IstoÉ
O processo de abolição da escravatura no Brasil foi gradual:
começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do Ventre Livre
de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei Áurea em 1888.
Mas a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois (PSDB), não gosta de
escalas. Ameaça recorrer diretamente à Princesa Isabel se continuar ganhando
“apenas” R$ 33.700 por mês, enquanto a renda média do brasileiro é de R$ 1.226.
É uma “escrava”, como ela mesmo se autoproclamou ao querer incorporar aos seus
vencimentos mais R$ 30.471,10 que recebe como desembargadora aposentada do
Tribunal de Justiça da Bahia. Só que escrava de luxo.
Vida de escravo é difícil, dizia a letra de Dorival Caymmi.
Que o diga Luislinda. Além de ganhar salário que encosta no teto constitucional
do funcionalismo, ou seja, só a nata dos servidores públicos pode desfrutar
desse privilégio, a ministra leva uma vida de mordomias à custa do dinheiro
público. Além dos R$ 33,7 mil por mês, a ministra tem direito a jatinhos da FAB
para viagens profissionais, apartamento funcional em Brasília, carro com
motorista e cartão corporativo. Ela ainda recebe diárias do governo federal,
quando viaja. Só em 2017, foram mais de R$ 40 mil.
Isso tudo já a faz ocupar um confortável lugar no pico da
pirâmide social, mas sua declaração de bens de 2014 é ainda mais eloqüente ao
mostrar que a ministra está mais para Casa Grande do que senzala. Luislinda é
proprietária de uma mansão no condomínio de luxo Porto Busca Vida Resort,
localizado na praia privativa de Busca Vida, em Camaçari, na Bahia. Ela
adquiriu o imóvel por R$ 750 mil. Hoje, o local está supervalorizado. Um
terreno não sai por menos de R$ 1,5 milhão. Casas prontas, que variam de 300m2
a 1.100m2, custam entre R$ 3 milhões e 7,5 milhões. A ministra Luislinda também
possui um apartamento em Salvador, comprado por R$ 330 mil, e outro em
Curitiba, no alto da Glória, região nobre, adquirido por R$ 350 mil.
Praia privada
Como é possível notar, está mais do que evidente a
exploração a que a ministra de Direitos Humanos vem sendo submetida pelo
Estado-feitor. Em junho passado, Luislinda cobrou do governo R$ 10.758,68 por
uma viagem de cinco dias a Israel. A viagem foi paga pela Confederação
Israelita do Brasil (Conib). Ou seja, ela viajou de graça e mesmo assim quis
ressarcimento. Verba extra, dinheiro a mais. Sua assessoria diz que ela
devolveu os valores no dia 28 de junho. Em julho, ela deu outro “aplique” nos
cofres públicos: pediu o ressarcimento de despesas durante final de semana em
Salvador, onde reside, sem ter tido compromissos oficiais. Ela não trabalhou no
final de semana. Na verdade, ela viajou para a capital baiana no dia 27 de
julho, uma quinta-feira, em avião da FAB, para representar o presidente da
República na posse de um juiz do TRE da Bahia. Na sexta, a ministra visitou uma
escola pública. Ficou em casa descansando no sábado e domingo, mas mesmo assim
cobrou as diárias por todos os dias, no valor de R$ 1.985,19.
Ao pedir o aumento salarial, ela explicou que a alta soma se
destina a cobrir despesas “necessárias” ao exercício do cargo, como roupas,
sapatos, perfumes e maquiagens. “Como é que eu vou comer, beber e calçar?”,
disse Luislinda. “É cabelo, é maquiagem, é perfume, é roupa, é sapato, é
alimentação”, completou a ministra, que deve fazer Isabel se remexer no túmulo.
Com a repercussão negativa do caso, ela voltou atrás, abrindo mão do pedido por
mais benefícios, mas ao pedir um salário acima do teto do funcionalismo,
Luislinda se desconectou da realidade. Definitivamente, o contribuinte
brasileiro não merece ser escravizado pelos privilégios de uma ministra dos
Direitos Humanos. Ela parece só olhar para os direitos dela.
Parece?
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