Tenho a impressão que o Brasil foi brindado com um bom presidente entre uma crise e outra de FHC.
“A morte de Fidel faz recordar, especialmente a minha
geração, o papel que ele e a revolução cubana tiveram na difusão do sentimento
latino-americano e na importância para os países da região de se sentirem
capazes de afirmar seus interesses.
A luta simbolizada por Fidel dos ‘pequenos’ contra os
poderosos teve uma função dinamizadora na vida política no Continente. O
governo brasileiro se opôs a todas as medidas de cerceamento econômico da Ilha
e, desde o governo Sarney até hoje as relações econômicas e políticas entre o
Brasil e Cuba fluíram com normalidade.
Estive várias vezes com Fidel, no Brasil, no Chile, em
Portugal, na Argentina, em Costa Rica etc. O Fidel que eu conheci, dos anos
noventa em diante, era um homem pessoalmente gentil, convicto de suas ideias,
curioso e bom interlocutor.
Os tempos são outros hoje. Do desprezo altaneiro aos Estados
Unidos, Cuba passou a sentir que com Obama poderia romper seu isolamento. As
nuvens carregadas de Trump não serão presenciadas por Fidel. Sua morte marca o
fim de um ciclo, no qual, há que se dizer que, se Cuba conseguiu ampliar a
inclusão social, não teve o mesmo sucesso para assegurar a tolerância política
e as liberdades democráticas.
Junto com meu pesar ao povo cubano pela morte de seu líder,
quero expressar meus votos para que a transição pela qual a Ilha passa permita
que a prosperidade aumente, mas que se preserve, num ambiente de liberdade, o
sentimento de igualdade que ampliou acesso à educação e à saúde.”
No meu entendimento, o FHC, como ex-presidente do Brasil, tem o dever de se pronunciar de forma diplomática. Mas vamos ser sinceros, isso aí é senilidade e não diplomacia.
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