Minha prova Ironman Floripa 2016 - Diego Almeida
Quem me conhece sabe que não sou de postar muitos textos,
mas como muitos dos meus treinos compartilhei aqui, nada mais justo do que
relatar como foi a prova (o texto está longo, mas acho q vale a pena ler até o
fim).
NATAÇÃO: tenso como previsto antes da largada, até porque
sabia que era modalidade que menos havia treinado (2 acidentes ferraram meus
ombros por algumas semanas), tentei controlar a ansiedade e chegar inteiro pra
bike e corrida. Já vi gente abandonar prova por tomar pernada na cara e não
queria q isso acontecesse comigo. Apesar do nevoeiro e a correnteza, fiz uma
natação conservadora (até demais) ficando 8 min acima do planejado ( falha na
navegação me fez nadar 200 m a mais), mas sabia que na bike e corrida dava pra
recuperar. Parti pra T1 e era hora de socar a bota.
BIKE: chovia bem no início do pedal e lembrando dos
conselhos do coach, não me empolguei nas descidas e vinha fazendo um pedal
melhor que o planejado, o que perdi na natação iria recuperar na bike. Fechando
a primeira volta estava bem, inteiro e consciente de manter o ritmo, sem forçar
demais pra não quebrar na maratona. Fechando os 90k, saindo da rodovia e
entrando na cidade, ouvia a galera gritando, dando força, e justamente isso, me
fez desligar da prova por alguns instantes, instantes esses que justamente no
retorno pra 2a volta me levaram a uma queda feia no chão escorregadio fazendo
com que batesse forte a lateral do corpo e a cabeça. Fiquei tonto por alguns
minutos, sem saber direito onde estava, mas 2 anjos médicos que estavam
assistindo fizeram uma avaliação rápida e como aparentemente nada de mais grave
parceria ter acontecido subi na bike aos gritos da galera e fui abrir a 2a
volta. Aos poucos a dor ficava insuportável e cheguei a pensar que realmente
tudo estava acabado, quando então avistei uma ambulância em um posto médico e
resolvi parar. Fui analisado e aparentemente disseram que não quebrei nada, me
deram analgésico na veia e ouvi a seguinte frase “agora é com vc, mas use o bom
senso”. Foram longos minutos sozinho dentro da ambulância pensando. Meu bem
senso não permitia parar agora, justo agora. Tanto tempo longe dos amigos e da
família nos treinos pra terminar assim ? Subi na bike e fui fechar os 80k
restantes tentando me convencer que a dor ia passar, e a partir daquele momento
iria fazer um pedal pra chegar, sem mais me preocupar com médias e tal. Levei a
bike até o final dos 180k com mais de 6:30 horas de pedal e quase oito de
prova.
RUN: chegando a T2 saltei da bike e entreguei pro staff, a
dúvida era se aguentaria a dor no quadril que sentia (não olhei/toquei durante
pedal na ferida pra não me abalar) mas indo em direção a sacola com os
materiais da corrida não teve jeito, meu quadril esquerdo estava inchado e
sangrando, do tamanho de uma laranja, foi aí que o desespero bateu, estava bem
fisicamente apenas isso me minava (ombro doía pouco, mas não era visual). Sentado
na cadeira da T2 bateu o pânico, mas novamente tudo que passei até chegar nesse
dia veio a minha mente, e então resolvi procurar o médico pra uma nova
avaliação. Ele disse que era físico, um grande hematoma nada que umas semanas
de repouso não recuperassem depois. Pedi pra então aplicar algum analgésico e
com isso ele me liberou. O primeiro km da corrida foi insuportável, doía
demais, ao ver minha esposa Mariana Froes e meu filho ao final do km 1 desabei,
pensei novamente em parar, queria só um abraço deles, um banho e uma cama
quente. Mas quantas manhãs juntos com eles, abraços e aconchegos perdi nesses 6
meses de preparação? Não, não podia parar, ao menos tentar fechar os “apenas
42k” que faltavam, eu devia isso a eles. Dei um beijo neles e parti, no caminho
a galera gritava, pessoal do “Cordella Team Baixada” me empurrou como nunca até
que próximo ao km 2 vi Júnior Cordella com a bike a minha espera. Ele veio do
meu lado quase todos os 21 primeiros km, e quando o pace encaixou tinha certeza
que iria até o fim. Km por km fui trabalhando a minha mente e a cada km o sonho
ficava mais próximo. Na reta final lá estavam Victor Greyy e Júnior Cordella a
minha espera e os últimos kms não sentia mais nada, apenas a certeza de que
tudo valeu MUITO a pena.
Pronto, 12:47 depois ouvi a frase “Diego you are an ironman”!!!
FELIZ DEMAIS !!!, O tempo ? Fica pro próximo IM. Próximo, será? Rsrsrs. Ah, hj
descobri que além da medalha, ganhei uma clavícula quebrada. Aos amigos,
familia e toda equipe Cordella Team dedico essa medalha. Agora deixa aproveitar
minhas férias...
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