Essa eu escrevi em 2005, quando Severino Cavalcanti, uma anta picareta, presidia a Câmara dos Deputados (que, aliás, não mudou nada de lá para cá, já que Rodrigo Maia é outra anta picareta).
Vejam como
ficaria uma notícia sobre o comparecimento do deputado Severino Cavalcanti a um
posto de vacinação para idosos, se fosse dada por um jornal português
(glossário ao pé da página):
Notícias
Lusitanas Sobre Severino
O deputado
Severino Cavalcanti, muito catita em suas calças de ganga e camisola aos
quadrados, deu o exemplo à cota, comparecendo a um posto de saúde para tomar
sua vacina e, sem usar suas prerrogativas, meteu-se no rabo da bicha e aguardou
pacientemente a hora de tomar sua pica. Durante a espera foi muito assediado
pelos putos ao dar cacetes e chupa-chupas a todos. Ao adentrar no posto,
verificou que as vacinas estavam corretamente acondicionadas em esferovites e
foi logo anunciando: “Só tomo pica se for no cu!”, e prontamente arriou suas
calças e boxers. Veio então o doutor e, para que não doesse, aplicou suavemente
a pica no cu de Severino, que mesmo assim exclamou: “Chiça, está a doer!”.
Terminada a operação, ao verificar que seu cu sangrava, o deputado solicitou um
penso rápido, o que foi imediatamente providenciado.
Enquanto
aguardava o estancamento do sangue sentado em um maple, Severino trocou algumas
palavras com a imprensa, aproveitando para classificar de bestiais os seus
colegas de hemiciclo. Contou também que começou a vida como trolha e que sua
habilitação literária é pouca porque não teve dinheiro suficiente durante a
época escolar para pagar as sebentas e nem as propinas. Ao ser perguntado sobre
seus hobbies, afirmou que foi um grande trepador na juventude, mas agora, devido
à idade, não trepa mais. Sobre suas preferências gastronômicas, disse que é de
gosto simples: adora um sandes de prego no cacete acompanhado de um fino e
também de uma punheta de bacalhau com grelos. Mostrou-se simpático à greve dos
picas, apenas ressalvando que a cheta que eles querem é muito grande, assim
como no caso dos mecânicos que pedem isonomia com os estomatologistas.
Para terminar,
fez um apelo ao povo para que todos fossem dadores como ele, para que os
diminuídos tivessem mais chances de vida, afirmando ainda que as parangonas
sobre sua resignação não passam de tangas, pois ainda tem muita genica e que em
sua gestão, os artigos da Carta Magna jamais serão safados.
Ao sair do
recinto, fez questão de passar pela chafarica em frente e pagar bicas e galões
para o povo que o esperava, ao mesmo tempo que novamente distribuía cacetes aos
canalhas de quem tanto se agradou.
aos quadrados – xadrez
bestial – admirável
bica – cafezinho
boxers – cueca samba-canção
cacete – pão francês
calças de ganga – calça jeans
camisola – camiseta
canalha – criança
catita – elegante
chafarica – botequim
cheta – grana
chiça – (excl.) puxa!
chupa-chupa – pirulito
cota – gente idosa
cu – nádegas
dador – doador
diminuído – deficiente
esferovite – isopor
estomatologista – dentista
fino – tulipa (chope)
galão – café com leite
genica – energia
grelo – broto de nabo
habilitação literária - grau de
instrução
hemiciclo – câmara
maple – sofá
mecânico – auxiliar de dentista
parangona – manchete de jornal
penso rápido – band-aid
pica – injeção
picas – trocador de ônibus
prego – churrasquinho
propina – mensalidade
punheta de bacalhau – salada de
bacalhau cru desfiado à mão
putos – meninos
rabo da bicha – fim da fila
resignação – renúncia
safar – apagar (a escrita) com
borracha
sandes – sanduíche
sebenta – apostila
tanga – mentira
trepador – alpinista
trolha – auxiliar de pedreiro
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