Minhas manifestações mediúnicas andam bem na fita. Mal
acabei de escrever a matéria sobre a picaretagem das notícias na TV Record, dei
de cara com esse artigo no “Mídia sem Máscara”, falando quase a mesma coisa:
A Fantástica Fábrica de Notícias
Alexandre Borges
O Fantástico, pela segunda semana seguida, faz um carnaval
sobre um “escândalo” de corrupção numa cidade de 11 mil habitantes no interior
do Paraná. Onze mil habitantes! Ou seja, a cidade inteira não encheria metade
do Pacaembú. As Organizações Globo, por exemplo, têm 25 mil funcionários, ou
mais do que o dobro da população de São Jerônimo da Serra.
Depois de dar ares de escândalo nacional para corrupção numa
cidade com menos moradores que um condomínio de cidade grande, o Fantástico
conseguiu o afastamento do prefeito Adir Leite. Ganha uma coxinha opressora
quem adivinhar qual é o partido dele.
Como não poderia deixar de ser, a produção descobriu que
Adir Leite (PSDB) comprava o apoio dos vereadores da cidade com combustível
para os carros deles. O que é o Mensalão e o Petrolão perto de um prefeito do
interior que enche o tanque do fusca de um vereador em troca de voto? Vinte mil
pessoas na Avenida Paulista protestando contra Dilma? Deixa pra lá. Corrupção
de um prefeito tucano numa cidade com 11 mil habitantes? Escândalo!
É óbvio que todo corrupto deve ser processado e pagar por
seus crimes, ninguém está acima da lei e é claro que a população de São
Jerônimo da Serra merece ter seu dinheiro de volta. Para quem é jeronimense não
há nada mais importante do que isso, mas e para quem não é? O Brasil tem 5.570
municípios, o Fantástico vai investigar todos e descobrir todo vereador que
teve o tanque do carro completado pelo prefeito? Ou quem ganhou um saco de bala
Juquinha?
Um dos trabalhos mais sérios já feitos sobre o viés
ideológico na imprensa foi feito pelo professor da UCLA e PhD Tim Groseclose,
que também lecionou em Harvard e Stanford, mas não espere que qualquer
professor de jornalismo do Bananão indique a leitura. Seu livro “Left Turn: How
Liberal Media Bias Distorts the American Mind” mostra, a partir de uma
metodologia científica de análise dos principais veículos americanos, como o
noticiário pode ser manipulado para doutrinar politicamente os leitores, com
consequências diretas nas eleições.
Segundo o autor, a maneira mais comum que os jornalistas
encontram para fabricar notícias é selecionar, na edição, o que é notícia e o
que não é. Depois, é só escolher como fonte das matérias especialistas e
organizações alinhadas ideologicamente com os jornalistas para que dêem o foco
que pretendem dar para a matéria. Tenho certeza de que qualquer um de vocês vê
isso acontecer todos os dias, como nessa matéria do Fantástico, não é preciso
ser um expert. E é por isso que a pluralidade de fontes de informação é tão
importante.
O Brasil precisa desesperadamente de alternativas para se
informar. Se só a VEJA, uma única revista, já é suficiente para fazer um
terremoto por semana, imagine um único canal de TV não alinhado com o governo.
Até lá, esqueça o Petrolão e vamos falar de São Jerônimo da Serra.
(argento) ... sem comentarios
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2014/10/prefeito-de-sao-jeronimo-da-serra-reassume-apos-60-dias-afastado.html
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDeixa ver se eu entendi. Onze mil habitantes permite o mínimo de 9 e o máximo de 21 vereadores. Considerando 21 vereadores e MIL reais por mês de combustível para cada vereador, são 21 mil por mês, 252 mil por ano, 1 milhão em 4 anos (o mandato inteiro).
ResponderExcluirUm gerente (terceiro ou quarto escalão) da Petrobras se propõe a DEVOLVER 100 milhões de Dólares, ou 250 milhões de Reais. Portanto seriam necessário MIL municípios com escândalos iguais ao de São Jerônimo para empatar com o primeiro minuto de jogo do Petrolão.
Trocando em miúdos, é mais ou menos isso: a torcida do Coríntians (ou qualquer outro time) invadindo o gramado do estádio sendo comparada com a Alemanha de Hitler invadindo a Polônia.