Folha
Uma investigação internacional sobre um escritório do Panamá
conhecido por abrir empresas para esconder dinheiro ilícito aponta que a
Odebrecht criou três firmas que operam contas secretas que são desconhecidas
pelos investigadores da Operação Lava Jato, segundo reportagem do UOL deste
domingo (4). As empresas offshores controladas pela Odebrecht são as seguintes,
de acordo com a reportagem: Davos Holdings Group SA, Crystal Research Services
Pesquisa e Salmet Trad Corp.
A Odebrechet negocia um acordo de delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República e não quis comentar o caso.
O escritório panamenho que criou as empresas é o Mossack
Fonseca, que tem uma filial em São Paulo e também é investigado pela Lava Jato.
MILHÕES DE DOCUMENTOS
A apuração internacional começou quando o jornal alemão “Süddeustche
Zeitung” obteve 11,5 milhões de documentos sobre o escritório do Panamá e
compartilhou os papéis com 376 jornalistas de 109 veículos em 76 países, todos
ligados ao ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), uma
entidade sem fins lucrativos com sede em Washington, nos Estados Unidos.
No Brasil, a investigação foi conduzida pelo UOL, que faz
parte do grupo Folha, pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela Rede TV!. A
série de reportagens foi batizada internacionalmente de “Panama Papers”.
107 EMPRESAS
A apuração revela que o escritório panamenho criou empresas
para 57 investigados no esquema de corrupção da Petrobras, de acordo com o UOL.
Para esses investigados foram criadas 107 empresas offshores, ainda segundo o
UOL.
Essas firmas podem ser legais ou ilegais, mas têm em comum o
fato de operarem em paraísos fiscais para pagar menos impostos e dificultar que
as autoridades descubram quem são seus verdadeiros donos.
Os papéis do Mossack Fonseca mostram que um operador de
propinas do PMDB chamado João Henriques é sócio em uma offshore do
ex-controlador do banco BVA, José Augusto Ferreira dos Santos.
LOBÃO ENVOLVIDO
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró havia citado em sua
delação premiada a relação do BVA com o senador Edison Lobão (PMDB-MA). Segundo
Cerveró, Lobão lhe deu ordens para não “atrapalhar” um investimento do fundo de
pensão Petros, de funcionário da Petrobras, no BVA.
Esse banco quebrou em 2012, deixando um rombo de R$ 4,5
bilhões. Setenta fundos de pensão perderam recursos no BVA. O maior prejudicado
foi o Petros, conforme a Folha revelou em janeiro de 2014.
CUNHA NA JOGADA
A documentação confirma que o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), controla uma empresa offshore, a Penbur
Holdings, que foi usada para receber suborno no exterior, de acordo com outro
delator, o empresário Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia.
O empresário disse em acordo de delação que pagou US$ 3,9 milhões
a Cunha entre 2011 e 2014 para obter recursos da Caixa para investir no Porto
Maravilha, um dos principais projetos do prefeito daquela cidade, Eduardo Paes
(PMDB-RJ).
Documentos entregues pelo empresário à Procuradoria Geral da
República mostram que a Penbur recebeu US$ 702,3 mil do total do suposto
suborno pago ao presidente da Câmara.
Os papéis mostram que um empresário português que é suspeito
de ter pago propina para Cunha, Idalécio de Oliveira, abriu empresas offshore
pouco antes de vender campos de petróleo em Benin para a Petrobras, em 2011. O
negócio resultou em prejuízo para a estatal brasileira. Investigadores da Lava
Jato suspeitam que Cunha tenha recebido propina na Suíça por conta dessa
transação, o que o presidente da Câmara refuta.
QUEIROZ GALVÃO
Uma das empresas investigadas na Lava Jato, a Queiroz
Galvão, usou o escritório do Panamá para abrir duas offshores em junho de 2014,
três meses depois de a Polícia Federal e do Ministério Público Federal
desencadearam a operação.
A empresa foi aberta por Carlos Queiroz Galvão, sócio da
empreiteira. A troca de correspondência com a Mossack Fonseca sugere que ele
tinha pressa em criar as offshores.
Um outro documento da Queiroz Galvão aponta que a
empreiteira pagava 3% de comissão de tudo o que receber do governo da Venezuela
em um projeto de irrigação naquele país.
BANCO SCHAHIN
O escritório do Panamá criou também uma empresa para Carlos
Eduardo Schahin, sobrinho de Milton Schahin, que era controlador do banco que
leva o seu sobrenome até ser vendido ao BMG em 2011.
A offshore, chamada Lardner Inverstiments Ltd. e aberta em
1996, tinha como sócios outros três executivos do banco: Eugênio Bergamo,
Robert Van Dijk e Teruo Hyai.
Investigado pela Lava Jato, Milton Schahin fez um acordo de
delação com os investigadores e revelou que o banco fez um empréstimo de R$ 12
milhões ao empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, que
nunca foi pago.
Preso pela Lava Jato, Bumlai confessou que os recursos foram
repassados ao PT e que o partido nunca quitou o empréstimo, mas recompensou a
família com um contrato de R$ 1,6 bilhão da Petrobras, para operação de sondas
de petróleo.
MENDES JÚNIOR
A empreiteira Mendes Júnior também adquiriu uma offshore da
Mossack Fonseca, em 1997, chamada Lanite Development. Aparecem como sócios da
offshore Jésus Murilo Vale Mendes, Ângelo Marcus de Lima Cota e Jefferson
Eustáquio, que são, respectivamente, presidente, diretor financeiro e
superintendente da Mendes Júnior.
(argento) ... proféticas palavras: se gritar, Pega ladrão!, não fica um ... (Lava Jato)
ResponderExcluir(argento) ... poiZé, trabalhei na RFFSA e vi, com esses ói qui só a terra há di cumê, o Mesmo Esquema leva-la à falência - "quem vai colocar o guizo no gato?"
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