Estadão
Uma das filhas do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto
Costa, Arianna Bachmann, é suspeita de se beneficiar com “informações
privilegiadas” em contratos de venda de móveis para empresas contratadas da
estatal.
Dois contratos, que somam mais de R$ 5 milhões, são
referentes ao mobiliário comprado em 2009 para as novas unidades do Centro de
Pesquisa da Petrobrás (Cenpes) – inaugurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva em 2010 –, obra alvo da Lava Jato e do Ministério Público do Rio de
Janeiro.
Em um documento apreendido pela Polícia Federal no
computador da Costa Global, Arianna recebe orientações de uma mulher que assina
“Crica”.
Ela apresenta dados sobre o mobiliário esperado para a
unidade. “O teor da mensagem sugere que Crica esteja apontando fragilidades
observadas no mobiliário exposto para apreciação, por funcionários da
Petrobrás, visando o projeto de ampliação do Cenpes”, registram os analistas da
Polícia Federal.
Crica, segundo a PF, apresenta “itens a serem abordados” no
encontro com representantes da estatal, “proporcionando à Arianna o acesso a
informações privilegiadas”. A filha do ex-diretor, que também foi alvo da Lava
Jato, atuava na época como representante de duas empresas de móveis para escritórios.
“Convém ressaltar que Arianna é representante das empresas”
que fecharam contrato, “ambas do ramo de mobiliários para edificações e
interessadas no fornecimento de produtos para o projeto”, registra a analise
pericial. Eles abriram os arquivos dos computadores da empresa de Costa, no
Rio, onde a filha trabalhava com ele.
Segundo a Polícia Federal, “Crica” pode ser Maria Cristina
Nogueira de Sá Pikielny, uma das proprietárias da Italma (Multiflex do Brasil
Comércio de Móveis), que é representada pela filha do delator da Lava Jato.
São pelo menos cinco arquivos com dados sobre contratos de
fornecedoras ou subcontratadas da Petrobrás, a maior em específico para mobília
das novas unidades do Cenpe.
No material apreendido e analisado, Arianna aparentemente
faria o intermédio para venda de móveis para dois consórcios formados por
grandes empresas que atuaram nas obras do Cenpe. O Consórcio Citi e o Consórcio
Novo Cenpe.
Nele, a Polícia Federal registra que houve adequação dos
orçamentos ao contrato. Arianna tem duas empresas em seu nome, a Bachmann
Representações e a B & X Consultoria e Assessoria. Seu marido tem ligações
diretas com a loja de móveis 021 Móveis Carioca. Ele foi também alvo da Lava
Jato.
A família do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás foi
incluída no acordo de delação premiada que ele firmou com o Ministério Público
Federal. A mulher e as duas filhas de Paulo Roberto Costa também se
comprometeram com uma colaboração acessória e individual à investigação em
troca do abrandamento das punições.
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