Rodrigo Rangel
Veja
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a sétima fase
da Operação Lava Jato em cinco Estados e no Distrito Federal. A partir da
análise do material apreendido até aqui e dos depoimentos colhidos nas fases
anteriores da investigação, a PF cumpre, com apoio de 50 servidores da Receita
Federal, 85 mandados: seis de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove
de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão no Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do DF.
Entre os presos está Renato Duque, apontado por delatores do
petrolão como interlocutor do PT na Petrobras. Também foram presos dois
presidentes e um executivo de empreiteiras investigadas. A coluna Radar, de
Lauro Jardim, informa que há pelo menos um executivo da Odebrecht com mandado
de prisão expedido.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, uma das
empreiteiras-alvo da ação é a Camargo Correa. Viaturas da PF foram vistas na
sede da empresa nesta sexta-feira, em São Paulo. Onze mandados estão sendo
cumpridos em grandes empresas. Também como adianta a coluna Radar, nenhum
executivo da empreiteira está entre os alvos dos mandados de prisão.
PT FICAVA COM A MAIOR PARTE
Indicado por José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
condenado no julgamento do mensalão, Duque ocupou entre os anos de 2003 e 2012
a diretoria de Serviços da Petrobras. Ele foi demitido no mesmo ano que Paulo
Roberto Costa. O afilhado de Dirceu foi citado em depoimentos pelo próprio
Costa e também por Julio Camargo, executivo da Toyo Setal que fechou acordo de
delação com a Justiça.
De acordo com Costa, o PT ficava com a maior parte do rateio
da propina e o responsável por captar esse dinheiro era João Vaccari Neto,
tesoureiro do partido. Ainda segundo o ex-diretor da Petrobras, Vaccari
negociava diretamente com Renato Duque. O ex-diretor da Petrobras foi preso em
seu apartamento, na Barra da Tijuca.
A Justiça decretou o bloqueio de 720 milhões de reais em
bens de 36 investigados. Dos mandados de busca, onze são cumpridos em grandes
empresas, informa a PF. Também foi autorizado o bloqueio integral de valores de
três empresas que pertencem a um dos operadores do megaesquema de corrupção
investigado pela Lava Jato. Os envolvidos serão indiciados pelos crimes de
organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações
e lavagem de dinheiro.
CARTEL DE EMPREITEIRAS
À PF, Costa revelou que a organização criminosa que operava
na estatal era muito mais sofisticada do que parecia. Segundo ele, havia um
cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as
executaria e fixava os preços. Era como se a companhia tivesse uma
administração paraestatal. O ex-diretor listou oito empreiteiras envolvidas no
cartel: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix,
Mendes Junior e UTC – e os nomes de seus interlocutores em cada uma delas. As
empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos
contratos para os “agentes políticos”. No caso da diretoria de Abastecimento,
comandada por Paulo Roberto Costa, o dinheiro desviado era dividido entre o PT,
o PMDB e o PP.
De acordo com as investigações, Costa e Youssef organizaram
um esquema de desvio de recursos da estatal para enriquecimento próprio e para
abastecer o bolso de políticos e partidos da base aliada. Isso era feito com a
assinatura de contratos fictícios, simulando a prestação de serviços entre
empresas de fachada e as empreiteiras envolvidas, sempre com a finalidade de
dar aparência legítima ao dinheiro desviado.
Como revelou a VEJA, o ex-diretor Paulo Roberto
Costa apontou pelo menos três governadores, um ministro, seis senadores, 25
deputados federais e três partidos políticos (PT, PMDB e PP) como beneficiados
pelas verbas desviadas. Eles recebiam 3% de comissão sobre o valor de contratos
da petrolífera, de acordo com os depoimentos de Costa prestados no acordo de
delação premiada.
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