O Tempo
O empresário Marcos Valério, operador dos mensalões petista
e tucano, foi ouvido nesta quarta-feira (28) por cerca de quatro horas por dois
procuradores federais enviados pelo procurador geral da República, Rodrigo
Janot, e pelos promotores do Ministério Público de Minas Gerais que analisam um
pedido de delação premiada no caso do mensalão do PSDB. Na conversa, que foi
informal, segundo a defesa, Valério afirmou que irá delatar autoridades do
Legislativo, Executivo e, pela primeira vez, apontou que tem informações que
comprometem figuras do Judiciário no caso do mensalão e da operação Lava Jato.
INFORMAÇÕES NOVAS – Segundo o advogado de Marcos Valério,
Jean Robert Kobayashi Júnior, que acompanhou o depoimento, ele prestou
informações que ainda não constam dos autos. “Não só o que ele diz, mas o que
vai dizer, vai trazer mais gente para o processo e, com certeza, mais prisões
vão acontecer”, disse o defensor em relação a Lava Jato.
Ainda de acordo com Kobayashi, a conversa foi “muito
produtiva” e os procuradores federais “ficaram muito satisfeitos”. Os dois
procuradores de Brasília não quiseram conversar com a imprensa.
ALÇA DE MIRA – Valério irá delatar cerca de 20 nomes, entre
políticos mineiros e de outros Estados, segundo o advogado. Questionado se os
nomes estariam no Legislativo ou no Executivo, confirmou que em ambos e disse
que “até no Judiciário”, sem citar os órgãos onde as autoridades estariam.
“Entendo Judiciário como um todo, mais de um (nome), mais de uma instituição”,
afirmou na saída do Ministério Público de Minas.
Os dois procuradores federais enviados por Janot a Belo
Horizonte pediram que a defesa produza
um relatório com as informações que Valério tem e que apresente documentos que
comprovem as acusações. “O próximo passo é entregar o relatório que estamos
fazendo das pessoas que estão envolvidas imputando a elas cada conduta típica
que tiverem no caso”, disse Jean Robert Kobayashi. Ele pretende entregar esse
material pessoalmente a Rodrigo Janot.
DELAÇÃO DUPLA – Ainda segundo o advogado, Valério tenta uma
delação neste momento tanto no caso do mensalão mineiro – que investiga desvio
de verbas públicas para a campanha de reeleição do então governador Eduardo
Azeredo (PSDB), quanto na Lava Jato. No
primeiro caso, o acordo é negociado desde junho, no segundo, segundo Jean
Robert Kobayashi, as atuais tratativas começaram no último dia 12, quando
Valério foi a Curitiba prestar depoimento ao juiz Sergio Moro na Lava Jato.
Em Curitiba, Valério voltou a dizer que recebeu do
ex-tesoureiro do PT Sílvio Pereira um pedido para fazer um empréstimo de R$ 6
milhões que seriam usados para pagar o empresário Ronan Maria Pinto. Valério
diz que desistiu da operação – que seria usada para pagar uma chantagem que o
empresário fazia com o ex-presidente Lula e com os ex-ministros José Dirceu e
Gilberto Carvalho – quando soube do conteúdo da extorsão.
CASO CELSO DANIEL – Para os investigadores da Lava Jato,
Ronan Maria Pinto saberia de informações do assassinato do então prefeito Celso
Daniel e chantageava o trio. O prefeito petista teria sido morto porque teria
decidido acabar com um esquema de corrupção em seu governo que, supostamente,
beneficiava o PT. O valor dos R$ 6 milhões, posteriormente, foi obtido com José
Carlos Bumlai, junto ao Banco Schahim. O dinheiro teria sido usado por Ronan
Maria Pinto para comprar o “Diário do ABC”.
Segundo a Lava Jato, os R$ 6 milhões obtidos por Bumlai para o PT no
Banco Schahim foram um empréstimo fraudulento, que seria pago com propina de
contratos com a Petrobras.
Em contrapartida, Marcos Valério pede a transferência da
Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para uma Associação de Proteção e
Assistência ao Condenado (Apac), além da
redução de pena em processos que responde e em outros que já foi condenado. Ele
também deseja que futuras condenações não atrapalhem no processo de progressão
do seu regime de pena. Desde 2013, ele cumpre 37 anos no caso do mensalão do
PT.
Nota de Carlos
Newton, da Tribuna da Internet: Valério é um homem-bomba de efeito
retardado. Se tivesse feito delação premiada no processo do mensalão, estaria
solto, Lula teria sofrido impeachment, Dilma jamais teria existido na política
e o país estaria em muito melhor situação. Ou seja, Valério é o culpado de
tudo. Um otário que pensava que era esperto.
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