quinta-feira, 7 de julho de 2016

Mário Sabino pagou barato pelo menosprezo aos brasileiros

Mário Sabino, ex-redator de Veja e hoje um dos três que fazem “O Antagonista”, resolveu falar asneiras e pagou por isso. Barato mas pagou.

Vou ver gente normal - 01 de Julho de 2016
Hoje embarco para Paris. A minha Paris não tem nada a ver com a Paris dos ladrões que vão torrar o nosso dinheiro por lá. Eu vou a Paris para ver gente normal.

Gente normal conversa sobre assuntos que não sejam apenas dinheiro e compras; Gente normal lê livro; Gente normal não vai a restaurante de boné, nem se veste como prostituta (a não ser que seja prostituta); Gente normal mantém distância regulamentar de quem não conhece. Não cutuca você ou o chama de “tio” ou “amigão”; Gente normal diz “por favor”, “com licença” e “obrigado”; Gente normal respeita fila; Gente normal, ao volante, dá seta quando vira à direita ou à esquerda (e a seta está sempre no sentido certo); Gente normal freia o carro para deixar o pedestre atravessar na faixa; Gente normal não padece com atrasos de ônibus e trens (e é informada dos horários e itinerários nos pontos e estações); Gente normal nem sequer imagina o que é ter esgoto a céu aberto; Gente normal não nada em cocô; Gente normal está acostumada a ver ruas limpas; Gente normal não tem falta de luz toda semana; Gente normal estranha fiação aérea; Gente normal não sabe o que é buraco no asfalto; Gente normal não tropeça em buraco na calçada; Gente normal não gosta de pagar imposto, mas tem filho em escola pública e não tem medo de morrer de infecção em hospital público; Gente normal se habitua à beleza; Gente normal dificilmente morre assassinada; Gente normal se escandaliza com assaltos; Gente normal despreza corruptos e os coloca na cadeia e no ostracismo; Gente normal não diz que terrorismo é justificável; Gente normal admira o que lhe é superior e tenta fazer igual, sem achar que sofre de complexo de vira-lata; Gente normal é uma conquista da civilização.

Paris é especial porque é normal.

Eu não suporto gente bosta metida a besta. Além de tudo, vindo de quem vem, parece até que o cara bandeou-se para o “outro lado”, o lado dos Chicos Merdas e dos Luíses Fernandos Falsíssimos.

Aí eu comentei lá no blog do Magu (Blog do Giulio Sanmartini):

Aproveita e fica por lá!
Desde quando em Paris se diz “por favor”, “com licença” e “obrigado”?
Desde quando “gente normal” por lá não diz que terrorismo é justificável? Se dissesse não haveriam tantos islâmicos.
Aliás, “gente normal” de lá se escandaliza com assaltos, mas pode morrer a qualquer hora, vítima do terrorismo que uma grande parte deles acham, sim, justificável.
“Gente normal” de lá se habitua à beleza, mas eu não vi beleza nenhuma no fedor do Metrô às seis da tarde.
Se a “gente normal” de lá despreza corruptos e os coloca na cadeia e no ostracismo, por que soltaram o Sarcozy?
Vá lamber sabão, seu Mário! Fica lá que eu fico aqui com a “gente anormal” que toma banho todo dia, é simpática, não tem o rei na barriga e nem acha que faz cocô cheiroso – à exceção, é claro, dos “intelequituais” do PT, que costumam ter o mesmo destino que você.

E não é que três dias depois o cara me sai com essa?

O dia em que o terror me pegou – 04 de Julho de 2016
No último sábado, fui com meu filho de dez anos assistir ao jogo entre Itália e Alemanha, pela Eurocopa. (...) Absorto no jogo, demorei alguns segundos para acreditar que centenas de pessoas se atropelavam na nossa direção. Gelei. Só podia ser um atentado. Alcancei meu filho, colei a minha mão na dele e corremos para longe. (...) Sem saber se nos perseguiam, cruzávamos com militares que avançavam com metralhadoras. “Todos para fora do perímetro! Todos para fora do perímetro!”, ordenavam. Só parei quando os meus 54 anos começaram a ofegar, a quase um quilômetro do Campo de Marte. Meu filho tremia, eu procurava ar, até que consegui perguntar a um policial o que havia ocorrido. “Ainda não sabemos”, disse ele. (...) No dia seguinte, divulgaram o que ocorrera: uma escaramuça entre alemães e italianos foi confundida com um ataque terrorista. Cerca de trinta torcedores se machucaram na correria.(...) O terror não me feriu, não feriu o meu filho, mas me pegou e pegou o meu filho. É o que eles querem.

E que ele não diga que eu não avisei...


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