sexta-feira, 22 de abril de 2016

A ciclovoa do Rio

A Gruta da Imprensa está no mesmo lugar onde caiu a ciclovia há mais de cem anos. Intacta.

Respondendo ao comentário do Milton. 

Não precisa ser especialista para saber a causa da queda da ciclovia. O projeto da ciclovia era fácil e óbvio, com algumas dificuldades apenas na execução por se tratar de terreno acidentado, mas com firmeza garantida pela fixação dos pilares em rochas.

Acontece que eu aprendi na escolinha da dona Teteca que um projeto não é apenas um monumento de concreto e ferro rabiscado em um papel que se põe no computador que se encarrega de fazer as contas. Em um projeto, a primeira coisa que se deve ter em mente é a sua finalidade: se for uma ponte, o que vai passar por cima, quem vai usar e como vai usar. Uma casa, a mesma coisa. O projetista tem que dar uma de psicólogo e extrair todas as informações possíveis sobre os hábitos do usuário.

Feito isto, parte-se para as condições do local onde vai ser feita a obra, que não se limitam apenas ao terreno e englobam, insolação, temperatura, orientação, incidência de chuvas e ventos, etc.. São os ditos agentes externos, todos eles.

Aí sim, se parte para a elaboração do projeto que deve, forçosamente, atender o máximo possível do que você conseguiu extrair do cliente dentro de parâmetros que não comprometam a obra, não só em segurança, como em utilização e habitabilidade.

Não é de hoje que eu noto que a maioria dos projetistas simplesmente cagam e andam para esses dois itens e partem para dois tipos de projetos: um é do tipo “monumento à sua genialidade”, que valoriza a estética em detrimento da funcionalidade - tipo Niemeyer - e o outro é o “monumento à economia porca” que restringe os materiais ao mínimo visando o lucro máximo ou por pura economia mesmo, comprometendo a segurança.

Há ainda um terceiro tipo de projeto que não deveria haver: é aquele que é feito por um projetista incompetente crônico, e esse, me parece, foi o caso da ciclovia, porque até onde eu sei os materiais usados estão dentro das especificações e o projeto é funcional. Só que, esquecer a atuação severa do principal agente externo - o mar atuando de baixo para cima - utilizando o sistema de apenas um apoio da pista sobre o pilar, é simplesmente imperdoável. Não foi economia, foi barbeiragem da grossa!

Em um projeto como esse normalmente se leva em conta o comportamento do mar durante os últimos 40 anos, principalmente em mar aberto, como é o caso. Se durante esse tempo todo houver uma única situação que possa por em risco a ciclovia, o projeto tem que se adequar a essa condição extrema. Ora, ressacas da magnitude de ontem aqui no Rio eu já vi milhares, e piores, centenas. As pistas da Avenida Niemeyer, em certos pontos, são frequentemente atingidas pelas ondas e ficam alagadas. Portanto, infelizmente, foi incompetência mesmo.

Mas não é só isso. O principal motivo do acidente foi a fiscalização - ou a falta dela. Chega a ser patético e trágico que duas equipes de supostos profissionais - a que projetou e a que fiscalizou - tenham deixado passar uma falha de projeto tão grave e evidente. Exatamente por isso, os projetistas têm que ter suas licenças imediata e sumariamente cassadas e todos os (ir)responsáveis da prefeitura pela fiscalização têm que ser presos, pois a responsabilidade final sobre a segurança da população recai inteiramente sobre eles.

7 comentários:

  1. (argento) ... sem contar que, por 45 "mijones", além da segurança, o "legado da "Olim Piada" merecia algo menos Desarmônico ...

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  2. Quando divulgaram o vídeo da água batendo na ciclovia, analisei melhora as fotos da estrutura e fiquei espantado, era apenas apoiado, sem um só parafuso. Foi construido para cair.

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  3. SE FOSSE EM OUTRA ÁREA NÃO SUJEITA A ONDAS FUNCIONARIA COM SEGURANÇA-ESQUECERAM DE CALCULAR AS ONDAS POIS É NA VERDADE UM PROJETO DE ENGENHARIA COSTEIRA

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  4. Excelente análise. Eu estudo engenharia civil e me interessei bastante pelo ocorrido na ciclovia. Chamou minha atenção que um projeto tão caro tenha durado tão pouco tempo, fora as trágicas mortes que ocorreram.

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  5. (argento) ... o quê houve com a "engenharia"? - o Viaduto Rei Alberto tá lá, incólume, desde inaugurado, enquanto cai a ciclovia do RioMaravilha da olim piada, desaba em Sampa um espaço comercial de venda de apartamentos, caiu a construção de Sergio Naya (empresário, engenheiro, ex dePuta do MG), ...

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    1. (argento) ... de um ferroviário, para deleite geral ...

      http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=605941

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