domingo, 4 de dezembro de 2016

“Existe um Deus?”

A postura de certos ateus me incomoda tanto quanto a de certos crentes que insistem em tentar provar que existem deuses, almas, espíritos, milagres e tudo o mais. E incomoda até porque temo ser confundido com algum membro do “ateísmo”, uma (des)crença mais absurda que qualquer outra, já que ela tenta provar uma “não existência”.

Seguindo essa linha, eu me permito a “heresia” de discordar até de Bertrand Russell que, em um artigo chamado “Existe um Deus?”, criou a analogia do “bule de chá”, cuja finalidade é mostrar que a dificuldade de desmentir uma hipótese não torna esta verdadeira, e que não compete a quem duvida desmenti-la, mas quem acredita nela é que deve provar sua veracidade.


Disse ele:

“Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos céticos refutar os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um bule de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o bule de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal bule de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada.”

Tudo bem, seu Bertrand, mas pau que dá em chico também dá em francisco. Tentar provar que o bule existe não é mais impossível que provar que ele não existe.

Aqui, vou fazer um parêntesis: se Russel, que morreu em 1970, escrevesse esse artigo hoje, certamente ampliaria bastante seus horizontes quanto à analogia, localizando o bule de chá perto dos confins do universo, já que hoje talvez tenhamos condições tecnológicas de detectá-lo numa órbita entre a Terra e Marte.

Mas, voltando, para provar que o bule não existe (devidamente atualizado e colocado em qualquer lugar do universo), simplesmente teríamos que esquadrinhar tudo que existe, uma impossibilidade óbvia, portanto, o cético poderia continuar não acreditando no bule, mas jamais poderia asseverar que ele de fato não existe.

Assim é com os deuses. E como os ateus não conseguem provar as suas não existências, o “ateísmo” não pode ser considerado como sendo baseado na razão - afirmação orgulhosa e furada de dez entre dez dos seus militantes - e não passa de mais uma seita, crença, fé ou religião como outra qualquer.

Se para mim deus não existe, este é um problema exclusivamente meu: nunca me convenci (ou nunca me convenceram), mas nem por isso nego a possibilidade. Os tolos que o negam em nome da Ciência também negam o princípio básico da sua evolução, que são as eternas dúvidas e certezas que nada é definitivo.



10 comentários:

  1. (argento - a polítika Brasilis é caso de polícia) ... o fato é que as manifestações a favor da continuidade da operação Lava Jato sem amarras polítikas, estão ocorrendo de forma pacífica, ao contrário das manifestações polítikas anteriores onde a violência foi a tônica ...

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    1. (argento) ... falei com o Bule e Ele me serviu Chá ...

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  2. Publiquei em Limbo Filosófico, algo que aborda essa questão, "Crer ou Não Crer, Eis a Questão" e também "Richar Dawkins, Um Delírio". Minha abordagem sobre a questão pode ser resumida assim: É necessário distinguir conhecimento de crença. A diferença entre o significado dessas duas palavras é monstruosa, não como acreditar que 2 + 2 = 4, no entanto, a questão da existência de Deus é igual à questão da existência de vida extraterrestre, só pode ser tratado no âmbito da crença.

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    1. A vida extraterrestre é absolutamente factível. A visita deles à Terra é absolutamente impossível.

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    2. É exatamente isso que eu espero que as pessoas entendam, por mais factível que algo possa ser, só deixa de ser crença para ser conhecimento, quando é verificado. A vida na Terra, pode ser a primeira no universo, assim como pode ser a última.

      Mas se existe vida fora da Terra, então deve-se considerar a possibilidade de civilizações com tecnologia de milhares e até milhões de anos mais avançada que a nossa. Minha hipótese para explicar o entrelaçamento de partículas, também pode explicar viagens entre galáxias.

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    3. Bom, Milton, eu não tenho a mínima competência para discutir sobre o entrelaçamento de partículas, coisa que eu não sei nem do que se trata. Eu apenas obedeço ao relativo bom senso que eu tenho e me limito a isso.

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    4. E o bom senso não diz para fazer a devida distinção entre acreditar e conhecer? O que estou dizendo é justamente isso, que a possibilidade de existir vida fora da Terra só nos permite acreditar, mas até o momento não podemos afirmar, ou seja, não temos conhecimento se existe ou não.

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  3. No outro dia um video mostrava uma foto de um ovni no espaço com 3.200 kms. de comprimento, vou repetir treis mil e duzentos kms de comprimento. Esse assunto virou uma piada de mau gosto e cada um escreve ou fala o que for conveniente para vender revistas e livros e ganhar um bom dinheiro. Com referencia a existência ou não de Deus, abstenho-me de dar alguma opinião senão o Froes vai mandar me internar num sanatório para doentes irrecuperáveis. Asta luego. !!!

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    1. De jeito nenhum, Old Man. Gente culta e educada eu respeito.

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