terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A falta do que fazer do Coletivo de Entidades Negras

Nota do Coletivo de Entidades Negras:

O Coletivo de Entidades Negras, CEN, organização nacional do Movimento Negro que tem, entre outros temas, a defesa das religiões de matrizes africanas, vem a público apresentar seus mais veementes protestos e repúdio à operação da Polícia Federal batizada de Operação Acarajé. Nada justifica a escolha deste nome e exigimos sua imediata alteração.

O acarajé é alimento sagrado para as pessoas que, em todo o país cultuam os Orixás. Há pouco tempo, na Bahia, o acarajé foi objeto de disputa jurídica entre o povo de santo e os evangélico-pentecostais que queriam rebatiza-lo de bolinho de Jesus para, assim, poder comercializa-lo. O povo de santo venceu a pendenga apresentando a sacralidade do alimento que é intimamente relacionado à Orixá Oya.

Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso a um elemento sagrado do Candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa, toda a tradição e história dessa religião no Brasil.

Afirmamos que Orixá e o povo de santo nada tem com a roubalheira que assola o país. O que repudiamos é ver nossa religiosidade vinculada a uma operação para prender bandidos. Isso, para nós e toda nossa comunidade religiosa, é inaceitável.

Coordenação Nacional do CEN.

Detalhe: essa palhaçada foi elaborada mesmo depois da PF se dar ao trabalho de emitir uma nota à imprensa explicando que “a 23ª fase da Operação Lava Jato foi denominada ‘Acarajé’ em alusão ao termo utilizado por alguns investigados para nominar dinheiro em espécie”.

E o “coordenador de Políticas Institucionais do CEN” (sim, o CEN tem esse cargo importantíssimo), Márcio Alexandre Martins Gualberto, ainda completou dizendo: “É óbvio que não somos contra a operação em si. Porém faltou um pouco de zelo e inteligência à PF ao nomeá-la. Vivemos em um contexto de intolerância religiosa, em que as religiões de matrizes africanas são constantemente alvos de ações preconceituosas. Um órgão público não pode reforçar o preconceito.”

Eu queria saber aonde foi que essa azêmola descobriu preconceito e intolerância religiosa nessa história.

A verdade é que falta do que fazer campeia e, talvez, para justificar a grana que essas ONGs (sim, o CEN é uma ONG) sem sentido percebem, de vez em quando resolvem encrencar com alguma coisa, e a bola da vez foi o tal bolo feito com feijão fradinho, pimenta, camarão seco e frito no epô, que agora virou “alimento sagrado”, apesar de continuar a ser vendido em cada uma das esquinas de Salvador.

Além disso, e importantíssimo(!), não ficou muito claro se o “acarajé” da operação da PF, além de se referir ao “pixuleco” destinado a pagamentos indevidos, é o tal bolinho que é comida de santo na umbanda ou o pedaço de algodão em chamas que, nos candomblés bantos, é engolido por pessoas em transe para confirmação da presença de um orixá no terreiro.

O “coordenador de Políticas Institucionais do CEN”, Márcio Alexandre Martins Gualberto, deveria ter perguntado antes, para saber em que língua reclamar: se em banto ou em yorubá. A PF fica devendo essa.


5 comentários:

  1. Não seria o caso de reclamar com quem apelidou as propinas de acarajé?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. (argento) ... esta seria a atitude certa - bão, mas quem disse que o CEM segue a lógica?; pelo que parece, é mais uma, entre muitas que, paga com dinheiro público, serve de instrumento para criar Distração, enquanto retarda o transito das investigações da PF ...

      Excluir
  2. Sou do candomblé e a atitude do CEN é que desrespeita os orixás, não o uso da palavra acarajé na operação da polícia federal.

    ResponderExcluir
  3. Então temos que dinheiro podre pode ser chamado de acarajé; tá certo.

    ResponderExcluir