Estadão
O clima esquentou nesta madrugada durante a reunião no
Palácio da Alvorada em que se decidiu decretar a intervenção no Rio. Segundo
relatos de mais de uma fonte, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
estava muito nervoso e teria mandado Torquato calar a boca num dos momentos
mais tensos da discussão dizendo que ele não teria moral para falar de
segurança pública.
Procurado, Maia disse que não cometeria tamanha indelicadeza
e contou sua versão. “Ele quis se meter numa conversa minha com o (Raul)
Jungmann. Eu disse: – Não se mete. Você até agora não ratificou o que disse no
ano passado, então deixa eu discutir aqui com o Jungmann.”
Maia se refere à declaração de Torquato que causou polêmica
no ano passado de que o alto comando das polícias no Rio é sócio do crime
organizado com a anuência de deputados estaduais. “Todo mundo sabe que o
comando da segurança no Rio é acertado com deputado estadual e o crime
organizado”, afirmou em outubro.
O governo está insatisfeito com o ministro da Justiça,
Torquato Jardim, e fala com cada vez mais frequência em exonerá-lo do cargo.
Quando assumiu a pasta, Jardim declarou que não entendia nada de segurança
pública. “Minha experiência na segurança pública foi ter duas tias e eu próprio
assaltados”, disse no dia da posse, em maio de 2017. O ministro é especialista
em direito eleitoral.
Agora, quando o governo chegou ao extremo de ter que
intervir na segurança pública do Rio, interlocutores do presidente Temer querem
creditar na conta de Torquato a responsabilidade pela situação de descontrole,
especialmente nas fronteiras, porta aberta para drogas e armas no País.
Um dos problemas é que a Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp), subordinada ao Ministério da Justiça, nos últimos anos se
resumiu a Força Nacional de Segurança. Especialistas dizem que a política
nacional de segurança não existe porque o órgão que era para ser de formulação
perdeu esse foco e passou a ser de execução.
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