mão do auxílio-moradia e vender seu apartamento.
Sim, olha só. O que eu devo fazer? Chegando lá em janeiro, acabando o recesso [parlamentar], vou pedir o apartamento funcional, inclusive tem mais ou menos 60m2 o meu apartamento, vou passar para um de 200m2, espero que pegue com hidromassagem, ok? Eu vou morar numa mansão, não vou pagar segurança, não vou pagar IPTU, no meu eu pago, não vou pagar condomínio, no meu eu pago, eu vou ter paz.

O senhor utilizou, em algum momento, o dinheiro que recebia de auxílio-moradia para pagar esse apartamento?
Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio moradia eu usava pra comer gente, tá satisfeita agora ou não? Você tá satisfeita agora?

Eu estou satisfeita pelo senhor dar uma resposta.
Porque essa é a resposta que você merece. É a resposta que você merece (...) O dinheiro que entra do auxílio-moradia eu dormia em hotel, eu dormia em casa de colega militar em Brasília, o dinheiro foi gasto em alguma coisa ou você quer que eu preste continha: olha, recebi R$ 3 mil, gastei R$ 2 mil em hotel, vou devolver mil, tem cabimento isso?

Diversos colegas do senhor fazem isso. O auxílio-moradia tem uma modalidade que você recebe em dinheiro e outra que recebe em depósito e presta contas. A maioria dos colegas do senhor faz isso.
Dorme em hotel, flat, geralmente hotel. Ninguém pega dinheiro. Ele apresenta a nota, até aquele limite, R$ 6 mil, o dinheiro é ressarcido para a conta dele. Qual a diferença?

A diferença é que ele comprova o uso para o auxílio-moradia.
Nenhuma nota técnica da Câmara, nada. Nada da Câmara diz o que você tá falando. Não diz que é proibido o parlamentar que por ventura tenha casa...

Mas o senhor acha...
Não tem acha. Não vem com esse papo de acha.

É porque o senhor tem discurso de moralidade.
Sim, sim. Discurso, não. Prática. Por que vocês nunca publicaram na Folha que o Joaquim Barbosa me citou no mensalão? Peraí, me responda. Por que na Folha vocês nunca publicaram que o Joaquim Barbosa me citou no mensalão?

Deputado, vamos voltar, o sr está aqui para responder pergunta.
Que estou aqui pra responder pergunta, estou te atendendo, em consideração.

Por que o sr. não tem o mesmo comportamento do auxílio-moradia com a verba da Câmara que o sr. se orgulha de ter devolvido?
Opção. Onde eu errei aí? Onde eu estou em curso em alguma lei, onde cometi algum crime?

O sr. não considera que foi um erro?
Não. É um direito que eu tenho. Onde tem alguma instrução na Câmara que diz que quem tem imóvel em Brasília não pode receber auxílio-moradia?

O sr. não acha também que é uma contradição com seu discurso?
Negativo. Eu poderia, esses R$ 100 e pouco mil que devolvi do ano passado, ter encomendado trabalho em gráfica, pago matéria em jornal. Eu poderia ter pago matéria em jornal.

A diferença objetiva entre auxílio-moradia e a verba da Câmara é que a verba da Câmara não vai para o sr. O auxílio-moradia vai para o sr.
Oh, meu Deus do céu. Dá na mesma, cara.

Vamos falar do seu patrimônio. O senhor estava criticando o fato de a Folha ter divulgado o valor do patrimônio do sr., da sua família.
Peraí, você tem que divulgar é o meu patrimônio. Daqui a pouco vão querer pegar minha mãe, com 91 anos de idade. Começar a levantar a vida dela.

Pegamos só dos parlamentares.
Peraí. Você vai pegar da minha mãe daqui a pouco. Meu pai já morreu. dos meus irmãos. Ok? Tem que pegar o meu. Esquece meus filhos. Se o meu filho assaltar um banco agora ou ganhar na Mega Sena, é problema dele, não é meu.

O senhor, por exemplo, quando colocou a economia que o senhor fez (com dinheiro da Câmara), colocou a sua junto com a do seu filho do lado. É a mesma forma como tratamos na matéria. Fizemos levantamento dos parlamentares. Não envolvemos nenhuma pessoa da família que não seja político.
Tem familiares que são igual cão e gato, não se dão. Você tem que levantar a minha vida. Igual, pegaram meu irmão em SP. Pegaram um tempo atrás, funcionário fantasma da Alerj. Não foram vocês dessa vez. Funcionário fantasma. Quando fizeram a matéria, já tinha uma semana que tava demitido. Não foi demitido de forma retroativa. Ninguém, imprensa nenhuma falou... A Folha fez a matéria, depois bateu em cima, não sei quem foi, Record ou SBT. Não diz quem foi que empregou meu irmão em SP. Não disseram. O objetivo é atingir a mim.

A gente procurou o senhor.
Ah, procurou, procurou. Eu tenho obrigação de atender?

Não tem obrigação, mas tem que dizer que a gente procurou.
Não procuraram. Estão mentindo. Não me procuraram. No meu telefone, não.

Procuramos sim, senhor. Procuramos no telefone do senhor, no telefone do Eduardo.
Vocês têm medo de falar comigo.

Não temos medo.
Têm, sim. Várias vezes, entrevista em Brasília, depois de duas vezes que fiz com vocês, se negaram...

Deputado, aqui não é uma disputa de quem é mais corajoso. A gente está em uma conversa sobre...
Auxílio-moradia.

Não, auxílio-moradia a gente já passou.
Patrimônio.

Agora sobre patrimônio.
Patrimônio meu está aí. Bem, vamos lá. O Janot, isso tem uns 3 ou 4 anos, disse que não tinha qualquer indicio de crime na transação.

O senhor tem duas casas num condomínio. A casa 58 e a casa 36. Estão no nome do senhor. Está correta essa informação?
Tá certo.

A casa 58 o senhor comprou em 2009. Está correto?
Tá.

E a 36?
Em 2012, se não me engano.

E como é que foi a compra da 58?
Tá no contrato, cara. Eu estava procurando casa no condomínio porque eu morava de aluguel e apareceu essa oportunidade. O vizinho resolveu vender pra mim porque deu preferência por ser que não vai dar problema pra ele. É simples. O preço que ele botou lá é problema dele, não é meu.

Mas o senhor não acha curioso, estranho, o fato de ela ter comprado 4 meses antes por R$ 580 mil?
Não acho estranho.

Ela ter declarado à Folha que reformou o imóvel para vender e depois da reforma ela vendeu por R$ 400 mil?
Quando eu entrei na casa, ela estava pintada, ela estava caiada, a reforma foi caiar a casa, mais nada. Aquilo não foi reforma que fizeram. Tanto é que, quando eu entrei, tive que refazer tudo. O mais fácil, se eu tivesse recurso, era botar a casa no chão e fazer outra.

O ITBI estava calculado em R$ 1 milhão e o senhor pagou R$ 400 mil.
O ITBI não é em função do que você paga, ele é em função do valor venal, você não tem como sonegar o ITBI.

Mas o senhor recorreu [do valor cobrado no ITBI]? Porque o senhor acabou pagando o dobro de imposto.
Eu não quis recorrer, o meu advogado não quis recorrer.

O senhor pode explicar para quem não entendeu?
Lá, por exemplo, as casas, 90% das casas não têm habite-se, aquelas ruas nossas, com uma chuva um pouco além do normal, ela alaga.

Deputado, a gente está falando de um condomínio na rua Lúcio Costa.
É um bom condomínio, sim. O total da área, da minha casa, é de 240m2.

290 e pouco, segundo o IPTU.
Não é 450m2, que é o padrão que tem por aí.

Há diferença entre o que o senhor pagou e o que foi calculado pela prefeitura. A que o senhor atribui essa diferença?
O meu corretor que fez a compra. Você acha que foi sair de Brasília e ficar 2, 3 dias correndo cartório, tirando certidões negativas, o corretor que fez.

Em 1999, o senhor declarou em uma entrevista que sonegava, defendia a sonegação.
Sim. Mas pera aí, deixa eu complementar. Terminou? Vai, continue.

Esse modelo de compra que o senhor fez, o Coaf classifica atualmente como uma operação sob suspeita de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. O senhor sonegou impostos nessa operação?
Quando eu falei que sonegava... quem hoje em dia e no passado nunca se indignou com a sua carga tributária? Quem quer ter segurança tem que fazer o quê? Segurança particular, quem quer ter saúde, tem que colocar o filho em escola particular...educação. Quem quer ter saúde, precisa ter um plano. Foi um desabafo, e desabafo hoje de novo também. Hoje o povo, como um todo, só não sonega o que não pode, e é uma verdade isso daí. Eu, representando o povo, desabafei naquele momento isso.

Mas o sr., como homem do povo, o sr. acha...
Não é justo você sonegar. O injusto é o governo não dar nada em troca dos impostos que estão sendo arrecadados.

O sr. declarou que sonegou.
Eu nunca soneguei. Eu sonego... ‘Eu mato tudo quanto é bandido que vier pela frente’. Matei algum bandido?

Mas naquela declaração, o sr. falou...
Eu estava na televisão, desabafando a questão da carga tributária nossa.

Sim, e o sr. desabafou que sonegou um imposto.
Não desabafei. Falei ‘sonego tudo que é possível’. Como posso sonegar, por exemplo, ICMS?

Se o sr. sonega tudo o que é possível, o sr. confirma uma sonegação. Concorda?
Não é possível. Não, não, não. Negativo. Era um desabafo. Você acha que, na minha função de parlamentar, se eu fosse um sonegador, ia estar falando?

Mas o sr. falou.
Você acha? Eu tenho imunidade para falar, não é para entrar na Lava Jato. Tenho imunidade para falar o que bem entender. Sou o único deputado que não tenho imunidade parlamentar.

O sr. pode falar que cometeu uma sonegação fiscal?
Nunca cometi.

Mas por que o sr. afirmou naquela época?
Naquela época, eu estava reverberando, como agora poderia reverberar, um clamor popular.

O sr. pode reverberar defendendo a sonegação. Mas o sr., além de defender de defender a sonegação...
Pega a fita lá na íntegra.

Eu peguei. Além de defender a sonegação, o que seria um apoio à população, o sr., como pessoa física, reconheceu ter sonegado. Falou ‘sonego e recomendo a todas as pessoas que soneguem’.
Mas qual o problema? Estou desabafando.

Se o sr. sonega, é um problema fiscal.
Eu não sonego nada. Se houve um deslize num palavreado meu, é uma coisa. O que eu tava é reverberando a indignação popular.

Foi um deslize do sr.?
Hoje em dia, sim. Com a situação que estou, vou falar que foi deslize. Se eu chegar à Presidência da República, nós vamos tratar o dinheiro com zelo. Tanto é que não vai ter dinheiro para vocês da imprensa, que faz essa imprensa fake news como vocês aí. Então, a Folha fake news foi R$ 180 milhões, mais ou menos, no governo do PT. Essa grana vai para o povo.

O sr. acha o salário de deputado justo?
Para mim está excelente. Para mim sobra dinheiro demais.

Mas o sr. acha correto isso?
Pô, cara, você quer que eu devolva meu salário agora?

Não. Quero a sua opinião como pré-candidato a presidente.
Perto da população brasileira, é um salário astronômico.

O sr. acha correto seu salário?
Eu uso meu salário até para fazer campanha. Os 10% que tenho direito, até isso eu uso.

E por que, ainda assim, o sr. pega auxílio-moradia?
Você quer que eu faça o quê? Que eu ganhe um salário mínimo por mês? Quanto tu ganha na Folha?

Eu não sou funcionário público, não sou obrigado a responder isso.
Ah, é? Ah, é?

É.
Ah, é? Você não tem obrigação, você não tem obrigação, mas abre o jogo. Vamos abrir o jogo.

Eu sou da iniciativa privada
Vamos abrir o jogo. Fala o teu salário aqui. Quanto a ‘Foice de S. Paulo’ paga pra você? Conta aí. Vocês tão sem matéria mesmo, né? O Brasil, com 14 milhões de desempregados, roubalheira bilionária, a Petrobras afundada, vocês vêm me encher o saco por causa de um auxílio-moradia de R$ 3 mil.

Você acha que o trabalho da imprensa é encher o saco?
Porra, você está enchendo o saco, porra. Você está procurando ovo... cabelo em ovo, poxa. Você está preocupado... Fica tranquilo. A partir de fevereiro agora, eu vou ocupar um apartamento funcional...

Para que o senhor precisa de apartamento funcional se o sr. tem apartamento em Brasília?
Vou vender o de Brasília. Se quiser comprar, vou ver o preço de mercado.

Deputado, só para esclarecer uma coisa: nenhuma das duas matérias da Folha acusou o sr. que fez alguma coisa ilegal.
Vocês fizeram uma bomba de merda.

O sr. pode classificar como o sr. quiser. Mas o sr. usa como exemplo o fato de não usar dinheiro que a Câmara disponibiliza como uma forma de economizar dinheiro público, que o sr. tem zelo pelo dinheiro público. Mas por que o sr. não tem essa preocupação com o auxílio-moradia, que o sr. ganha R$ 3 mil em dinheiro com o desconto de Imposto de Renda. Ou seja, a Câmara oficializa um aumento de salário já porque gasta Imposto de Renda.
Pergunte ao quarto secretário.

Mas por que o sr....
O dinheiro é legal.

Mas o sr. diz que é diferente de todos os 512 deputados...
Eu poderia devolver o auxílio-moradia e usar a verba da Câmara para outra finalidade. Qual a diferença? No final dá a mesma coisa.

O sr. está tratando o cotão como se fosse uma propriedade do sr. Aquilo ali é para o usar para o seu mandato, para o que o sr. necessita, para atividades parlamentares. Se o sr. não precisa, não tem por que o sr. usar. O sr. não devolveu.
Por que o sr. não questiona outros parlamentares que usaram 100% do cotão?

Porque o sr. é pré-candidato à Presidência. O sr. está em segundo lugar...
Ah, o objetivo é este?

Claro.
Me colocar numa estação de quem está denunciado no mensalão, na questão do petrolão, quem recebeu dezenas de milhões de caixa dois para campanha... Auxílio-moradia, para vocês, vale a mesma coisa de quem recebe R$ 20 milhões do petrolão. Ah, está de brincadeira comigo, né?

O sr. está concorrendo ao principal cargo do país.
E é bom vocês torcerem para eu não chegar porque vai acabar a teta de vocês e você vai perder o teu emprego lá.

Por que? O sr. vai pedir a demissão? O sr. vai interferir na imprensa?
Não vai ter dinheiro para vocês. O dinheiro para imprensa vai ser para o povo.

Mas aí quem vai avaliar a verdade é o sr. como presidente?
Não vai ter dinheiro meu, se eu for presidente, no Orçamento para vocês.

Mas o sr. se incomoda com esse olhar da imprensa em relação ao sr.?
Se você faz a matéria justa, bota as datas que eu adquiri, bota a data de compra da época...

A gente traz data, deputado...
Não. Bota lá atrás a data que foi adquirido, preço de mercado.... Como falei para você agora: quer comprar um apartamento em Copacabana por R$ 100 mil?

Mas os R$ 400 mil da casa 58 não é preço de mercado.
Aquela localização é igual a um apartamento em Copacabana na Ladeira dos Tabajaras.

Na orla, na avenida Lúcio Costa?
Isso foi em 2009.

Mas é disso que a gente está falando.
Pergunta para quem me vendeu. É simples o negócio. Se eu quiser vender essa casa aqui para este cara aqui agora por R$ 50 mil, eu posso vender?

Se o sr. quiser...
Ah, bom.

Mas que vai ser estranho o sr. vender esta casa por R$ 50 mil, vai.
Mas se eu quiser vender.

O sr. não vai achar estranho?
Não acho estranho.

Não?
Não. Se eu tenho uma dívida de gratidão com a pessoa. Posso até doar a coisa.

Como presidente o sr. vai manter essa postura de não responder a imprensa?
Respondo a imprensa séria.

Qual imprensa? O sr. já criticou O Globo, já criticou a Folha, já criticou a TV Globo...
Tem imprensa que eu elogio.

Quem por exemplo?
No Nordeste, quase todos os jornais do Nordeste, quando eu vou lá, eu sou tratado com dignidade. No Nordeste, eu sou tratado com dignidade. Estive agora no ‘A Crítica’, em Manaus, pergunta, resposta, numa boa, tranquilo. E a matéria saiu com o que foi tratado no dia anterior.

Como deputado e se for presidente, o sr. acha que pode escolher a quem responder e quem não responder?
Se você perguntar da Folha, vou falar ‘fake news, passe pra outra’. Pode ter certeza.

É essa a postura que o sr. vai ter?
Para vocês da Folha, vai. ‘O Globo’ não. ‘O Estado de S. Paulo’ não. É o meu entendimento. Eu respondo a quem eu quiser.

Como presidente da República?
Eu respondo a quem eu quiser. Vocês da Folha eu não respondo. Vocês da Folha desistam. Não precisa ter aquele comitê de imprensa no Planalto. Sai fora que vocês não vão ter resposta nenhuma.

Então, por que o sr. recebeu a gente aqui hoje?
Vocês estavam aqui na frente, eu até considerei. Querem conhecer a casa não? Filma a casa aí.


Em 2017, fartura de “homenagens” seguiu caracterizando a obra dos vereadores do Rio

O Globo

No primeiro ano da atual legislatura, as homenagens foram fartas na Câmara Municipal do Rio: entre moções, medalhas e títulos honoríficos, houve nada menos que 4.460. Mas, no Palácio Pedro Ernesto, 2017 também foi marcado por muitas negociações entre vereadores e o Executivo.

Com um grupo frágil de apoio à sua administração, o prefeito Marcelo Crivella só conseguiu votos suficientes para aumentar o IPTU, por exemplo, após concordar em não reduzir drasticamente o número de isenções do imposto predial, o que beneficiou bases eleitorais de parlamentares. Além disso, ele teve de fazer mudanças no primeiro e no segundo escalões do governo para favorecer aliados da Casa, e, consequentemente, retaliar quem tinha cargos e se opôs aos seus projetos.

UM VEREADOR PRESO -Representada por 51 eleitos (33 deles tiveram mandatos renovados), a Câmara passou os últimos cinco meses com um vereador a menos. Doutor Gilberto (PMN), que também é médico legista, foi preso em 8 de agosto, acusado de participar de um esquema de cobrança de propina para liberar corpos no IML de Campo Grande.

Um habeas corpus o tirou da cadeia no início de dezembro, mas ele continua impedido, por medida cautelar, de reassumir o cargo. Para seu lugar, após 120 dias de vacância, assumiu o suplente Ulysses Marins (PMN). Sua produção legislativa ainda está zerada.

BISPO RECORDISTA - Sem limites para oferecer moções, que não precisam ser submetidas ao Plenário, os vereadores foram generosos. Agraciaram 4.273 pessoas ou instituições. Bem mais do que as 3.562 de 2013, primeiro ano da legislatura passada. Nesse quesito, o bispo da Igreja Universal João Mendes de Jesus (PRB), em seu terceiro mandato, é imbatível: foram 877 em 2017, sendo 102 para comerciantes da Feira de São Cristóvão, que ele tenta tombar, e as demais para pastores, reverendos e missionários evangélicos. Por meio de sua assessoria, o parlamentar alegou que conhece muitos grupos e frisou que tem a prerrogativa de prestar homenagens.

Para entrega de medalhas e títulos de cidadão carioca, os vereadores têm cotas. Essas duas homenagens precisam ser aprovadas em sessão. Em 2017, foram sugeridas menos honrarias desses tipos do que há quatro anos: 153 contra 207, segundo levantamento feito pelo gabinete do ex-prefeito e vereador Cesar Maia (DEM).

NOMES DE RUAS  - Dos 677 projetos (de lei, de lei complementar e de emenda à Lei Orgânica) apresentados em 2017, 92 (13,5%) tiveram como objetivo dar nomes para ruas, ampliar a lista de instituições de utilidade pública e incluir dias comemorativos no calendário da cidade.

Também foi o ano de a Assembleia de Deus-Ministério Vida e Luz, a Casa de Trás-Os-Montes e Alto Douro e a Associação Sal & Luz se tornarem instituições de utilidade pública. E vereadores incluíram no calendário oficial da cidade os dias da Consciência Jovem, do Avivamento da Rua Azusa, do Prêmio Plumas e Paetês Cultural, do Combate ao Preconceito à Pessoa com Nanismo, e do Futevôlei, entre outros. Além disso, endereços em Campo Grande ganharam nomes de flores e árvores. Assim, passamos a ter no Rio as ruas Buquê de Noiva, Bromélia Imperial, Flor de Lótus, Eucalipto, Jequitibá e Ipê-Rosa.

CONTENÇÃO DE GASTOS? -Em relação a gastos, o Legislativo municipal teve orçamento aprovado para 2017 de R$ 602 milhões. Segundo a Câmara, até o dia 22 de dezembro, a despesa liquidada (autorizada para pagamento) estava em R$ 567,5 milhões. “É importante destacar que a Mesa Diretora promoveu uma série de ações com o objetivo de reduzir gastos e com foco na implementação de boas práticas de gestão administrativa”, afirmou a Câmara por email. Ainda de acordo com a nota, houve reduções de 50% no consumo de material de escritório e de 20% no de café, as despesas com selos caíram e 12 carros foram doados para a Secretaria Municipal de Saúde.

O site da Câmara Municipal, no entanto, informa que cada gabinete de vereador ainda tem direito a mil litros de combustível e 4 mil selos postais por mês.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Talhos&Retalhos

Millôr do Dia:
“Prometer não é dar, mas contenta os idiotas.”
(Na verdade ele escreveu pascácios, mas eu mudei, e daí?)

“Não vejo nada no comportamento do Bolsonaro que contradiga a ideologia liberal.” Bivar, presidente do PSL, após comer cocô.

Aí, gente: não é por Bozonaro ter Messias (“ungido” em hebraico) no nome que ele vai ser o salvador de alguma coisa.

Bozonaro deve uma explicação sobre seus imóveis. Fazer piadinhas, como é seu hábito, não é atitude de quem quer a Presidência.

“Esse dinheiro de auxílio moradia eu usava pra comer gente.” Bozonaro em entrevista à Folha.
E é isso que querem pra Presidente...

Proponho uma justa homenagem ao nosso Judiciário:
Todas as Zonas de Meretrício passarão a se chamar Zonas de Meritíssimo.

Egito enforca 3 condenados por estupro. Enquanto isso o irmão do Garotinho, condenado pelo mesmo crime, assume como deputado.

Escárnio!
Livro de fotos de Chico Buarque capta R$ 417 mil da Lei Rouanet. Por que quem quer ver foto dele não compra a Capricho?

No dia em que partidos conservadores e liberais conseguirem ser tão objetivos quanto os de esquerda, o Brasil estará a salvo.

“Jornalismo é a segunda mais antiga profissão.” Paulo Francis. Hoje, quase todos são filhos das profissionais da primeira.

“O politicamente correto é uma arma usada para silenciar quem diz a verdade.” Ayaan Hirsi Ali

Quando e como alguém vai ter a decência de acabar com essa aberração da distribuição de Ministérios aos partidos? Isso dá nojo!

Rio tem 378 pontos de alagamento. Nem pra desentupir bueiro o Crivella presta!

Crivella culpa bandidos pelos 378 pontos de alagamento no Rio. Com certeza! Só que um dos bandidos, no caso, é o próprio.

Absurdo! Vocês sabem quanto cada brasileiro paga por ano para sustentar pessoal do serviço público? A “bagatela” de R$ 1,7 mil!

Millôr do Dia:
“Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder.”

Olavo de Carvalho
O ano mais azarado da minha vida - quase quatro décadas atrás - começou quando me convidaram para ver a festa de Iemanjá na praia de Copacabana, e eu, idiota, aceitei. Foi uma uruca do cão.

Leandro Karnal é um grande agroindustrial! Processa toda sua grande plantação de abobrinhas em palavras

Não sei por que tanta onda em torno do pedido de prisão do cunhado de Ana Hickmann. Promotor é para isso mesmo. Quem decide é o juiz.

“Deus é fiel! Justiça foi feita!” Clarissa Garotinho, promovendo Gilmar Mendes de “supremo” a “divino”.

“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Platão

Circuncisfláutico. Aprendi hoje. Não é uma linda palavra? Significa macambúzio, meditabundo, outras duas lindas palavras...

Se juntarmos as decisões do Gilmar dá um compêndio de putaria.

Lamento muito que tanta gente supostamente preparada já tenha eleito Bozonaro como salvador da pátria.

“Um governo passa dos limites quando quer proteger as pessoas deles mesmas.” Reagan
Ou seja, Estado-Babá é o cacete!

Deu na IstoÉ: Maluf está na ala de Geddel e Luiz Estevão na Papuda... Até que Gilmar Mendes os separe.

MBL, os jovens gigantes do liberalismo

Nem tanto, mas com um pouco de amadurecimento dos meninos, é uma boa aposta.

Claudir Franciatto

Sinceramente, não esperava viver o tempo suficiente para ver isso. Por mais otimista que eu pudesse ser. Um movimento de jovens verdadeiramente liberais. Estudiosos, conscientes, convictos e ativistas dinâmicos. O MBL não é o único, mas o principal e, para mim, o fato mais importante da política brasileira dos últimos 30 ou 40 anos! E não estou exagerando.

Escrevo este artigo no intuito de dar aos nossos leitores uma noção de o quanto o panorama mudou. E o quanto esses jovens significam como o ápice de uma guinada em favor da luta pela liberdade. Vejam só:  há 32 anos, o Estadão me convidou para fazer um livro sobre o Liberalismo. Uma obra ambiciosa.  Eu deveria juntar liberais do Brasil e de outros países, formando um painel crítico sobre o passado, o presente e o futuro dessa filosofia política e visão de mundo. Convidei os principais intelectuais da ala liberal clássica do jornal no país para um debate, que foi transcrito na íntegra no livro. E convenci o peruano Mário Vargas Llosa, o mexicano Octavio Paz e o grande liberal venezuelano Carlos Rangel – que morreu de forma estranha três anos depois – , entre outros, a me enviarem textos exclusivos.

O livro ficou pronto e, aproveitando uma frase do próprio Mário Vargas Llosa, segundo a qual o fato de a liberdade ainda estar até então viva e lutando por ela mesma era um verdadeiro feito, quase um milagre – em face do avanço inexorável do social-estatismo na América Latina –  coloquei o título de A Façanha da Liberdade. Sim, era uma incrível façanha ela sobreviver num grau de resiliência inimaginável. E agora vemos que continua avançando.

Entretanto, tão logo a obra foi publicada, percebemos o tamanho do desafio. À época, o desalento quanto à sobrevivência e progresso do pensamento liberal era tão grande que nem eu, nem o jornal do qual partiu a ideia do livro, tivemos fôlego sequer para divulgar o trabalho. O projeto era iniciar algo com essa obra. Uma série de publicações de conteúdo liberal, forjar discussões para a cultura da liberdade numa sociedade de mercado não desaparecer, etc.. Mas lutávamos com os exageros do regime militar à direita e com o progresso da ideologia socialista à esquerda. A distância que havia entre o discurso dos poucos liberais da época e o resto da sociedade era tão gigantesca, que se tratou de um sonho natimorto. O deserto era desencorajador. E prevaleceu.

Foram necessárias uma sequência de descalabros intervencionistas nos governos pós-redemocratização e mais a tragédia dos 13 anos da malfadada experiência dos socialistas no poder para que muita gente acordasse. E esses jovens liberais representam hoje o sopro de vida de que o liberalismo necessitava. Diferentemente dos libertários e anarcocapitalistas (que, em minha opinião, são úteis no combate ao gigantismo do Estado, mas querem ser os mesmos intelectuais descritos por Thomas Sowell que se colocam acima da ordem espontânea definida por Hayek, tanto quanto os racionalistas-socialistas), os meninos do MBL apresentam uma lucidez de pensamento verdadeiramente espantosa.

Kim Kataguiri, Fernando Holiday e Artur Moledo do Val (que criou o canal “Mamãe, Falei” e tem tanta identificação com o MBL que a este se juntou em várias empreitadas) – principalmente estes – se posicionam sobre todas as matérias cujo conteúdo representa mais um risco à liberdade da sociedade civil. E o fazem com argumentos irrefutáveis. É constrangedor para políticos, intelectuais e estudantes socialistas quando se veem derrotados num debate diante de garotos de 20 a 30 anos de idade.

Eles escaparam da armadilha criada pelo regime militar de 1964 que involuntariamente favoreceu fortemente a trama cultural-socialista do gramiscismo. Eles fundamentam seus argumentos, com surpreendente desenvoltura, nos grandes mestres da escola austríaca, referendam teses econômicas de Milton Friedman e Roberto Campos da mesma forma que a minha geração de universitários adolescentes, desafortunados ideologicamente,  mencionávamos máximas de Marx, Lênin e Trotski.

É evidente que seria até infantilidade mitificá-los a ponto de afirmar que não cometem erros. Sim, eles erram, mas na direção certa. É notório que seria melhor uma proposta de “Escola sem tutela estatal” – pulverizar o MEC, uma ingerência absurda no ensino-aprendizado da sociedade civil –  do que a Escola sem Partido, uma lei desnecessária; talvez mais transparência em suas atividades, para sossegar os tresloucados adversários, etc. Mas nada disso supera a coragem de seguir em frente no bom combate, estando eles com a verdade soberana da defesa da ordem espontânea existente na cultura, na tradição, na moral e no mercado de um capitalismo liberal.

Nós, os liberais de todas as idades, precisamos estar atentos e denunciar firmemente toda e qualquer tentativa de perseguir e calar esses jovens. Como fez recentemente, por exemplo, Rodrigo Constantino no artigo “Auditores fiscais pedem investigação contra MBL por defender reforma da Previdência”, em 12 de dezembro passado. Nesse título está escrito tudo. É surreal! Os privilegiados funcionários públicos se revoltam contra os garotos que apoiam a luta para acabar com os privilégios!

Há uns meses, num grupo de mídia social do qual faço parte porque ali compartilhamos opiniões entre amigos de muitos anos, postei um vídeo em que um dos líderes do MBL dá uma aula de economia liberal para parlamentares petistas. Um show. Digno de se tirar o chapéu. Diante disso, um dos integrantes do grupo, esquerdista empedernido, respondeu: “Esses fascistas do MBL são financiados pela CIA”.

Isso nada mais é que a ampliação da falácia conhecida em epistemologia por argumentum ad hominem. Por falta de argumento contra o conteúdo, ataca-se o ser humano que se quer contestar. A cada mês surgem novos boatos sobre os “financiamentos interesseiros” ao MBL. Dou risada. E eles também riem diante dessas barbaridades. Assim também quando, inexoravelmente, seus entrevistadores questionam se não sabem que, entrando na política – o que pretendem fazer, em 2018, pelo voto -, irão fatalmente se corromper. Como se houvesse outro caminho senão o da política para mudar os rumos do país. Como se as assembleias parlamentares fossem pocilgas contagiosas. Em meu novo livro, O Círculo do Bem (ainda infelizmente sem editora), faço um mergulho mais fundo na questão do liberalismo nos dias de hoje e sua importância, adotando uma linguagem para os jovens. De uma forma inédita. As crianças do MBL me inspiraram.