Adolfo Sachsida
Seus defensores argumentam que o politicamente correto é uma
forma de tornar menos conflituosa a convivência em sociedade. Por exemplo, não
faz sentido ofender as pessoas usando termos inapropriados de linguagem.
Contudo, não ofender pessoas é apenas uma regra de boa educação que nada tem a
ver com o politicamente correto.
A rigor, o politicamente correto é uma forma de se limitar o
debate e a livre circulação de ideias em uma sociedade. Pior do que isso, o
politicamente correto busca a implementação de uma agenda progressista numa
sociedade que, de outra maneira, não aceitaria tal agenda. Abaixo listo alguns
exemplos:
1) Um terrorista do Estado Islâmico mata 12 pessoas fazendo
uso de um caminhão para atropelá-las. A manchete da Folha de São Paulo foi:
“Caminhão atinge mercado de Natal em Berlim e mata pelo menos 12 pessoas“. Quem
lê a manchete tem a impressão de que um caminhão desgovernado matou
acidentalmente 12 pessoas. Isso ocorre pois o politicamente correto impede que
se de destaque ao fato de que mais um ataque terrorista foi levado a cabo por
um seguidor do islã.
2) Experimente dizer que a política de cotas raciais é
ineficiente ou injusta. Ou ainda experimente dizer de que nem tudo que se
atribui a discriminação contra a mulher não é exatamente discriminação. Ou
tente dizer que a taxa de homicídios específica de determinado grupo social não
representa, por si só, indícios de perseguição àquele grupo. Você será
imediatamente taxado de racista, fascista, homofóbico, misógino, e coisas bem
piores. Isso ocorre pois o politicamente correto impede a discussão aberta e
franca de termos que são sensíveis a minorias barulhentas e bem organizadas.
3) Na sua opinião qual a maior dificuldade para uma criança
ser adotada? Você foi bombardeado com tantas informações erradas que
provavelmente responderá dizendo algo do tipo “As pessoas só querem adotar
crianças brancas e novas, uma criança negra com mais de 10 anos ninguém quer
adotar”. ERRADO! Esse simplesmente não é o problema. A rigor existem muito mais
pessoas querendo adotar crianças brancas e novas do que crianças negras e de
mais idade. CONTUDO, o número de pessoas querendo adotar crianças negras de
mais idade É MAIOR do que o número de crianças negras disponíveis para adoção.
No que se refere a adoção existem três problemas reais: a) poucas pessoas
aceitam adotar crianças deficientes ou doentes; b) a maioria das pessoas quer
adotar apenas uma única criança, dessa maneira crianças com muitos irmãos tem
dificuldade de serem adotadas; e c) a gigantesca demora na burocracia referente
a adoção da criança. São esses três pontos que deveriam estar sendo atacados
para resolver o problema referente a adoção. Mas o politicamente correto gasta
um tempo gigantesco querendo discutir um ponto que simplesmente não é a
restrição real desse terrível problema social.
4) Vários grupos pressionam para que o governo combata a
violência contra a mulher, justificam inclusive a criação de um tipo criminal
chamado de “Feminicídio” para alertar que a violência é perpetuada por homens
contra mulheres. Bom, vamos aos dados: a taxa de homicídios entre mulheres é de
4 a cada 100 mil habitantes, para os homens esse taxa é de 50. Em resumo, a
taxa de homicídios entre homens é 12 vezes maior do que a taxa de homicídios
entre mulheres. O real problema é a violência absurda que assola o Brasil, aqui
homens e mulheres são covardemente assassinados todos os anos. Esse é o
problema real a ser combatido.
5) Experimente ir numa aula de direito penal e dizer que
prender bandidos diminui a criminalidade. Você será olhado de lado e dirão que
você é mais um radical de direita fascista. Contudo, TODOS os estudos
econométricos que conheço mostram que prender bandidos é uma das mais
eficientes maneiras de se combater o crime. Mas sempre haverá um professor, um
jornalista, um intelectual, ou um estudante para dizer “Eu prefiro construir escolas
a construir presídios”… como se isso fosse o ponto do debate! Óbvio que todos
preferem construir escolas a cadeias, mas existem situações que nos obrigam a
construir cadeias (a alternativa seria a aplicação de uma pena física ao
infrator, será que é isso que os defensores do politicamente correto querem?).
Para os defensores do politicamente correto prender bandidos não resolve o
problema, para eles o problema é estrutural. Logo prender seria inócuo para
combater o crime. Mas se prender não resolve qual é a sugestão, devemos não
prender? Eles irão argumentar que a solução está na educação, numa melhor
distribuição de oportunidades, de mais consciência social, etc. OK, todos
concordamos com isso. Mas o fato é que prender bandidos não impede nada disso.
Mas confrontados com essa lógica implacável eles nunca respondem.
6) Cristãos são perseguidos e assassinados ao redor do
mundo, mas a imprensa em vez de noticiar isso prefere se preocupar com um
provável crescimento da islamofobia. Ora como se não fosse natural temer
aqueles que prometem nos exterminar se assim tiverem a chance, como é o caso de
vários grupos radicais islâmicos. O crescimento da islamofobia se deve não ao
preconceito, mas ao simples fato de que diversos grupos radicais islâmicos tem
realizado ataques terroristas. Mas o politicamente correto impede que isso seja
sequer discutido nos grandes meios de comunicação.
7) A esmagadora maioria da população é contra o aborto.
Então o que faz o politicamente correto? Muda o nome de aborto para “direito de
escolha”. Como se uma escolha já não houvesse sido feita quando o casal decidiu
ter sexo sem proteção (o estupro é exceção a essa regra).
8) Quantas pessoas você já viu defenderem o porte de arma na
grande mídia? São 60 mil homicídios por ano no Brasil, um fracasso incrível de
nossas políticas de segurança pública, mas mesmo assim tirando o heroico Bene
Barbosa é muito difícil ver pessoas defendendo o direito ao porte de armas com
acesso a grandes veículos de comunicação. Isso ocorre pois o politicamente
correto já estabeleceu que apenas radicais de direita defendem o direito do
cidadão comum ter acesso a armas de fogo.
9) Diga que você apoia o Trump, pronto você virou ultra
radical conservador. Diga que você apoia o Brexit, pronto você é um xenófobo
imbecil. O politicamente correto é assim, ele bloqueia qualquer discussão
honesta e a substitui por rótulos. Os que defendem as pautas do politicamente
correto são taxados de pessoas boas, sofisticadas, inteligentes, moderadas,
etc. Já os que não defendem tal pauta são radicais, ultra conservadores,
xenófobos, intolerantes, golpistas, e outras coisas ruins.
10) No Brasil a esmagadora maioria das crianças não sabe ler
e nem escrever, e são incapazes de fazer contas simples. Mas defenda que as
aulas de sociologia, filosofia, e artes sejam trocadas por aulas de português e
matemática e você automaticamente vira um canalha que quer criar um exército
industrial de reserva, um radical que não quer que as crianças aprendam, e que
sejam escravas do sistema.
11) Os índios brasileiros estão na miséria e cheios de áreas
reservadas a eles. Sugira que não resolveremos o problema indígena dando mais
terras aos índios e você será rotulado de um branco que não aceita que os
índios são felizes passando frio e fome.
O grande problema do politicamente correto é que ao impedir
o livre trânsito de ideias, e o livre debate, políticas públicas passam a ser
direcionadas para corrigir problemas que não necessariamente são os mais
importantes para aquela sociedade. Em resumo, desperdiçam-se recursos públicos
em políticas que nem de perto são as mais necessárias. Pior, em muitos casos o
politicamente correto cria problemas que sequer existiam na sociedade. Por
exemplo, o Brasil é um exemplo no que se refere a miscigenação. Não digo que
não exista preconceito, mas o fato é que a política de cotas raciais pode
perfeitamente estar criando atritos raciais que antes eram inexistentes. Mas,
se alguém sugerir isso será imediatamente taxado de imbecil ou coisa pior.
Contudo, o livro de Thomas Sowell (Ação Afirmativa ao Redor do Mundo) mostra
que após a implementação de cotas o atrito entre grupos distintos costuma aumentar
em todas as sociedade que implementaram ações afirmativas.
Chamar terrorista de terrorista, bandido de bandido, e
aborto de aborto é uma regra simples de qualquer debate honesto. Ao se proibir
o uso de termos bem definidos, o politicamente correto confunde e bagunça
completamente o debate. Deixo aqui um vídeo que ilustra meu ponto: nele um
negro gordo e homossexual conversa com alguns estudantes que seguem a cartilha
do politicamente correto. Quando o negro sai o entrevistador pede aos jovens
para descreverem a pessoa que saiu. O resultado é assustador! Os alunos
simplesmente NÃO CONSEGUEM dizer que conversavam com uma pessoa negra, gorda e
homossexual.
Entendeu a dimensão do problema? A cartilha do politicamente
correto impede a correta descrição do mundo real. As pessoas passam a ser
incapazes de descrever situações simples do seu cotidiano. No lugar de
descrever situações o politicamente correto estabelece apenas rótulos. O
politicamente correto não debate, ele rotula. Se você é incapaz de sequer descrever
uma situação de seu cotidiano como você será capaz de entender problemas mais
complexos? O politicamente correto é a ditadura do pensamento único, e
geralmente errado.
Feliz Natal para todos do TMU.
ResponderExcluirAqui vai meu pensamento único, não necessariamente errado.
ResponderExcluirRepito o comentário do Milton...
(argento) ... VLAD Serviços de Empalamento, aviso aos consumidores: nossa vaselina é de uso medicinal ...
ResponderExcluir(argento) ... "O que significa o Politicamente Correto?" - para quem "aplica" o "remédio" é a panaceia, a "solução final", a precisão do corte cirúrgico; para o "paciente", a submissão total - https://www.youtube.com/watch?v=3OJCLYvZvdA - aliás, o "heroico" Bené Barbosa, na verdade, defende a troca da cor do "Elefante Branco" ...
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