sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Estado de anarquia: RJ tem servidor ativo de R$ 48,7 mil e aposentado de R$ 75,5 mil

José Casado

Governantes não sofrem de estresse, eles provocam nos governados. No Rio, como em outros 11 estados, a má gerência pública ameaça o humor e os bolsos de 16,4 milhões de habitantes. Para tapar parte do buraco cavado nas contas estaduais durante décadas, o governo decidiu aumentar o principal imposto local (ICMS), que é cobrado em cascata da fabricação até o consumo de produtos e serviços.

Por isso, viver no Rio vai custar mais na energia, na gasolina, na cerveja, no chope, na telefonia e na internet. Exemplo: se o estado arrecadava R$ 57 numa conta de luz de R$ 200, a partir de janeiro tomará R$ 64 do consumidor. Os chefes do Executivo, Legislativo e Judiciário fluminenses são incapazes de garantir que em 2017 não haverá novos aumentos na carga tributária.

Mostram-se impotentes, também, para assegurar pagamento dos 470,4 mil inscritos na folha de pessoal. Ano passado eles custaram R$ 1.914,27 a cada habitante — 12,5% acima da média per capita nacional. O Estado do Rio tem mais servidores inativos (246,7 mil) do que em atividade (223,6 mil). Sua folha salarial espelha a devastação administrativa executada por sucessivos governos, por interesses políticos e corporativos.

Há aposentadorias de até R$ 75,5 mil no antigo Departamento de Estradas de Rodagem e de R$ 53,4 mil na Fazenda estadual — mostram dados da Secretaria de Planejamento. Entre servidores ativos, existem remunerações de até R$ 48,7 mil na Defensoria Pública; de R$ 47,2 mil na Fazenda; de R$ 41,9 mil no Detran; de R$ 39 mil na Procuradoria-Geral, e, de R$ 38,2 mil no Corpo de Bombeiros.

Em setembro, o sistema de pagamentos do funcionalismo registrou nada menos que 312 tipos de vantagens, gratificações, auxílios, adicionais e abonos à margem da remuneração convencional. Contam-se, por exemplo, 188 variedades de gratificações e 42 auxílios. Premia-se por “assiduidade” quem comparece ao trabalho.

Gratifica-se por “produtividade”, “desempenho”, “aproveitamento”, “responsabilidade técnica”, “qualificação”, “habilitação”, “titulação” e “conhecimento”. Paga-se por “produção”, “resultados” e até por “quebra de caixa” — aparentemente, quando o saldo é positivo. Tem até uma gratificação “extraordinária de Natal”.

Cargos de confiança no governo, na Assembleia ou no Tribunal de Justiça têm adicionais por anuênios, triênios e quinquênios, além de “verba de representação”. Participantes de conselhos ganham “gratificação de órgão de deliberação coletiva”, “jeton” e “honorários”. Em paralelo, pagam-se adicionais por “titularidade”, por “atribuição” e até por ocupação de cargo de “difícil provimento”.

Existem também “retribuições”, como a de “licenciamento de veículos” e a de “exame de direção”. O estado perdeu o controle das suas contas. Não sabe sequer o valor das renúncias fiscais que concedeu nas últimas três décadas — o TCE estima entre R$ 47 bilhões e R$ 185 bilhões. Há casos de incentivos a só um beneficiário, alguns por tempo indeterminado, e vários decididos sem o aval da Fazenda.

O orçamento estadual é um clássico de conta feita para indicar como será aplicado o dinheiro que já foi gasto. Numa insólita rubrica da folha de pessoal prevê até um bálsamo para dificuldades financeiras: “Adiantamento funeral”.


4 comentários:

  1. O que tem para se comentar numa putaria tão monumental?

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  2. (argento)
    - Estado de anarquia: RJ tem servidor ativo de R$ 48,7 mil e aposentado de R$ 75,5 mil
    - A quem interessar possa
    - Procuradores denunciam manobras do governo para anistiar empreiteiros enrolados na Lava Jato
    - ESSESLENTÍSSMOS Juízes do Estado do Rio são 861, mas apenas seis ganham abaixo do teto constitucional
    - Picolé de Chuchu pede quebra de sigilo do Twitter por ter sido ofendido

    ... noticiadas do TMU, he he he, ainda tem gente que reclama das Castas da India ...

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    Respostas
    1. Caceta, pratinha.
      Como diz o Froes, deixou as beiradas de lado e acertou bem no centro...
      Eles são os "kshatriyas" (os braços de Brahma) políticos, militares, juízes, etc e nós somos os "shudras" (os pés de Brahma)...

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  3. (argento) .,, o Rio de Janeiro sempre foi conhecido pela Farra-Com-Dinheiro-Público; só pra lembrar, aos leitores, há quase 30 anos o RioMaravilha faliu - ninguém foi investigado, a Farra continua, Povo não investiga ...

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