Tanto quanto o vulto dos valores revelados, cargos e
instâncias de decisão envolvidos (situados nas cúpulas, ou próximo delas, da
Petrobras e das empreiteiras) e a eficiência das investigações, a Lava Jato tem
se caracterizado também por representar a consolidação do amadurecimento das
instituições do país. PF e o MPF têm tido comportamento exemplar, republicano,
mesmo com todas as evidências de que as diligências possam alcançar gabinetes
no centro do poder. Tudo tem sido feito dentro dos ritos do estado democrático
de direito, sem o recurso a ações de arbítrio, sem ameaças à ordem
constitucional, mas, não menos importante, com as medidas exemplares que um processo
de tal magnitude exige.
Vale lembrar, ainda, que a investigação leva sete meses,
atravessou uma campanha presidencial e, por certo, avançará pelo novo governo,
sem que a normalidade constitucional esteja sendo arranhada. São evidências
inquestionáveis do avanço institucional do país.
Pois é. Essa é uma parte do editorial do Globo de hoje, que
foi apenas o desenvolvimento de um parágrafo de uma matéria da Veja dessa
semana, exaltando a maturidade das nossas instituições sob o argumento que em
um país onde estas são frágeis, ou não haveriam as prisões de altos executivos
ou se produziria uma crise profunda.
Até aí tudo bem, eu prefiro assim e até elogio. Aliás eu nem
sou a favor desses obaobas como os do dia 15 de novembro, que não levam a
absolutamente nada. Pior é que tem gente como Reinaldo Azevedo babando na
gravata porque a grande imprensa não deu atenção à tal passeata em Sampa, que,
segundo projeções otimistas, atraiu 30 mil pessoas querendo deus sabe lá o quê,
quando a passeata gay no Rio deu um milhão, segundo seus organizadores - tá, eu
faço por 200 mil -, querendo... vocês sabem o quê.
Acontece que eu tenho a impressão que essa tal maturidade
vai durar até que o primeiro tribunal dê o primeiro veredicto absolvendo o
primeiro acusado do Lava Jato. O Judiciário hoje é a mais incapacitada das
instituições, em todas as suas instâncias, pela corrupção, pela incapacidade, pela
insegurança, pelo aparelhamento e, principalmente, pela própria legislação que prevê, por
exemplo, que autor de um assassinato por motivo fútil cumpra apenas dois anos
de pena e saia prontinho para cometer outros crimes, já que o Código Penal
prevê pena mínima de reclusão de 12 anos para o homicídio qualificado, o que,
na prática, acaba se transformando em 1/6 da pena. Isso para a maioria dos
mortais, porque Dirceu, Delúbio e Genoíno nem 1/6 cumpriram e já estão
soltinhos, graças ao ministro Barroso, do STF, que diz que cumpre rigorosamente
a lei...
Na verdade, quando começarem a pipocar veredictos suspeitos
- e não há dúvida que isso vai acontecer - a coisa vai pegar. Só que dessa vez
a desculpa que a Justiça não pode ser balizada pelo desejo do povo não vai
colar, porque não há nada mais evidente que essa turma toda do Lava Jato é um
braço - ou os dois - da quadrilha do PT, cujo único objetivo é sua perpetuação
no poder. Aí sim é que vamos ver se as nossas instituições têm amadurecimento
suficiente para segurar o tranco.
Enfim, agora está tudo na mão do Judiciário. Se seus principais membros tomarem vergonha, decência e se renderem às evidências, a
coisa tem tudo para caminhar tranquila. Se não...
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