Antagonista
Reinaldo Azevedo já decidiu que Lula não deve ser preso.
É melhor o regime aberto.
Reinaldo Azevedo já decidiu também que Sergio Moro é
“candidato a alguma coisa”.
Como é que ele sabe disso?
Ele captou os sinais na página do Facebook da mulher de
Sergio Moro, “Eu MORO com ele”.
Diz Reinaldo Azevedo na Folha de S. Paulo:
“‘Eu MORO com ele’, ‘muito gentilmente tocada’ por sua
‘querida esposa’, é uma página de militância política. Inclusive contra o
Supremo, para onde vai boa parte dos políticos da Lava Jato com foro especial”.
Os advogados de Lula recorreram a um antropólogo marxista de
Harvard para demonstrar que Sergio Moro usa a lei para fins políticos.
O Antagonista sugere que, da próxima vez, recorram a
Reinaldo Azevedo.
P.S.: A pérola de Reinaldo
“Lula vai ser preso?” Essa é a pergunta número um das bocas,
dos becos e dos botecos. A minha resposta: “Não sei”. Outro dia arrisquei: “Com
corte de gastos, reforma da Previdência e reforma trabalhista, seria preferível
uma condenação em regime aberto. Não gosto de heróis presos em períodos de
crise. Mas que se cumpra a lei”. A pessoa ficou brava. Não foi uma resposta
adequada a esses tempos de redes sociais. Nestes dias, quem indaga quer ver
apenas a própria cara refletida no “black mirror”, na tela. Ou nada de “like”
pra você.
Uma segunda questão começa a ganhar corpo em versos e trovas
e a sair do breu das tocas: “Sergio Moro vai ser candidato?” Com alguma
frequência, deixa-se de lado o complemento nominal porque parece tão óbvio que
a palavra “candidato”, nesse caso, é intransitiva! Só pode ser “à Presidência”.
E eu: “Seria melhor que não fosse”. E a cara contrariada do outro lado: “Por
quê? Você imagina alguém melhor?”.
Oh mares! Oh temporais! Oh Cícero dos falsos cognatos!
O que é que se fez da dúvida nesta terra? Quem pergunta não
espera ouvir uma resposta. Quer uma reiteração, uma redundância, um pleonasmo.
Num mundo em que só há certezas, a inteligência especulativa se torna, por
óbvio, subversiva.
Avanço um pouco. Moro já é candidato. E sacio a fome de
complemento de quem não suporta a gramática da dúvida: é candidato “a alguma
coisa”. Que ele já não caiba mais no molde do juiz, disso estou certo.
Mandam-me um vídeo em que o “esposo”, Moro, lê o trecho de
um discurso de Theodore Roosevelt contra a corrupção. O americano, que falava
suavemente, carregava, como se sabe, um grande porrete, o imortalizado “big
stick”. Encerra a gravação sem esquecer de um agradecimento: “E fica essa
leitura aí para ser apresentada nessa página, que é mantida, muito gentilmente,
pela minha querida esposa”.
A tal página, no Facebook, é a “Eu MORO com ele”. Traz, logo
na abertura, uma foto com as palavras “DE AMOR POR VOCÊ”. No primeiro caso, um
trocadilho; no segundo, uma elipse trocadilhesca: “[Moro] de amor por você”.
Assim, já se sabe a quem remete o pronome “Ele”, que não mais substitui um
nome, um substantivo, mas alude a um mito em fermentação.
A página da “minha [dele] gentil esposa”, para a qual “Ele”
grava vídeos, faz a defesa do fim do foro especial por prerrogativa de função,
chamado, sem a devida vênia jurídica, de “foro privilegiado”; reproduz a foto
de uma criança de oito anos que se fantasia com os “pretos sobre preto” da
vestimenta do juiz; faz militância política aberta sobre temas que estão por
aí, em trânsito.
Em suma, “Eu MORO com ele”, “muito gentilmente tocada” por
sua “querida esposa”, é uma página de militância política. Inclusive contra o
Supremo, para onde vai boa parte dos políticos da Lava Jato com foro especial.
Sugestão evidente: “Ele” pode fazer Justiça; já aqueles do STF...
E que mal há na existência de uma página com essas
características? Nenhum! Desde que “Ele” não concentrasse hoje poder de vida e
morte sobre a reputação de pessoas num mercado do qual “Ele” decidiu fazer
parte.
E o leitor tem todo o direito de considerar —e a minha
avaliação não é muito distinta- que ninguém está na “Vara do Moro” porque andou
se comportando bem no verão passado. Ocorre que a gramática da Justiça exige
uma isenção incompatível com a gramática da política.
O nosso “Tirano de Siracusa” (pesquisem) já está candidato.
O tempo vai dizer o que será que será.
Tem certas coisas que realmente são difíceis de compreender.
ResponderExcluirOq leva uma pessoa a ser politico profissional? A vida na politica é dura, tem que passar o tempo todo tratando com gente estupida, interesseira, suja, mentirosa... Tem que estar o tempo todo em campanha, seja por espaço interno no partido, seja por visibilidade.
Ok, é um jeito fácil e rápido de enriquecer. Tem tb os que desejam ter poder, e o píor de todos os tipos a meu ver, os que tem uma ideologia e querem "mudar o mundo".
Se politico é essa raça estranha, que merece tanto da nossa atenção, e tanto de nosso desprezo, infelizmente, o que dizer de um puxa saco profissional de politico??
Que ser é esse, que trabalha de forma dissimulada, e tem em Reinaldo Azevedo seu simbolo máximo??
Oq leva uma pessoa inegavelmente inteligente e preparada a se prestar a esse serviço?
É só pelo dinheiro ou por algo mais? É vontade de ser aceito na "turminha"?
Até os mais distraídos e inocentes leitores de RA já perceberam sua agenda.
É muito triste perceber que uma voz que pensávamos estar do "nosso lado", apenas defendia o seu lado, ou melhor o lado dos "seus".
É isso mesmo. Faz tempo que eu comento aqui que Reinaldo faz de tudo para ser "diferente".
Excluir(argento - o Mito do "direito ao voto" Embrutece) ... oportuno comentário do Anônimo leva a outra questão: Quantos "eleitores" se deram conta que o voto obrigatório, ao invés de melhorar, tem piorado a polítika em Banãnia? ...
ResponderExcluir"Não gosto de heróis presos em períodos de crise". Eu não gosto de herói preso em nenhum período e bandido preso todos os períodos. No caso do Lula, trata-se de um bandido e não de um herói.
ResponderExcluirO cara a partir de um certo tempo, deslumbrou-se com o sucesso de seu blog e passou a fazer comentários irônicos e debochados incluindo até juiz Sergio Moro, que se tornou uma referencia internacional, no combate a corrupção causando muita inveja o que é perfeitamente natural. Atualmente se apresenta na jovem pan diariamente conversando com dois coadjuvantes jovens, fazendo trejeitos com os braços, como se estivesse se apresentando num teatro. Será que o cara está mudando seus parâmetros de jornalista bem sucedido e fica deslumbrado diante da câmera da jovem pan? A mosca azul não perdoa ninguém, quando o cara não está vacinado.
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