SABOTAGEM AO DISCURSO DE AÉCIO NA TV SENADO
Carlos Chagas
Não se discute o conteúdo do discurso de Aécio Neves, quarta-feira, no plenário do Senado, assistido pela quase totalidade dos senadores, montes de deputados, funcionários e simpatizantes. Quase mil pessoas. O ex-candidato derrotado à presidência da República falou o que tinha de falar, até com brilho e convicção. Fez o dever de casa, diversas vezes aplaudido durante o pronunciamento.
Salta aos olhos, porém, a sabotagem que sofreu, sabe-se lá por parte de quem, ainda que não pareça difícil imaginar. Porque uma mensagem dessa importância não deveria limitar-se às paredes do plenário. Exaltada em prosa e verso, a TV Senado serviria para levar a palavra do chefe da oposição ao país inteiro, dados seus altos índices de audiência.
Só que durante a hora em que Aécio se manifestava, foi interrompido nada menos do que treze vezes por falha jamais tida como técnica, por conta da excelência dos serviços daquela repartição legislativa. Inexplicavelmente, durante a fala de Aécio, desapareciam por alguns segundos o áudio e a imagem, obrigando-o a ficar aguardando o restabelecimento do sinal. Isso por treze vezes. Quem estivesse assistindo a transmissão espantava-se, primeiro, para irritar-se, depois, e quem sabe desistir, em seguida? Quantas centenas e até milhares de telespectadores acabaram desligando os aparelhos, ou mudando de canal?
Pior ficou quando começaram os apartes. Os oradores que se manifestavam favoravelmente ao presidente do PSDB tinham suas intervenções interrompidas, tornando incompreensíveis suas opiniões. Quando o orador respondia, via-se igualmente fora do ar, aí por dezenas de vezes.
Foi dito durante a campanha que o PT faria o diabo para vencer o adversário. Pois o Capeta parece não ter abandonado a tertúlia eleitoral, prejudicando sensivelmente o discurso e suas repercussões.
Indaga-se o porquê de falha tão inusitada, já que o equipamento e o quadro de funcionários da TV Senado primam por excepcional capacidade, ainda que submetida sua direção aos ditames do comando da casa. Aliás, quem faltou foi o presidente Renan Calheiros, deixando o comando dos trabalhos ao senador Morazildo Cavalcanti. No mínimo estranho que Renan não tivesse comparecido a um dos altos momentos da instituição que preside.
Longe de nós supor maléficos intuitos a uma trama abjeta e rasteira como a que turvou a sessão, mas não dá para omitir a evidência de que houve sabotagem. A quem interessava o crime? Quem quiser que conclua, mas essas coisas não acontecem por coincidência.
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