IstoÉ
A socialite Maria Christina Mendes Caldeira, de 51 anos,
sempre viveu um conto de fadas. Filha de empreiteiros, nasceu em berço de ouro.
Rica, sempre falou o que quis. Não tem papas na língua. Nunca lavou uma louça,
pegou um ônibus ou precisou trabalhar para sobreviver. Cresceu em mansões
luxuosas, estudou em escolas caríssimas e viveu cercada por reis e rainhas pelo
mundo afora. Até que, em 2004, sua vida mudou. Para pior, claro. Virou um
inferno. Conheceu o então deputado Valdemar Costa Neto, que era presidente
nacional do PP (hoje PR), com quem se casou. A festa foi num mirabolante
cassino em Las Vegas. Valdemar recebia milhões em propinas do mensalão e
gastava fortunas em jogatina. O casamento tinha tudo para dar errado. E deu.
Maria Christina foi aos poucos deixando as páginas de sociedade para começar a
freqüentar noticiosos sobre corrupção em política ou até matérias
policialescas.
Valdemar e Maria Christina ficaram casados três anos. Nesse
período, ela foi anotando tudo. Dinheiro que o marido recebia de propinas, de
quem recebia, sua relação espúria com o então presidente Lula, com os aliados
corruptos do PT. Fez um dossiê de Valdemar. Quando o marido caiu nas malhas do
mensalão, acusado de ter recebido R$ 40 milhões do PT e embolsado pelo menos
uns R$ 10 milhões, Maria Christina, já separada de Valdemar, foi depor no
Congresso contra ele. Levou debaixo do braço o dossiê contra o ex-marido. Os
dois passaram a se odiar. Trocaram juras de vingança pela imprensa. Maria
ajudou a condenar o ex-presidente do PP. Valdemar pegou sete anos e dez meses
de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cumpriu uma parte e
outra ficou com tornozeleira em casa. Recebeu indulto do STF em 2015.
Nesse processo para que Valdemar obtivesse o perdão
judicial, Maria Christina escreveu cartas a ministros do STF dizendo que o
ex-deputado continuava ameaçando-a. Disse que um homem com uma arma a ameaçou
na rua dizendo para ela “esquecer o passado”. Hoje Valdemar é um homem livre.
Livre, mais ou menos. Maria Christina continua nos seus
calcanhares. Diz que Valdemar a ameaça, já fez dezenas de boletins de
ocorrência policial contra ele. Valdemar retaliou e até a luz da casa onde
Maria Christina morava ele mandou cortar. Maria, assim como Valdemar, ficou
anos fora do noticiário. Até que na semana passada Maria Christina reapareceu
dizendo que estava de viagem marcada para os Estados Unidos, onde iria morar,
com nova identidade e proteção do Departamento de Estado da Justiça dos EUA.
Para surpresa geral, disse que tinha dossiês contra o ex-marido, contra o
ex-deputado Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara) e contra o ex-presidente
Lula.
Uma bomba. Disse que Cunha e Lula “ganharam” diamantes em
negócios escusos que fizeram na África e os guardaram em cofres em Portugal e
no Uruguai. Pode ser uma outra viagem de Maria Christina. Ela disse ter provas.
Afirma que ofereceu os documento às autoridades brasileiras, mas ninguém quis
garantir sua vida caso divulgasse a papelada toda contra Valdemar, Cunha e
Lula. Por isso, ofereceu a documentação aos americanos, que prometem, segundo
ela, analisar os dossiês. Ofereceram-lhe segurança. Pediram que ela fosse morar
nos Estados Unidos, lhes entregasse os papeis.
Recentemente, documentos da Odebrecht sobre a corrupção no
Brasil e em outros 12 países foram entregues ao Departamento de Justiça dos
Estados Unidos, precipitando o acordo de leniência da empreiteira com o governo
americano, suíço e brasileiro. A Odebrecht pagou R$ 7 bilhões em propinas no
mundo todo e vai ter que pagar multas aos governos dos 12 países para livrar os
executivos de cadeia nos EUA.
Maria Christina já está há uma semana nos Estados Unidos.
ISTOÉ tentou falar com ela, mas seu celular não atendeu. Sua advogada Maristela
Basso também não deu retorno às ligações. Mas o certo é que Maria Christina faz
relatos como se Lula e Cunha tivessem agido como Indiana Jones na África,
recebendo diamantes como parte das propinas por negócios no Continente. Todo
mundo sabe que Lula se empenhou até os dentes para fazer negócios em países
africanos, beneficiando empreiteiras como a Odebrecht, que tem grandes
interesses por lá, como em Angola e Moçambique, onde se encontram os maiores
diamantes do mundo. O ex-deputado Eduardo Cunha, recebeu milhões em propinas em
Benin, também na África, onde é acusado de ter intermediado a venda de um campo
de petróleo para a Petrobras. Graças à isso está preso na Operação Lava Lato em
Curitiba.
Segundo Maria Christina, Lula e Cunha teriam guardado esses
diamantes em cofres no Uruguai e Portugal. Ela disse ter provas disso. Temendo
morrer, afirmou ter guardado os documentos em cinco países diferentes. Só para
lembrar, Lula é investigado pela Operação Lava Jato como suspeito de ter
negócios no Uruguai. A Operação Lava Jato investiga se ele é dono de uma mansão
em Punta Del Este, cidade uruguaia onde estão grandes cassinos
latino-americanos. Era lá que o ex-marido de Maria Christina ia jogar com
freqüência no tempo em que o PT lhe dava grandes quantias para supostamente
abastecer deputados do PP e PR que votavam favoravelmente ao PT na Câmara.
Maria Christina é apenas mais uma mulher que pode abrir uma
nova frente de investigação a envolver políticos. Antes dela, Cláudia Cunha
ajudou a detonar o marido, Eduardo Cunha. Ela gastou R$ 1,8 milhão em cartões
de crédito com o dinheiro de propina recebido pelo marido. Comprava sapatos
Louboutin, bolsas Vuitton e torrava milhões de reais em hotéis de luxo nos EUA,
Europa e Dubai. Já a mulher do ex-governador Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo,
comprava centenas de jóias. Gastou mais de R 6 milhões em brilhantes, como um
colar de R$ 600 mil. No caso de Maria Christina, a evidência poderá ser um
colar de diamantes.
Essa história dos diamantes é antiga, lembro que comentamos sobre isso no falecido Observatório Político, mas na época o denunciante era o Garotinho. Mas uma coisa é certa, se a sujeira toda aparecer, ou pelo menos a maioria, será através do judiciário americano, se depender do judiciário brasileiro, só vai aparecer aquilo que for impossível esconder.
ResponderExcluirAntiga, mas sem provas ou testemunhos. Agora a coisa mudou um pouco. A mulher anotava tudo!
ResponderExcluirAnotava tudo e vai entregar as anotações para o judiciário americano, não é trouxa, sabe que no Brasil o judiciário é uma farsa.
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