quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Pronto Temer, agora é só demitir: Calero denuncia Geddel à PF por corrupção

Folha

A briga mudou de patamar. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero prestou depoimento à Polícia Federal sobre as acusações, feitas em entrevista à Folha, de que o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) usou o cargo para pressioná-lo a liberar a construção de um empreendimento imobiliário em Salvador. Até então, o caso estava restrito à Comissão de Ética da Presidência, que viu indícios de conflito de interesse na atuação do articulador político de Michel Temer. Procurado, Calero disse que não falaria com a imprensa.

Em Salvador, a Justiça Federal da Bahia determinou a suspensão imediata das obras do residencial La Vue, na Ladeira da Barra em Salvador. A decisão foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (24).

O prédio está sendo erguido numa das áreas mais nobres da capital baiana, a Ladeira da Barra, e virou alvo de polêmica após o pedido de demissão do ministro da Cultura, Marcelo Calero.

Em entrevista à Folha no sábado (19), Calero disse que entregou o cargo porque o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) o pressionou para que o Iphan derrubasse uma decisão contrária à obra. Geddel disse na ocasião ter um apartamento no local.

A sentença da juíza Roberta Dias do Nascimento Gaudenzi acolhe pedido da ação civil pública movida pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil contra a Cosbat Empreendimentos e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A juíza evoca os princípios da prevenção e da precaução para justificar a decisão. Afirma ser necessário suspender a obra para evitar possíveis “efeitos deletérios” ao meio ambiente.

A sentença referenda a decisão do próprio Iphan, que na última semana determinou a suspensão das obras em processo administrativo que tramita no órgão. O Iphan entende que o empreendimento está inserido numa área de entorno de bens tombados como o outeiro e a Igreja de Santo Antônio da Barra.

Além de determinar a paralisação das obras, a decisão também ordena a suspensão da venda dos apartamentos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.


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