Cogumelo à vista - Arnaldo Bloch
Trump presidente. Putin batendo
palmas. Chineses atacando a democracia. Marine Le Pen crescendo na França.
Angela Merkel perdendo força na Europa. Brexit vitorioso na Grã-Bretanha.
Estado Islâmico e terrorismo internacional genérico avançando por terra e pelas
redes. Primavera Árabe: uma lenda. Em Israel, Bibi. Povo colombiano contra a paz. Venezuela
em convulsão. Temer presidente. Crivella prefeito. Doria prefeito. Brasil sem esquerda, com uma direita
desqualificada e um centro infame e disforme. Estado do Rio falido.
Estudantes secundaristas criminalizados. Ana
Júlia, uma menina, envergonhando o legislativo com um discurso juvenil, dando
lição de sensatez constitucional. Síria borbulhando em sangue. Acordos do
clima em baixa. Corrida armamentista em alta. Insegurança global.
(...) Agora, no novo ciclo, uma nova
besta do apocalipse, caucasiana (para usar a terminologia de lá...). Um
não-político, magnata sonegador de
impostos, racista, ignorante, grosseiro, sexista, belicista, antissemita
relutante. Odiado pelos republicanos, mas não tanto: fosse assim, a turma
do elefante vermelho teria feito campanha por Hillary...
(...) num mundo em que os impérios
não são mais as nações, mas um bolo amorfo que une capital sem ideologia,
descrença política, ignorância, fundamentalismo e um avanço tecnológico que se
curva ao monetarismo mais primitivo.
(...) Por isso, não me choca o
triunfo de Trump. Ele está, como vimos acima, perfeitamente alinhado com o
mundo em que vivemos, no qual, paralelamente a alguns avanços comportamentais
no terreno de gênero e na desdemonização da maconha, a um certo fortalecimento
do terceiro setor e à presença de um Papa progressista, tudo é desalento.
(...) Por mais que se espraiem
ideais de economia criativa, desenvolvimento sustentável e tudo o mais, não há
qualquer indício que o pensamento social de ponta vá atingir, com o mínimo de
harmonia e concórdia, o estado, as corporações, a ciranda financeira — enfim,
onde quer que esteja o poder.(...)
Esquerdopata é uma merda.
Acha que dinheiro nasce em árvore, tem que vir da “economia
criativa”, do “desenvolvimento sustentável” e foi feito apenas para bancar o
welfare state ou, como ele chama, “pensamento social de ponta”. Isso, num piscar
de olhos, num passe de mágica. Claro, a fadinha Sininho seria a Hillary, Bloch
o Peter Pan e o mundo se transformaria na Terra do Nunca.
Para ele, na Terra do Nunca são essenciais um papa
progressista (argh!) e, é claro, a “desdemonização” da maconha, itens cuja
relevância é semelhante à influência do bater das asas de uma borboleta em São
João de Meriti na formação de um furacão em Kuala Lumpur.
Para ele, a Constituição Brasileira é como a Bíblia para o
crente: interpretável sempre a seu favor, tanto que acha que Ana Julia, aquela
artistazinha chorona que falou na Assembleia Legislativa do Paraná, deu “lição
de sensatez constitucional” ao defender a invasão das escolas.
Para ele, a desesquerdização do mundo, que está acontecendo por
vias estritamente democráticas, é uma violência. Acha que paz se obtém mediante
a rendição de um povo a uma quadrilha de narcotraficantes, tanto que diz que o povo
colombiano ficou “contra a paz” ao votar contra o acordo espúrio entre Santos e
as FARC.
Enfim, para ele, o esquerdopata Arnaldo Bloch (e alguns
outros, cada vez em menor número), a humanidade, que está mudando seu modo de
ver as coisas, está errada e ele imóvel, mergulhado na pasmaceira
marxista-leninista-stalinista-trotsquista-maoista, está certo.
Tanto está certo que até previu o fim dos tempos no final do seu texto: “após um churrasco com a família, sentaremos de frente para o
mar num banquinho de concreto daqueles antigos e, de lá, veremos o colossal
cogumelo emergir detrás das Cagarras e assistiremos ao grande show atômico em
plena Copacabana. Então, viraremos rodízio para as baratas de Copacabana, que
sobreviverão à hecatombe. Lembrei-me desta profecia quando percebi que Donald
Trump venceria.”
Poupe a humanidade, Bloch: suicide-se.
É urgente a necessidade de ampliarmos a busca por inteligência forra da Terra. Aqui está cada vez mais difícil de encontrar.
ResponderExcluirVeja esta mensagem que eu postei no Facebook:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1130379637047726&set=a.336631216422576.80612.100002271021211&type=3
(argento) ... é por aí, Milton, basta mudar o "Coronel da hora" ...
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