quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Paulo Francis e a Petrobras


Geraldo Samor
Veja
No final de sua vida, o jornalista Paulo Francis foi atormentado por um processo judicial. Francis havia dito no programa “Manhattan Connection” que “os diretores da Petrobras todos têm conta na Suíça”. O então presidente da Petrobras, Joel Rennó, resolveu mover-lhe um processo nos EUA, usando, claro, advogados pagos pela empresa. E como tudo na Petrobras sempre tendeu ao superfaturamento, a estatal pediu logo 100 milhões de dólares de indenização, um dinheiro que Francis nunca teve nem jamais teria.
Atordoado pelo ‘assédio jurídico’, Francis perdeu o sono e, coincidência ou não, acabou tendo um ataque cardíaco que o matou em fevereiro de 1997.
Há vasta literatura contra e a favor da tese de que o processo foi o fator determinante para sua morte, mas pelo menos uma coisa já pode ser pacificada: as descobertas da operação Lava Jato e os mandados de prisão executados nesta sexta-feira mostram que Francis pôs o dedo na ferida certa.
De lá pra cá, a corrupção na Petrobras passou de endêmica a epidêmica, mas a empresa continua vivendo das boas graças do contribuinte brasileiro – não se esqueça, é o “orgulho nacional” – enquanto é usada para servir a interesses políticos e particulares.
Paulo Francis não está vivo para ver as entranhas da Petrobras expostas à sociedade, mas a sociedade já deveria estar madura o suficiente para discutir se as empresas estatais deveriam ser as vacas sagradas que ainda são – enquanto o contribuinte é a vaquinha de presépio da maior estatal de todas, a Roubobrás.
Com agradecimentos à GNT, a coluna dá a palavra a Paulo Francis, in memoriam.

6 comentários:

  1. O que é isso? Um mea culpa? Pelo que lembro em 1996 o presidente era FHC, certo? A imprensa está tão desacreditada, com sua parcialidade eterna, que agora resolveu dar um tiro no pé? Isso quer dizer que sempre houve corrupção? Francis realmente era um grande jornalista...

    ResponderExcluir
  2. Kadu, ninguém, em momento algum, negou que a corrupção na Petrobras vem desde o tempo de Getulio, que a fundou (afundou também) entregando-a aos "trabalhistas". Passaram Juça, Jânio, Jango, milicos, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma, com todo mundo falando da tal "caixa preta" - que até Geisel confessou ser impenetrável. Só que agora a coisa ficou tão escancarada, com a institucionalização da roubalheira pelo PT, que nem mesmo o membro mais sem vergonha do judiciário é capaz de contestar.

    A roubalheira não foi criada pelo PT, mas essa quadrilha fez dela uma forma de governo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quem sabe aí encontramos um encruzilhada? Por que esse ou aquele governo é mais ou menos corrupto? Um dogma? Uma ideologia? Não sei não Ricardo.

      Excluir
    2. Dogma? É pura constatação. Cite um membro do governo atual que não esteja envolvido em alguma trampa e eu lhe premio com uma passagem só de ida a Pyongyang!

      Excluir
  3. Eu diria que é mais que uma forma de governo, é um estilo de vida, é uma filosofia.
    Institucionalizando a corrupção fico tudo mais fácil, roubar é ok.
    Parece que os 54 milhoes com os intestinos em acao concordam.

    ResponderExcluir
  4. Com certeza você me entendeu mal. Disse que onde houver governo no Brasil vai estar a corrupção. Mais ou menos,é apenas uma questão de fé, dogma ou certeza distorcida. Entendeu? Se você me disser um político probo eu lhe dou uma passagem para Jamaica.

    ResponderExcluir