terça-feira, 31 de maio de 2016

Meu genro é um ironman!

Minha prova Ironman Floripa 2016 - Diego Almeida

Quem me conhece sabe que não sou de postar muitos textos, mas como muitos dos meus treinos compartilhei aqui, nada mais justo do que relatar como foi a prova (o texto está longo, mas acho q vale a pena ler até o fim).

NATAÇÃO: tenso como previsto antes da largada, até porque sabia que era modalidade que menos havia treinado (2 acidentes ferraram meus ombros por algumas semanas), tentei controlar a ansiedade e chegar inteiro pra bike e corrida. Já vi gente abandonar prova por tomar pernada na cara e não queria q isso acontecesse comigo. Apesar do nevoeiro e a correnteza, fiz uma natação conservadora (até demais) ficando 8 min acima do planejado ( falha na navegação me fez nadar 200 m a mais), mas sabia que na bike e corrida dava pra recuperar. Parti pra T1 e era hora de socar a bota.

BIKE: chovia bem no início do pedal e lembrando dos conselhos do coach, não me empolguei nas descidas e vinha fazendo um pedal melhor que o planejado, o que perdi na natação iria recuperar na bike. Fechando a primeira volta estava bem, inteiro e consciente de manter o ritmo, sem forçar demais pra não quebrar na maratona. Fechando os 90k, saindo da rodovia e entrando na cidade, ouvia a galera gritando, dando força, e justamente isso, me fez desligar da prova por alguns instantes, instantes esses que justamente no retorno pra 2a volta me levaram a uma queda feia no chão escorregadio fazendo com que batesse forte a lateral do corpo e a cabeça. Fiquei tonto por alguns minutos, sem saber direito onde estava, mas 2 anjos médicos que estavam assistindo fizeram uma avaliação rápida e como aparentemente nada de mais grave parceria ter acontecido subi na bike aos gritos da galera e fui abrir a 2a volta. Aos poucos a dor ficava insuportável e cheguei a pensar que realmente tudo estava acabado, quando então avistei uma ambulância em um posto médico e resolvi parar. Fui analisado e aparentemente disseram que não quebrei nada, me deram analgésico na veia e ouvi a seguinte frase “agora é com vc, mas use o bom senso”. Foram longos minutos sozinho dentro da ambulância pensando. Meu bem senso não permitia parar agora, justo agora. Tanto tempo longe dos amigos e da família nos treinos pra terminar assim ? Subi na bike e fui fechar os 80k restantes tentando me convencer que a dor ia passar, e a partir daquele momento iria fazer um pedal pra chegar, sem mais me preocupar com médias e tal. Levei a bike até o final dos 180k com mais de 6:30 horas de pedal e quase oito de prova.

RUN: chegando a T2 saltei da bike e entreguei pro staff, a dúvida era se aguentaria a dor no quadril que sentia (não olhei/toquei durante pedal na ferida pra não me abalar) mas indo em direção a sacola com os materiais da corrida não teve jeito, meu quadril esquerdo estava inchado e sangrando, do tamanho de uma laranja, foi aí que o desespero bateu, estava bem fisicamente apenas isso me minava (ombro doía pouco, mas não era visual). Sentado na cadeira da T2 bateu o pânico, mas novamente tudo que passei até chegar nesse dia veio a minha mente, e então resolvi procurar o médico pra uma nova avaliação. Ele disse que era físico, um grande hematoma nada que umas semanas de repouso não recuperassem depois. Pedi pra então aplicar algum analgésico e com isso ele me liberou. O primeiro km da corrida foi insuportável, doía demais, ao ver minha esposa Mariana Froes e meu filho ao final do km 1 desabei, pensei novamente em parar, queria só um abraço deles, um banho e uma cama quente. Mas quantas manhãs juntos com eles, abraços e aconchegos perdi nesses 6 meses de preparação? Não, não podia parar, ao menos tentar fechar os “apenas 42k” que faltavam, eu devia isso a eles. Dei um beijo neles e parti, no caminho a galera gritava, pessoal do “Cordella Team Baixada” me empurrou como nunca até que próximo ao km 2 vi Júnior Cordella com a bike a minha espera. Ele veio do meu lado quase todos os 21 primeiros km, e quando o pace encaixou tinha certeza que iria até o fim. Km por km fui trabalhando a minha mente e a cada km o sonho ficava mais próximo. Na reta final lá estavam Victor Greyy e Júnior Cordella a minha espera e os últimos kms não sentia mais nada, apenas a certeza de que tudo valeu MUITO a pena.

Pronto, 12:47 depois ouvi a frase “Diego you are an ironman”!!! FELIZ DEMAIS !!!, O tempo ? Fica pro próximo IM. Próximo, será? Rsrsrs. Ah, hj descobri que além da medalha, ganhei uma clavícula quebrada. Aos amigos, familia e toda equipe Cordella Team dedico essa medalha. Agora deixa aproveitar minhas férias...


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