Carlos Newton na Tribuna da Internet
Em Brasília, não se fala em outra coisa. Desde a manhã deste
sábado, quando “O Globo” começou a circular e a coluna do jornalista Jorge
Bastos Moreno foi postada no site do jornal, às 9 horas da manhã, a boataria
ganhou força e não cessa. Todo mundo quer saber quem é o advogado que está
fazendo acordo prévio de delação premiada e decidiu entregar tudo o que sabe
acerca da corrupção em geral e, mais especificamente, a respeito de gravíssimas
irregularidades envolvendo ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça.
Sob o título “Bomba! Bomba!”, a nota de Moreno é realmente
explosiva e faz o seguinte relato:
Renomado advogado, considerado um dos melhores do país,
soube que estava na mira das investigações. Não pensou duas vezes: procurou
investigadores para oferecer tudo que sabe sobre o Judiciário - e relatou
detalhes das relações nada republicanas com integrantes do Superior Tribunal de
Justiça e também do Supremo Tribunal Federal.
Detalhe: entregou nome de ministros. Quem teve acesso às
negociações diz que não vai sobrar pedra sobre pedra quando a delação for
fechada. Nem a delação da Odebrecht, considerada a mais importante de todas até
aqui, deverá superar a desse nobre causídico.
Na sexta-feira, o site “O Antagonista” já tinha jogado lenha
nessa boataria que agita Brasília, ao publicar, às 9 horas da manhã, a seguinte
nota:
O presidente do STJ, Francisco Falcão, é alvo de um pedido
de inquérito da PGR (Procuradoria-Geral da República). Segundo Delcídio Amaral,
ele participou - juntamente com Dilma Rousseff e José Eduardo Cardozo - da
manobra para nomear Navarro Dantas ao tribunal e soltar Marcelo Odebrecht. O
Antagonista soube agora que Francisco Falcão foi citado pelos delatores da
Odebrecht. O STJ tem de ser passado a limpo. E Dilma Rousseff tem de ser presa.
No sábado, depois da nota de Moreno, o “Jornal do Brasil
Online” publicou às 11h19m um editorial sobre a boataria, cobrando:
“Pela importância institucional dessas duas Cortes para o
país, elas devem imediatamente ingressar com ações e informar a opinião pública
desses fatos que abalam a estrutura da segurança nacional, se a delação de fato
for verdadeira. Deixar que a opinião pública fique intranquila com seus
ministros que dão a tranquilidade institucional ao país é muito perigoso.
Espera-se que os presidentes dessas duas Casas esclareçam a população a
respeito dessas denúncias em curso, caso elas sejam confirmadas e comprovadas.”
Na verdade, essa boataria já está circulando há dois meses,
antes mesmo do afastamento da presidente Dilma Rousseff, que ocorreu a 12 de
maio.
Como dizia o colunista Ibrahim Sued, em sociedade tudo se
sabe. Mas até agora o que realmente se sabe é que os insistentes boatos que
circulam nos bastidores do poder indicam que o advogado que Moreno menciona em
sua coluna é um dos mais importantes criminalistas do país, Antonio Carlos de
Almeida Castro, o Kakay, que participa da Lava Jato desde o início, como
representante do doleiro Alberto Youssef, que soltou o fio da meada de toda a
trama da corrupção na Petrobras. E Kakay deixou de ser advogado de Youssef
justamente quando o doleiro resolveu fazer delação premiada.
Sabe-se também que, em outubro de 2014, o criminalista se
reuniu em Paris com Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, operador
do PMDB na corrupção da Petrobras. Esse encontro aconteceu logo depois da
notícia sobre a delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, que fortaleceu as investigações da Lava Jato.
Esses boatos que agitam os bastidores de Brasília e ainda
não têm confirmação, são precedidos de uma piada sem graça - “Kakay cai ou não
cai” - que circula na cúpula do poder em Brasília há pelo menos dois meses. Em
breve, saberemos a verdade dos fatos. Por enquanto, a situação é exatamente
esta. O que podemos informar é que a boataria realmente se refere a Kakay.
Vamos aguardar.
Após ler a matéria da Tribuna, Kakay enviou mensagem a Carlos Newton, cheio de “não-me-toques porque tenho reputação”, como se defender ladravazes desse reputação a alguém.
Confira:
Caro Newton, posso afirmar que sua afirmação é, partindo de
um jornalista conhecido e respeitado, é de rara deslealdade e que você poderia
ter me ligado para não publicar tal absurdo. É evidente que nada tenho com esta
boataria e sou dos que torcem, há anos, para que seja feita uma investigação
séria e profunda no Judiciário, onde há advogados que só fazem lobby, ‘vendem’
juízes e ministros.
Você não me conhece, mas tenho um trabalho sério e
respeitado há 35 anos nos Tribunais Superiores. Estou saindo de férias hoje,
por 10 dias, espero que você conste com o mesmo destaque minha profunda
indignação com esta noticia falsa, maldosa e altamente injuriante e
difamatória.
Atenciosamente, Kakay.
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