Não duvido, mas as minhas barbas ficam de molho.
Por Reinaldo Azevedo
O Supremo Tribunal Federal não está imune aos comportamentos
heterodoxos que têm marcado homens e entes do Estado. Ao menos dois ministros
que tentam demonstrar uma particular robustez moral nos dias que correm andaram
fazendo coisas pouco corriqueiras. Luiz Fux — o que nem se estranha muito — e
Roberto Barroso.
O primeiro, ora vejam!, que admitiu em entrevista ter como
padrinhos Delfim Netto, João Pedro Stédile e Antonio Palocci, além de ter
mantido encontro prévio com José Dirceu à época do mensalão, não esqueceu de
ser grato, de forma bem pouco usual, a um outro entusiasta de sua candidatura
ao Supremo: o então governador Sérgio Cabral. A reverência, na verdade, foi
feita à mulher do antigo Rei do Rio: a advogada Adriana Ancelmo, que está em
prisão domiciliar. O marido está em cana a perder de vista.
Indicado por Dilma, Fux foi a casa de Cabral para agradecer
o apoio. E, diante de testemunhas, fez um gesto que ele mesmo disse que seria
inédito: ajoelhou-se, diante de todos, e beijou os pés de Adriana. Tem seu lado
criativo, convenham. Já se conhecia o beija-mão. O beija-pé, se não é símbolo
máximo da sujeição, deve ser puro ato de picardia.
E Barroso? Não consegui apurar por quê, mas o fato é que
aconteceu. Depois da sessão da Primeira Turma que afastou, por 3 a 2, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) de seu mandato, violando a Constituição, o ministro
seguiu para o seu gabinete e abriu um champanhe, que dividiu com assessores.
Barroso tinha aberto também a divergência, contrariando os respectivos votos de
Marco Aurélio (relator) e Alexandre de Moraes.
Qualquer que fosse a razão da beberagem, uma coisa é certa:
não se comemorava ali o triunfo do Estado de Direito.
É crime beijar os pés de alguém ou abrir champanhe?
Resposta: não!
Mas convém ouvir São Paulo: nem tudo o que podemos fazer nos
convém, né?
magu disse:
ResponderExcluirExplica, até certo ponto, algumas peraltices jurídicas que vimos observando nos últimos tempos, naquele recinto...