Caiu a máscara!
Correio Braziliense
Nenhum senador do PSDB votou a favor da manobra para
acelerar a votação do pacote anticorrupção no Senado. O resultado da votação,
entretanto, disfarça os acordos costurados ao longo da tarde dessa
quarta-feira, (30/11). Interlocutores que participaram das reuniões garantem:
Aécio Neves (MG) foi o primeiro a articular a urgência da votação e o PSDB
prometeu votos no requerimento, mas não cumpriu.
Presidente do PSDB, Aécio trabalhou ao longo da tarde para
costurar o acordo, que foi fechado com lideranças do PMDB, PT, PSD, PP e PTC. O
tucano foi o principal articulador do pedido de urgência, afirmam fontes. Se
fosse aprovado o requerimento, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é
relator do abuso de autoridade, assumiria também o pacote anticorrupção para
apresentar parecer favorável a todas as modificações feitas na Câmara. De
acordo com o Ministério Público, o projeto foi desvirtuado pelos deputados.
Na noite desta quarta-feira, o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), conduziu a manobra. O peemedebista, que não costuma perder
votações e, quando observa clima desfavorável, prefere suspendê-las, acabou
derrotado por 44 votos a 14.
À primeira vista, Renan pareceu sozinho em sua articulação.
Mas, na realidade, líderes que participaram do acordo acabaram desistindo
diante da reação do plenário. Renan insistiu na votação porque confiou no
acordo firmado mais cedo.
Senadores que estiveram no jantar natalino na casa de
Eunício Oliveira (PMDB-CE) após a votação relataram que houve constrangimento
entre aqueles que prometeram o voto, mas não entregaram.
Reação
A estratégia era que o requerimento fosse votado sem alarde.
Ao dar início à votação, Renan não mencionou do que se tratava. O senador
Aloysio Nunes (PSDB-SP), ciente da manobra - e contrário à ela -, pediu que o
conteúdo do requerimento fosse esclarecido
Ao saberem que se tratava de pedido de urgência para o pacote
anticorrupção, muitos senadores se voltaram contra a iniciativa. A reação do
plenário não deixou outra alternativa aos articuladores da manobra se não
abandonar a estratégia.
Senadores que participaram do acordo criticaram os líderes
do PMDB, Eunício Oliveira (CE) e do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que nem
sequer estiveram presentes na votação para garantir a estratégia firmada. O
líder do PSD, Omar Aziz (AC), que assinou o requerimento de urgência, também
não estava no plenário no momento da votação.
As maiores críticas, entretanto, recaíram sobre o PSDB. De
acordo com um dos senadores que participou das reuniões para a manobra, a
bancada tucana foi orientada a votar fechada contra o requerimento de urgência
quando Aécio notou que iria perder. Desta forma, o partido sairia insuspeito.
Outro lado
A assessoria do senador Aécio Neves negou que ele tenha
participado de qualquer reunião para tratar do assunto. Renan Calheiros, por
sua vez, argumenta que não é autor do requerimento de urgência e que apenas
cumpriu seu papel, como presidente do Senado, de colocar a proposta em votação.
O senador Romero Jucá disse desconhecer qualquer articulação
para acelerar o pacote anticorrupção e afirmou que estava no Palácio do
Planalto no momento da discussão, razão pela qual também não participou da
votação. Jucá chegou ao plenário já no fim dos desentendimentos.
O senador Omar Aziz, que assinou o pedido de urgência,
afirmou que participou de reuniões para tratar do assunto, mas que a vontade do
plenário é soberana. Ele avalia que, apesar da tentativa de urgência, a
resolução final da questão foi a melhor possível e que agora o pacote vai
tramitar com tranquilidade pelas comissões do Senado.
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