“O Brasil”, diz a frase atribuída a Tim Maia, “é o único
país onde puta goza, cafetão tem ciúme, traficante é viciado e pobre é de
direita”. As últimas semanas renderam uma sequência a essa definição: também
somos o país onde a esquerda e a extrema-esquerda defendem os ricos.
Que o PT privilegiava grandes empresas e empreiteiras já
sabíamos há tempos; agora foi a vez do PSOL exibir um comportamento semelhante.
O partido foi ao STF pedir menos impostos e mais salários para brasileiros que
estão entre os mais ricos.
Apresentou uma ação direta de inconstitucionalidade contra a
medida provisória que adia o reajuste de salário e aumenta a contribuição da
Previdência dos servidores federais de 11% para 14%. O ministro Ricardo
Lewandowski concedeu na segunda-feira (18) liminar a favor da ação; com isso a
medida provisória está suspensa até decisão do plenário do STF.
Sete em cada dez servidores federais estão entre os 10% mais
ricos do país –e 93% deles estão entre os 40% mais ricos, segundo o IBGE. Os
servidores federais civis ganham cinco vezes mais que trabalhadores do setor
privado. São os principais beneficiados pela máquina estatal de criação de
desigualdade.
Os brasileiros são obrigados a bancar, além desses salários
acima da média, o deficit previdenciário dos funcionários públicos. Enquanto o
rombo dos 30 milhões de beneficiários do INSS custa R$ 150 bilhões por ano, o
de apenas três milhões de servidores civis e militares leva R$ 164 bilhões.
Ou seja: estamos gastando com o deficit de aposentadorias de
ricos servidores públicos uma bolada bem maior que o orçamento do Ministério da
Saúde (R$ 110 bilhões).
E o que faz o PSOL diante de tamanha injustiça? Propõe mais
impostos aos mais ricos? Não, o contrário: se opõe a qualquer medida que ameace
retirar privilégios dos funcionários públicos. Tenta obrigar o governo a
continuar retirando dinheiro dos pobres para dar a brasileiros da elite.
Como afirmou o economista Carlos Góes, se a ação do PSOL
vingar, o resultado será mais rombo fiscal e mais desigualdade “tanto no curto
prazo, ao privilegiar servidores que são relativamente mais ricos, como no
longo prazo, ao tornar mais difícil alíquotas progressivas que reduziriam a
desigualdade por vias redistributivas”.
O mais estranho é que, apesar de defender esses absurdos,
integrantes do PSOL realmente se consideram guerreiros virtuosos em defesa dos
pobres e de um país com mais igualdade social. Vai entender.
Com esse estranho comportamento de esquerda, fica fácil
entender o que Tim Maia considerou um paradoxo, o fato de haver pobres de
direita no Brasil. Eles estão simplesmente defendendo seus interesses
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