quarta-feira, 20 de abril de 2016

Por que tanto espanto com os impropérios parlamentares?

O pessoal que não costuma ser assíduo em política continua espantadíssimo com a quantidade de abobrinhas proferidas pelas “Vossas Excelências” quando da votação do impeachment da Dilma. Mas tem um pouco de exagero nisso aí quando o espanto, os comentários e as críticas vêm de jornalistas e articulistas políticos.

Zuenir Ventura, por exemplo, hoje mesmo comenta o fato: “Muitos, como eu, ainda estão curando a ressaca do último domingo, não por causa dos votos, mas pelos discursos que em geral acompanhavam o ‘sim’ e o ‘não’, compondo o retrato falado do Brasil, ou de como seus representantes na Câmara pensam e se expressam verbalmente. (...) Não agrediram apenas a língua, mas também os bons modos, a civilidade e a ética.”

Ora, esse é o nível dos políticos que eu estou habituado a ver desde que eu me entendo por gente, variando muito pouco, para mais ou para menos, durante esse tempo todo. A partir de uns dez anos, então, não há desculpas para o espanto, já que barbaridades são ditas todo santo dia, aos milhares e transmitidas ao vivo das casas plenárias.

Não lembrar da votação do impeachment do Collor, com os deputados de então fazendo exatamente a mesma coisa que fizeram os de hoje, é fingir uma amnésia que não se justifica, já que o estoque de asneiras e impropérios é renovado praticamente todos os dias.

Com tanto assunto para comentar será que é necessário que os colunistas continuem insistindo nesse remerreme?


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