“Toda comparação entre as filosofias e o cristianismo – um
vício incurável dos historiadores da filosofia – é um despropósito completo,
pois uma filosofia não passa de uma doutrina, de pensamentos que um homem
pensou, e o cristianismo é a presença agente do próprio Deus no mundo. Diferem
entre si como a idéia de uma coisa difere da coisa. Você pode pensar em gatos
pelo resto da sua vida e isso não fará brotar dos seus pensamentos um gato de
carne e osso. Um filósofo pode criar os mais belos argumentos para validar a
sua filosofia, mas não pode produzir um milagre para comprová-la, multiplicando
pães ou fazendo cessar uma tempestade. Aristóteles dizia que a verdade só
existe no juízo, isto é, num pensamento, mas, quando Jesus Cristo diz que Ele
próprio é a Verdade, essa verdade não está presente no pensamento e sim na
realidade do mundo. Quando o cristianismo se confronta com as filosofias, ele
lhes faz, por assim dizer, concorrência desleal, tal a desproporção de
substância ontológica entre o ser e o pensar.
Mutatis mutandis, se um filósofo quiser impugnar o
cristianismo ele só poderá fazê-lo em pensamento. Suprimir os milagres cristãos
por um ato de pensamento seria o mais espantoso dos milagres.”
Este é Olavo de Carvalho em mais uma das suas pérolas,
daquelas que desmoralizam qualquer pretenso filósofo. Dizer que uma crença - qualquer
que seja ela - é uma “verdade” que se sobrepõe a qualquer pensamento lógico ou mesmo a uma determinada filosofia não
passa de uma rematada asneira, sobretudo quando cita “milagres” que nunca foram
comprovados a não ser pelos próprios interessados em divulgá-los como tais.
A julgar por suas conclusões, seu próximo passo deve ser a
reabilitação das imagens do Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa, tão
desacreditados ultimamente.
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