José Casado
Governantes não sofrem de
estresse, eles provocam nos governados. No Rio, como em outros 11 estados, a má
gerência pública ameaça o humor e os bolsos de 16,4 milhões de habitantes. Para
tapar parte do buraco cavado nas contas estaduais durante décadas, o governo
decidiu aumentar o principal imposto local (ICMS), que é cobrado em cascata da
fabricação até o consumo de produtos e serviços.
Por isso, viver no Rio vai custar
mais na energia, na gasolina, na cerveja, no chope, na telefonia e na internet.
Exemplo: se o estado arrecadava R$ 57 numa conta de luz de R$ 200, a partir de
janeiro tomará R$ 64 do consumidor. Os chefes do Executivo, Legislativo e
Judiciário fluminenses são incapazes de garantir que em 2017 não haverá novos
aumentos na carga tributária.
Mostram-se impotentes, também,
para assegurar pagamento dos 470,4 mil inscritos na folha de pessoal. Ano
passado eles custaram R$ 1.914,27 a cada habitante — 12,5% acima da média per
capita nacional. O Estado do Rio tem mais servidores inativos (246,7 mil) do
que em atividade (223,6 mil). Sua folha salarial espelha a devastação
administrativa executada por sucessivos governos, por interesses políticos e
corporativos.
Há aposentadorias
de até R$ 75,5 mil no antigo Departamento de Estradas de Rodagem e de R$ 53,4
mil na Fazenda estadual — mostram dados da Secretaria de Planejamento. Entre
servidores ativos, existem remunerações de até R$ 48,7 mil na Defensoria
Pública; de R$ 47,2 mil na Fazenda; de R$ 41,9 mil no Detran; de R$ 39 mil na
Procuradoria-Geral, e, de R$ 38,2 mil no Corpo de Bombeiros.
Em setembro, o sistema de
pagamentos do funcionalismo registrou nada menos que 312 tipos de vantagens,
gratificações, auxílios, adicionais e abonos à margem da remuneração
convencional. Contam-se, por exemplo, 188 variedades de gratificações e 42
auxílios. Premia-se por “assiduidade” quem comparece ao trabalho.
Gratifica-se por “produtividade”,
“desempenho”, “aproveitamento”, “responsabilidade técnica”, “qualificação”,
“habilitação”, “titulação” e “conhecimento”. Paga-se por “produção”,
“resultados” e até por “quebra de caixa” — aparentemente, quando o saldo é
positivo. Tem até uma gratificação “extraordinária de Natal”.
Cargos de
confiança no governo, na Assembleia ou no Tribunal de Justiça têm adicionais
por anuênios, triênios e quinquênios, além de “verba de representação”.
Participantes de conselhos ganham “gratificação de órgão de deliberação coletiva”,
“jeton” e “honorários”. Em paralelo, pagam-se adicionais por “titularidade”,
por “atribuição” e até por ocupação de cargo de “difícil provimento”.
Existem também “retribuições”,
como a de “licenciamento de veículos” e a de “exame de direção”. O estado perdeu
o controle das suas contas. Não sabe sequer o valor das renúncias fiscais que
concedeu nas últimas três décadas — o TCE estima entre R$ 47 bilhões e R$ 185
bilhões. Há casos de incentivos a só um beneficiário, alguns por tempo
indeterminado, e vários decididos sem o aval da Fazenda.
O orçamento estadual é um
clássico de conta feita para indicar como será aplicado o dinheiro que já foi
gasto. Numa insólita rubrica da folha de pessoal prevê até um bálsamo para
dificuldades financeiras: “Adiantamento funeral”.
O que tem para se comentar numa putaria tão monumental?
ResponderExcluir(argento)
ResponderExcluir- Estado de anarquia: RJ tem servidor ativo de R$ 48,7 mil e aposentado de R$ 75,5 mil
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... noticiadas do TMU, he he he, ainda tem gente que reclama das Castas da India ...
Caceta, pratinha.
ExcluirComo diz o Froes, deixou as beiradas de lado e acertou bem no centro...
Eles são os "kshatriyas" (os braços de Brahma) políticos, militares, juízes, etc e nós somos os "shudras" (os pés de Brahma)...
(argento) .,, o Rio de Janeiro sempre foi conhecido pela Farra-Com-Dinheiro-Público; só pra lembrar, aos leitores, há quase 30 anos o RioMaravilha faliu - ninguém foi investigado, a Farra continua, Povo não investiga ...
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